sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sessão de autógrafos na Feira do Livro

Para as três pessoas que estiverem interessadas, eu amanhã vou estar na Feira do Livro a dar autógrafos e a ler uma história. Os autógrafos estão marcados para as 16.30, junto ao pavilhão da Esfera dos Livros. Terei a companhia do João Fazenda, ilustrador de O Pai Mais Horrível do Mundo, e que faz uns belos desenhos autografados. A leitura de um dos meus livros será às 18 horas, na Praça Azul. Apareçam.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ser pai às vezes é muito esquisito

Acabei de ter uma conversa ao jantar com a minha filha de nove anos sobre para que lado se deve inclinar a cabeça quando se dá um beijo na boca. Não sei se deva começar a ficar preocupado.


Agora põe isso na boca de um adulto

Uma amiga enviou-me este vídeo divertidíssimo via Facebook:


A ideia é muito simples e muito, muito divertida: um pai pegou nas palavras do seu filho e decidiu transpô-las para um contexto adulto. "Subitamente" - palavras do autor da ideia, Matthew Clarke - "a malevolência e a intimidação tornam-se muito claras". Ah, ah, ah, adoro. Este é o primeiro episódio, e vou ficar ansiosamente à espera de mais.

Time Out Miúdos 2013

Permitam-me um bocadinho de publicidade em causa própria, mas nós trabalhámos muito para que a Time Out Miúdos de 2013 ficasse bem catita e estou muito contente com o resultado final. A revista chegou hoje às bancas da Grande Lisboa e custa 3 euros. Para quem de vez em quando tem dúvidas sobre o que fazer com os miúdos ao fim-de-semana, o que por aqui não falta são boas sugestões. Nós próprios costumamos enfiar um exemplar no carro, que só mudamos de ano a ano, quando sai uma nova edição.


O voluntariado cura

Tratar alguém é muito mais do que administrar um medicamento ou efectuar um procedimento cirúrgico. Quantas pessoas já foram verdadeiramente tratadas por uma gargalhada libertadora ou por uma conversa com um bom ouvinte, mais preocupado em escutar do que em aconselhar? Saber ouvir um doente é importante tanto para uma correcta colheita da história clínica (e tantas vezes aquilo que os sinais clínicos parecem descrever está longe de ser o diagnóstico correcto) como para entender quais são as suas verdadeiras dores - dores essas que não são necessariamente orgânicas, mas que se não forem identificadas dificultam o tratamento do problema clínico e provocam angústia e sofrimento desnecessários.

É por isso que é tão importante que os hospitais estejam cheios de voluntários "doutores" e de doutores "voluntários". Os primeiros com generosidade e formação para aliviarem sofrimentos de várias ordens e os segundos com competência e entrega para tratarem doentes e não doenças. Mas nem sempre se percebe a importância disto. Poucas são as instituições hospitalares em Portugal que têm a capacidade de formar voluntários com excelência para que o seu voluntariado dê todos os frutos que poderia dar se fosse rentabilizado.

Ser capaz de voluntariar o seu tempo é um gesto altruísta maravilhoso mas poder fazê-lo da melhor forma, rentabilizando a sua eficácia, devia ser um direito do voluntário. Pena é que por cá não se exerça esse direito, o seu valor não seja identificado pelas instituições e estas vivam da generosidade de associações externas que se esforçam para se adaptarem o melhor possível às necessidades de cada instituição (e graças a Deus com tanto sucesso, em alguns casos).

Ontem cruzei-me com mais um daqueles mails em que se apela à participação através de download para recolher fundos para um determinado propósito. Era a vez de um videoclip, de que já tinha ouvido falar no Natal passado, filmado por um conjunto espanhol - com o curioso nome de Macaco - com doentes, pais, profissionais e voluntários do Hospital Materno-Infantil Sant Joan de Déu, em Barcelona, para alertar para a importância de angariar fundos para a investigação oncológica.

Fiquei curiosa e fui cuscar sobre o hospital, pois recentemente, por causa de um amiguinho corajoso que tem vencido muitas destas batalhas exactamente em Barcelona (mas noutro hospital), tenho-me apercebido da soberba organização do trabalho de voluntariado de alguns hospitais espanhóis. E lá encontrei, altamente valorizado, o voluntariado no hospital e a importância que é dada à intervenção dos palhaços doutores, dos musicoterapeutas ou do programa Diver (que se dedica a suavizar a experiência de hospitalização na criança e sua família através de jogos simbólicos), de que gosto especialmente.

