segunda-feira, 22 de abril de 2013

Uma questão de exigência



Eis a minha crónica na revista do CM de ontem:

Como já aqui contei, a Carolina entrou este ano para o Instituto Gregoriano, uma escola pública dedicada ao ensino da música, com admissão bastante apertada e que cultiva uma exigência e profissionalismo a que não estamos habituados. O resultado é um grupo de alunos disciplinados e que anda sempre na linha. Quando há um par de meses cometi o terrível erro de chegar atrasado a um ensaio de coro, levei um raspanete da maestrina como se fosse um puto de 10 anos: “Você devia ter chegado há 30 minutos e eu só não mando a sua filha embora porque ela não tem culpa nenhuma. Mas isto não volta a acontecer!”

Eu ainda tentei balbuciar qualquer coisa, procurando desculpar-me com o número de filhos (costuma ser um argumento imbatível), mas logo por sorte ou por azar a senhora tinha tantos filhos quanto eu (lá se foi o argumento imbatível). E olhem que os miúdos ainda estavam à porta da sala de concertos, todos alinhadinhos como na tropa. O ensaio propriamente dito nem sequer tinha começado. Acho que para aí desde os meus saudosos tempos da primária que não levava nas orelhas daquela maneira. Mas a verdade é que resultou: um raio me fulmine se algum dia volto a chegar atrasado. Embora a sede do Instituto fique em Entrecampos, em termos de rigor educativo poderia ficar em Munique, Salzburgo ou Moscovo. O resultado disso vê-se imediatamente na velocidade de progressão dos miúdos. Entre aulas de piano, coro e formação musical, a Carolina tem cerca de três horas de Instituto por semana. Três pequeníssimas horas. Está certo que depois tem a obrigação de estudar em casa, mas não deixa de ser impressionante como tão pouco tempo consegue produzir resultados tão eficazes. E tudo isto por causa de uma única palavra: exigência.

O resto do texto pode ser lido aqui. A ilustração é do José Carlos Fernandes.

4 comentários:

  1. No conservatório público (pelo menos no de Coimbra que é o que conheço) o rigor é o mesmo.

    Os meus filhos começaram todos por ter aulas de iniciação musical (privadas) com o Maestro Virgilio Caseiro (o melhor professor que eu conheço) que dá direito a 2 minutos de atraso. Se os miudos se queixam "foi o meu pai que..." ele responde "não é o teu pai que tem aula, é tu...", só para acabar, os míudos adoram-no.

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  2. Um exemplo de boa educação. Que a carolina aprenda o rigor mas não os modos. ..

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  3. È pai, os horários são para cumprir também não suporto atrasos... "levar nas orelhas" nunca fez mal a ninguém...

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  4. Sim, tenho os meus filhos no IGL, e estou totalmente de acordo. A exigência é um ingrediente básico para se obter resultados eficazes e competentes, na música, e em qualquer outra área.

    E já agora, aproveitando a deixa, aqui fica o "núcleo" de maior exigência e competência artística a que já assisti: o CORO INFANTIL DA UNIVERSIDADE DE LISBOA (CIUL). É infantil/juvenil, mas só na idade, pois a competência está ao nível (em muitos casos, até bastante acima) da prestação musical de um adulto. O que é a prova que a exigência não tem idade. O CIUL não é simplesmente um coro que canta de forma estática e alinhada, pois combina o canto com a coreografia. Para quem ainda não teve o prazer de os ver e ouvir, garanto-vos que é uma pérola a descobrir! Carla

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