Espero que as almas mais sensíveis não fiquem demasiado impressionadas com as imagens de crianças com doenças oncológicas, porque o objectivo é exactamente o contrário: através da alegria seguir o caminho até à cura, um dia de cada vez.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pai de bancada

José Carlos Fernandes

Eis o meu texto na revista do CM de ontem:

Qualquer pai de família tem como verdade adquirida que no dia em que perde o poder sobre o futebol, perde o poder sobre tudo. Como por esta altura os caros leitores já vão sabendo, o talento que a minha mulher tem para me invadir a vida só é comparável à velocidade com que as divisões Panzer tomaram conta da Europa central por alturas do Blitzkrieg. Claro que as suas intenções são infinitamente melhores do que as do nacional-socialismo, mas a forma como foi dando cabo das minhas precárias linhas Maginot, obrigando-me a assinar sucessivos armistícios, é da mesma ordem de eficácia.

Resta-me o futebol – o último refúgio onde procuro resistir ao invasor e às suas intermináveis exigências domésticas. Ou seja, restam-me aquelas parcas horas semanais em que o Benfica joga à bola, e em que eu peço encarecidamente que me deixem ver o jogo sem ter 44 filhos (durante os 90 minutos cada um deles parece-me 11, mais as substituições) a azucrinar-me o miolo. E a verdade é que durante alguns anos consegui manter o meu quadrado (ou melhor, o meu rectângulo) mais ou menos protegido, e em tempos saudosos a excelentíssima esposa até teve a amabilidade de me oferecer um Red Pass, para eu ver in loco os jogos do Benfica.

Mas o nascimento da Rita veio aumentar a confusão caseira, e o futebol começou a ser alvo de pressão alta. Aos poucos, os 90 minutos semanais de silêncio e introspecção futebolística começaram a ser apenas respeitados em jogos com os três grandes, depois só com o Porto em caso de título nacional, e às tantas até já a final da Liga Europa estava a ser atacada pela minha pequena Rommel. Nesse dia havia umas iniciativas da semana da família nas Docas e ela queria que eu fosse para lá com as criancinhas: “Era só uma hora. Podíamos tirar uma foto da família e os miúdos iam adorar a largada de balões. Podemos jantar lá e ver a primeira parte do jogo...”, dizia ela. “Parece-me perfeito: vocês vão e eu fico em casa a ver a bola”, disse-lhe eu.

O resto do texto pode ser lido aqui.

domingo, 26 de maio de 2013

Diálogos em família #17

- Tomás, queres dar o leitinho à Rita?
- Quero! Quero!... Mas...(silêncio)
- O que é Tomás?
- As minhas maminhas não têm leite.


sábado, 25 de maio de 2013

Há um novo xerife na cidade

Hoje cheguei à sala e a Rita estava assim. Os índios, esses, tinham fugido todos.


Diálogos em família #16

- Come isso, Gui.
- Não quero!
- Tem de ser.
- Não quero!
- Ok, eu ajudo-te e como uma colher.
- Uma colher é muito pouco!
- Tendo em conta que isto já é a sobremesa e estou bem-disposto, fazemos assim: eu como metade.
- Está bem. Mas só se a minha metade for pequenina.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sigam o link

A propósito de tudo o que tem andado a ser dito sobre as dificuldades do mundo, uma leitora deixou na caixa de comentários um link para um belíssimo texto da jornalista e escritora brasileira Eliana Brum. Não é todos os dias que se lêem coisas tão boas (e certamente não por aqui), portanto, aproveitem.

Porque é que o mundo é uma coisa complicada 2

A questão da pobreza e da riqueza e da atitude que assumimos perante a vida pode ser ilustrada com a tão badalada troca de argumentos entre o Martim e a Raquel no programa Prós & Contras de segunda-feira, que podem ver aqui:


A reposta do Martim - "quem ganha o salário mínimo pelo menos não está no desemprego" - fez rejubilar os blogues de direita. Percebe-se porquê. E a ter de escolher um dos campos - estás com o Martim, ou estás com a Raquel? - eu não teria dúvidas em dizer que estou com o Martim.

Mas isso não significa que a preocupação da Raquel não tenha razão de ser. Quando nós olhamos para estas fábricas no Bangladesh de roupa para alimentar a Europa e os Estados Unidos



que depois acabam nisto


é difícil que não exista um estremecimento de consciências. É inadmissível que as pessoas trabalhem nestas condições. Mas eis o que é tragicamente complexo: embora estas condições de trabalho sejam péssimas e inadmissíveis, elas permitiram ainda assim tirar milhões de pessoas da pobreza extrema em todo o mundo. A deslocalização de fábricas americanas ou alemãs para o terceiro mundo, em busca de maiores lucros - a ganância capitalista, como alguns lhe chamam -, possibilitou crescimentos homéricos em países como a China e a Índia. E - pior - é esse mesmo crescimento que hoje em dia está a afundar uma economia como a portuguesa, por exemplo, porque isto anda tudo ligado.

A verdade é que não é possível comprar vestidos tão giros na Zara, na H&M ou na Primark àqueles preços e depois esperar que eles sejam feitos no Vale do Ave pagando 1000 euros por mês a cada trabalhador. Ou seja, há sempre uma linha muito fina a separar o moralismo da hipocrisia. Da economia de mercado se pode dizer o mesmo que Churchill dizia da democracia: é o pior sistema com a excepção de todos os outros. O certo é que, com toda a injustiça que ele promove, a economia de mercado foi responsável, como nenhum outro sistema, pelo melhoramento da vida de biliões de pessoas.

É a chamada mão invisível que Adam Smith teorizou em A Riqueza das Nações: cada pessoa procurando com o máximo empenho os seus interesses individuais acaba por conduzir a uma melhoria geral das condições de vida das sociedades. Nesse sentido, é mais útil à economia o rico que coloca o seu dinheiro a circular à vista de todos (a acusação que me fizeram nos comentários deste blogue - embora, infelizmente, eu esteja muito longe de ser rico) do que o Tio Patinhas com que tenho ilustrado os meus textos, um avaro que adora mergulhar para dentro dos milhões que guarda no seu cofre-forte. Esse, sim, é um mau rico - porque é um rico inútil, que não utiliza o seu dinheiro para melhorar a vida dos outros, criando emprego.


Eu, por exemplo, odeio que me transportem as malas para o quarto de um hotel e nunca deixo as bandejas na mesa num centro comercial. Mas se todas as pessoas tivessem esta minha suposta humildade, o resultado é que alguns empregados de hotel e algumas empregadas de limpeza dos centros comerciais iriam para o olho da rua, porque não seriam necessários.

A grande questão, pois, está em conseguir o equilíbrio entre o empreendedorismo do Martim e a luta pela justiça da Raquel. Ambos são sentimentos altamente louváveis - mas vivem numa evidente tensão na forma como a nossa sociedade está organizada. O nosso eterno desafio, pois, como pessoas que procuram ser justas e contribuir para um mundo melhor, está em viver num estado de lucidez e empatia permanentes, tentando a cada momento destrinçar qual o melhor caminho para as nossas acções.

Isso prende-se, inclusivamente, com outras questões, que também são um desafio para qualquer pai: o que fazer quando alguém pede esmola na rua diante dos nossos filhos?

A minha opinião fica para um próximo post, que este, tal como o anterior, também já vai grande demais. Mas digam-me, por favor: o que é que vocês fazem quando isso acontece?

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Porque é que o mundo é uma coisa complicada 1

Devo dizer-vos que fiquei impressionado com a quantidade de comentários ao meu post burguês, mas suponho que quando raspamos um bocadinho o verniz social tudo se resume às velhas dicotomias medievais, porque elas são essenciais para a nossa limitada cabecinha funcionar: bom/mau, feio/bonito, verdadeiro/falso, e se calhar em tempos de economês suponho que lhe possamos acrescentar o rico/pobre.

Mas se trouxe esse assunto para aqui é porque eu também sou sensível a ele, e hoje em dia não há acusação que faça mais recorrentemente à Carolina do que ela estar a transformar-se numa menina queque, em que acha que tudo lhe cai do céu. Eu e a Teresa somos ambos filhos da típica classe média de funcionários públicos do interior de Portugal, o que significa que nunca nos faltou nada, mas também nunca tivemos nada em excesso, julgo eu. Aquilo que de mais precioso os nossos pais no deram foi a nossa educação, e felizmente eu e a Teresa saímo-nos bem. Somando isso à melhoria geral do nível de vida até à crise, isso significa que os nossos filhos têm hoje acesso a milhentas coisas que nós nunca tivemos.

Se eles entram numa livraria compram um livro. Se eles vão comigo ao quiosque comprar jornais recebem três ou quatro carteiras de cromos. Se eu passo pelo El Corte Inglés para comprar uma prenda para o aniversário de um amiguinho e vejo uma coisa de que eles também vão gostar, sou capaz de trazer uma coisinha para cada um e inventar uma razão qualquer para lhes oferecer (porque estiveram em casa com febre, porque tiveram um Satisfaz Muito Bem num teste, sei lá eu).

Isso significa que aquilo que para mim era altamente negociado com os meus pais - por exemplo, uma prenda fora da época de Natal ou de um dia de anos -, para eles é um dado adquirido. Na minha vida, só me lembro de ter completado uma caderneta de cromos (da Abelha Maia) - eles já completaram 15 ou 20, e nem sequer parecem ligar-lhes por aí além. Ou seja, tudo é mais fácil para eles, embora, paradoxalmente, isso tenha um enorme vantagem: são mais desligados das coisas do que eu era. Como tinha muito menos quando era pequeno, para mim emprestar um livro a um miúdo ou um brinquedo era assim como arrancarem-me as unhas a sangue frio. Ainda hoje me custa emprestar um livro ou um disco de que gosto muito a alguém (também porque nesta terra as pessoas, em geral, não têm o menor cuidado em devolver as coisas dos outros). As crianças cá de casa não, felizmente - estendem as coisas e está a andar.

Dito isto, assusta-me muito a facilidade com que os meus filhos se arrogam no direito de pedir isto e aquilo. E tenho medo sobretudo que a Carolina, que é mais velha e tem uma certa tendência para o show-off e para mandar nos outros, comece a ter excesso de orgulho naquilo que tem e na família mais ou menos conhecida. Se um dia eu descubro que ela usa isso como argumento para se impor socialmente, estaria capaz de a pendurar do estendal pelos cabelos. Nesse sentido, ela precisa de começar rapidamente a compreender o que são as dificuldades, a pobreza e a solidão - não no sentido de saber que existem, mas no sentido de perceber realmente o que são - para começar a dar valor àquilo que tem. Chama-se a isso acção social, e acho extremamente importante que ela o faça.

Em relação a este blogue e à crítica clássica da exibição da riqueza em tempos de pobreza, também queria acrescentar mais um par de coisas, mas este post já vai longo, e portanto, um novo post há-de surgir sobre esse assunto, entre hoje à noite e amanhã. Mas até lá espero que os leitores mais ou menos burgueses deste blogue digam coisas.


terça-feira, 21 de maio de 2013

Um grande susto

No sábado passado vinha a sair da natação descontraidamente com os três miúdos mais velhos quando o Gui decide passar sozinho a rua de São Bento. É certo que não vinha nenhum carro e que ele até olhou, mas depois de fazer aquilo fiquei com vontade de lhe arrancar a cabeça, o que era capaz de ser mais prejudicial à sua saúde do que se tivesse sido atropelado. Eu fiquei debaixo de um carro quando tinha mais ou menos a idade dele, e estou farto de contar histórias domésticas sobre a responsabilidade de andar na rua e saber parar no passeio quando a estrada se aproxima, atravessando apenas com o ok dos pais.

Quando se tem quatro filhos, não existem mãos que cheguem para agarrar todos eles, mais o material que é preciso transportar quando se sai de casa. Assim, o único remédio é começar a treiná-los desde pequeninos para caminharem de forma independente mas responsável. Como por esta altura vocês já devem saber, eu sou muito crítico do excesso de protecção paternal, pois vivemos numa sociedade em que mal os perdemos de vista 10 segundos (porque eles já viraram a esquina e nós ainda não) achamos que estão inevitavelmente fadados a encontrarem-se com Jack, o Estripador. E depois o que acontece, como um dia disse Daniel Sampaio, é que eles passam quase directamente de não poderem ir sozinhos para a escola para saírem à noite até às quatro da manhã.

Nesse sentido, dar-lhes independência é uma luta contra nós próprios: claro que eu preferia tê-los sempre pela trela quando andam na rua, mas acho genuinamente que não o devo fazer - para espanto de alguns pais que me encontram a caminho da escola e me devem achar demasiado despreocupado. Não sou, na verdade, mas tento disfarçar o melhor que posso, porque não há nada mais bonito do que um filho independente e bem comportado. Mas claro, depois acontecem coisas destas e nós reavaliamos tudo outra vez.

Desde sábado, o Gui está de castigo e vai comigo para o infantário pela mão. Eu expliquei-lhe muito bem porquê, e agora pergunta-me todos os dias: "quando é que voltas a confiar em mim?" Como costuma acontecer com todos os traídos, acho que ainda vai demorar bastante.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Filhos e socialismo

Já agora, para quem misturava a política com este blogue, aqui fica um texto provocador publicado no jornal i há pouco mais de uma semana pela Inês Teotónio Pereira, chamado "os meus filhos são socialistas". É político. Mas tem imensa graça. Por isso partilho-o aqui:

Não sei se são só os meus filhos que são socialistas ou se são todas as crianças que sofrem do mesmo mal. Mas tenho a certeza do que falo em relação aos meus. E nada disto é deformação educacional – eles têm sido insistentemente educados no sentido inverso. Mas a natureza das criaturas resiste à benéfica influência paternal como a aldeia do Astérix resistiu culturalmente aos romanos. Os garotos são estóicos e defendem com resistência a bandeira marxista sem fazerem ideia de quem é o senhor.

Ora o primeiro sintoma desta deformação ideológica tem que ver com os direitos. Os meus filhos só têm direitos. Direitos materiais, emocionais, futuros, ambíguos e todos eles adquiridos. É tudo, absolutamente tudo, adquirido. Ele dão como adquirido o divertimento, as férias, a boleia para a escola, a escola, os ténis novos, o computador, a roupinha lavada, a televisão e até eu. Deveres, não têm nenhum. Quanto muito lavam um prato por dia e puxam o edredão da cama para cima, pouco mais. Vivem literalmente de mão estendida sem qualquer vergonha ou humildade. Na cabecinha socialista deles não existe o conceito de bem comum, só o bem deles. Muito, muito deles.

O segundo sintoma tem que ver com o aparecimento desses direitos. Como aparecem esses direitos. Não sabem. Sabem que basta abrirem a torneira que a água vem quente, que dentro do frigorífico está invariavelmente leite fresquinho, que os livros da escola aparecem forradinhos todos os anos, que o carro tem sempre gasolina e que o dinheiro nasce na parede onde estão as máquinas de multibanco. A única diferença entre eles e os socialistas com cartão de militante é que, justiça seja feita, estes últimos já não acreditam na parede – são os bancos que imprimem dinheiro e pronto, ele nunca falta. 

Outro sintoma alarmante é a visão de futuro. O futuro para os meus filhos é qualquer coisa que se vai passar logo à noite, o mais tardar. Eles não vão mais longe do que isto. Na sua cabecinha não há planeamento, só gastamento, só o imediato. Se há, come-se, gasta-se, esgota-se, e depois logo se vê. Poupar não é com eles. Um saco de gomas ou uma caixa de chocolates deixada no meio da sala da minha casa tem o mesmo destino que um crédito de milhões endereçado ao Largo do Rato: acaba tudo no esgoto. E não foi ninguém...

O quarto tique socialista das minhas crianças é estarem convictas de que nada depende delas. Como são só crianças, acham que nada do que fazem tem importância ou consequências. Ora esta visão do mundo e da vida faz com que os meus filhos achem que podem fazer todo o tipo de asneiras que alguém irá depois apanhar os cacos. Eles ficam de castigo é certo (mais ou mesmo as mesma coisa que perder eleições), mas quem apanha os cacos sou eu. Os meus filhos nasceram desresponsabilizados. A responsabilidade é sempre de outro qualquer: o outro que paga, o outro que assina, o outro que limpa. No caso dos meus filhos o outro sou eu, no caso dos socialistas encartados o outro é o governo seguinte.

Por fim, o último mas não menos aterrorizador sintoma muito socialista dos meus filhos é a inveja: eles não podem ver nada que já querem. Acham que têm de ter tudo o que o do lado tem quer mereçam quer não. São autênticos novos-ricos sem cheta. Acham que todos temos de ter o mesmo e se não dá para repartir ninguém tem. Ou comem todos ou não come nenhum. Senão vão à luta. Eu não posso dar mais dinheiro a um do que a outro ou tenho o mesmo destino que Nicolau II. Mesmo que um ajude mais que outro e tenha melhores notas, a “cultura democrática” em minha casa não permite essa diferenciação. Os meus filhos chamam a esta inveja disfarçada, justiça, os socialistas deram-lhe o nome de justiça social.

A minha sorte é que os meus filhos crescem. Já os socialistas são crianças a vida inteira.


Importas-te de chorar mais baixo?

José Carlos Fernandes

Eis o meu texto de ontem na revista do CM:

O meu pediatra tem uma resposta darwiniana para a pergunta “porque é que os bebés choram tanto?”. Segundo ele, os bebés actuais são descendentes da linhagem que mais gritava nos tempos das cavernas: numa era em que a EDP ainda não tinha iniciado a sua actividade de exploração eléctrica e as comunidades humanas eram atacadas por tudo o que mexia, obrigando a fugas velozes, os bebés que se safavam eram aqueles que melhor se conseguiam fazer ouvir. Esta técnica teve a grande vantagem passada de ajudar à sobrevivência da espécie humana e a grande desvantagem presente de eles virem munidos das cordas vocais mais estridentes do planeta, mesmo numa época em que já existem interruptores e os bichos perigosos estão a dormitar no zoo.

O problema principal reside na incompatibilidade estrutural entre os meus tímpanos quinta geração e as cordas vocais primeira geração dos bebés. Enquanto eu tenho um pavilhão auricular século XXI, frequentado por toda uma bonita história melódica da música ocidental pós-Bach, a Ritinha tem uma garganta de há 300 mil anos, emissora de sons neanderthais. Na verdade, eu desconheço a existência de estudos que confirmem a teoria do meu pediatra, mas de uma coisa estou certo: nós, pais, estamos programados para reagir pavlovianamente ao choro dos bebés, porque não há nada que nos dê mais cabo da moleirinha do que um miúdo de meia-dúzia de meses aos berros. Quando a Rita chora muito, é como se o interior do meu ouvido fosse vítima de um terramoto de 8,5 na escala de Richter – só me apetece fugir dali e gritar por ajuda.


O resto do texto pode ser encontrado aqui.

sábado, 18 de maio de 2013

Saiu uma mesa para quatro

E para quem ficou curioso sobre a mesa que se vê no vídeo, aqui está ela:
É de uma empresa americana chamada Toddler Tables. Eles dizem que dá para crianças dos cinco aos 24 meses.

As quadrigémeas, muitos anos depois

Já agora, ainda em relação a este post, se alguém tiver curiosidade como estão hoje as quadrigémeas Mathias, 13 anos após o seu nascimento, ei-las:



A família tem um site próprio, aqui.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

(Mais) risota pegada

Lembram-se deste vídeo? Na altura em que o postou, a Teresa não o disse, mas ele é realmente antigo, de 2000, e venceu um concurso americano de vídeos caseiros. Mas um dia depois, a mãe dos quadrigémeos Grace, Emily, Mary Claire e Anna filmou o pai deles em mais um grande momento de divertimento colectivo. O que faz destas miúdas as quadrigémeas mais castiças do hemisfério norte (pelo menos). Ora vejam:


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eu, burguês, me confesso

Dois leitores decidiram apimentar este blogue com comentários sobre temas que me são caros. Cada um à sua maneira, fizeram críticas a mim, à minha família e ao Pais de Quatro de um ponto de vista que poderemos considerar marxista: nós somos um bando de burgueses insensíveis, que andamos por aqui a exibir a nossa vida luxuosa, indiferentes ao sofrimento dos mais pobres. O primeiro comentário surgiu já há uns tempos num post sobre o Balotelli e a ex-namorada. E rezava assim:

Boa, João. Fica-te por estas mexeriquices, porque de política e de sociedade não vês um canudo. Só não percebo uma coisa: se achas que tens piada para aparecer na TV com piadinhas sobre situações que, se analisares um pouquinho mais fundo, verás que são graves para muitas famílias, porque é que não fazes antes stand-up sobre assuntos triviais? 

O outro comentário foi feito há um par de dias a partir deste post:

A banalidade dos posts deste blogue e a exaltação das alegrias da vida familiar preenchida por uma ranchada de crianças lindas, roça, por vezes, a obscenidade. Então e se em vez de "a mamã é médica" e "o papá é um jornalista famoso e ilustre membro da elite intelectual lisboeta", que passam fins-de-semana idílicos na casa das Penhas Douradas e outros poisos afins, fosse "a mamã é administrativa" e "o papá é polícia", e em vez das Ritas, das Carolinas, das Pilar e das Assunção fossem o Fábio e a Sandra, seria assim tudo tão cor-de-rosa? De onde provém o sustento destes dois jovens universitários? Um pouco mais de pudor seria prudente.

Este segundo comentário é bastante mais interessante do que o primeiro, mas todos eles são um convite ao silenciamento - ou, pelo menos, a um certo nível de decoro - por alegada falta de sensibilidade social. Vamos por partes.

Em relação à questão da televisão e das minhas posições políticas, eu nunca as trouxe para este blogue porque tenho outros sítios onde as manifestar - e assim continuará a ser. Quem detesta o que eu escrevo no Público ou aquilo que defendo no Governo Sombra está no seu inteiro direito, embora seja altamente irritante esta mania de achar que quem não concorda com os nossos pontos de vista ou é imbecil ou mal-intencionado. O tique nacional de pessoalizar qualquer divergência ideológica mais acentuada é um absurdo (tal como a eterna superioridade moral da esquerda, que se acha sempre do lado dos pobres, enquanto a direita só quer o bem dos ricos), e se eu coloco tanto empenho em escrever sobre a minha família é porque sou um adepto da transparência da vida como forma de revelar a sua complexidade e os vários mundos que temos dentro de nós. O nosso posicionamento político ou as nossas convicções sobre assuntos económicos são uma ínfima parte daquilo que nós somos, e nem de perto, nem de longe, aquilo que mais conta nas nossas vidas.

E este é, de facto, o ponto, sobretudo quando o autor do segundo comentário entende que a "exaltação das alegrias da vida familiar" neste blogue "roça a obscenidade". Porquê? Porque a minha mulher é médica e eu sou "membro da elite intelectual lisboeta", o que supõe que nós sejamos particularmente abastados e convidaria a um prudente silêncio. A parte do "membro da elite intelectual lisboeta" é muitíssimo divertida, porque se o leitor conhecesse realmente algum membro desse grupo saberia que jamais me deixariam entrar no clube. O facto de eu aparecer na televisão e de escrever em jornais não esconde nunca o facto de eu ser um pobre labrego alentejano, como aliás já dei testemunho em posts como este.

Mas a ideia de que alguém tem de se conter no testemunho que dá da sua vida porque hoje em dia tem possibilidade de pagar uma noite em família na Serra da Estrela, pode ir comer fora quando lhe apetece ou de repente decide ir passar um dia na Kidzânia é não só bizarra, como vive na tal obsessão de que é o dinheiro que faz girar tudo no mundo. Ora, aquilo de que este blogue fala é essencialmente de duas coisas: de educação e de amor, e receio bem que o dinheiro não compre nem uma coisa, nem outra. Ajuda? Com certeza. Mas reduzir o ser humano à dimensão da sua carteira é, isso sim, uma tremenda pobreza.

E depois, deixem-me só puxar dos galões num aspecto: é que, ainda para mais, o fruto do nosso trabalho está ao serviço de uma família que hoje em dia tem seis membros. Não foi estourado em viagens anuais a Bora Bora ou em malas Louis Vuitton. Ele é devolvido à sociedade na forma mais nobre que me parece que existe: crianças com os valores certos (quero eu acreditar), que têm tudo para poder vir a deixar este mundo um pouco melhor do que o encontraram, tal como o pai e a mãe deles tentam fazer todos os dias - e independentemente do dinheiro que em cada momento têm na sua conta bancária (e posso garantir-vos que varia muito). O facto de isso, só por si, não ser merecedor de respeito, diz muito do país em que vivemos e da selecção das nossas prioridades. 


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Alta ajuda e o sentido das discussões

Caraças, isto é muito, muito bom:

Faz sentido discutir [num casamento], só não faz o sentido que aparenta fazer. As discussões carecem de objectividade sob todos os aspectos; elas são tortas, sinuosas, indirectas, mas por essas vias acabam chegando a algum lugar. Todo mundo já pôde notar que uma discussão que começa a respeito de um ponto simples e objectivo vai parar, horas depois, em velhos ressentimentos, ou mesmo se demora infinitamente em destrinçar minúcias do problema, cada um defendendo seu ponto, entrincheiradamente, enquanto a discussão, longe de se resolver, se agiganta, se complexifica, se agrava.

É claro que essas discussões (como toda a discussão, pois há sempre um imaginário em jogo, mas em nenhum lugar um imaginário mais susceptível do que no amor) são um espectáculo da erística [NA: a erística é a argumentação que, buscando unicamente a vitória num debate, abandona qualquer preocupação com a verdade], e é aí que elas se afundam indefinidamente. Mas o que está em jogo não é tanto superar o adversário que é o outro, como superar o adversário que é comum: a fadiga, o ressentimento.

O impossível da erística no casamento é que a disputa não pode ter um vencedor, nem terminar em empate, mas sim em dois vencedores. Esse impossível acontece. Portanto, faz sentido discutir, só que não o sentido que se propaga, como um vírus, na superfície das palavras – e sim um outro, subterrâneo, imaginário, um sentido não semântico, uma espécie de descarga, de (suja) limpeza. Até que, passada a fadiga, cessada a tormenta, o casal possa se olhar, nas palavras de Handke, como “duas pessoas que escaparam de uma catástrofe”.

O autor deste magnífico excerto é um brasileiro de 37 anos chamado Francisco Bosco. A Tinta da China vai lançar por cá um livro seu de estranhas crónicas, chamado Alta Ajuda. Vale imenso a pena.

Francisco Bosco

terça-feira, 14 de maio de 2013

Angelina, que foste tu fazer?

A minha médica da família anda um bocado afastada deste blogue, porque parece que tem de tomar conta dos filhos e da casa e assim, mas acho que é seu dever vir elucidar-nos sobre isto, o tema de que toda a gente fala - e com razão. As maminhas da Angelina já me deram em tempos algumas alegrias (espirituais), e portanto a coisa faz-me mesmo muita impressão. Como é, doutora? Faz sentido ou não?


Cá em casa as contas batem certo

Ó Sónia, olha que eu em Setembro faço anos.


"Estamos cá para ser felizes"

Porque há textos que não merecem ficar perdidos nas caixas de comentários, deixem-me partilhar convosco aquilo que a Catarina Nicolau Campos escreveu após ter lido este meu texto (como a sua intervenção é muito longa, vou editá-la um bocadinho, mas encontram-na integralmente nos comentários ao post anterior):

O meu nome é Catarina, tenho 23 anos, casada, 2 filhas - uma 2 anos, a outra 15 dias (...) Casei-me com 20 anos, consciente de que estava a assumir o maior compromisso da minha vida (...) Eu era excelente aluna. De 20. Senhora do meu nariz, metida em mil organizações que correspondiam aos meus desejos para a Humanidade. Todos fizeram previsões de grande carreira académica, e eu mesma estava convencida que por esta altura já estaria a dar cartas em Harvard, ou noutra instituição de prestígio, como assistente promissora de uma área muito interessante de Direito.

Entrei com 18 anos da Universidade, no primeiro mês conheci o Miguel e passados 2 anos casámo-nos. Bum, lá se foram os planos galácticos. Conclusão? O curso está por acabar, tive que mudar de Universidade, as notas estão longe do que já foram, nunca tivemos tantas dificuldades materiais e estou tão próxima de ser assistente de Direito em Harvard como Portugal da Austrália.


Mas nunca fomos tão felizes. E o curso está por acabar porque 2 miúdas lindas decidiram nascer em cima da época de exames. Vai ficar por acabar? Não, já estou a estudar para a época que se avizinha. Os sonhos ficam por concretizar? Não, jamais. E estou arrependida da minha decisão? Nunca, isso seria dizer que estava arrependida de escolher ser feliz. (...) Sim, há dias que dá vontade de gritar e de fazer mute ou stop e respirar 10 minutos antes de voltar à realidade, mas se a vida não fosse assim não tinha piada nenhuma.

Por isso... e eu? Eu continuo a ser a Catarina que vai acabar o curso num futuro próximo, que vai ter uma carreira brilhante nalguma coisa, que canta, dança e escreve. Mas que para além disso é mulher do Miguel e mãe da Pilar e da Assunção. E isto também passou a ser constitutivo do meu ser, e naturalmente se reflecte naquilo que dou de mim a todas as coisas. Sou mais feliz a dar-me, do que quando era só eu, no meu mundo. E, não querendo ser demasiado aristotélica, acho que estamos cá para isto mesmo, ser felizes.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

E eu?

Ilustração de José Carlos Fernandes

Eis o meu texto de ontem na revista do CM, um bocadinho mais sério do que é costume:

A sociedade, as boas maneiras e a consciência judaico-cristã dizem-nos assim: o tempo que dedicas à tua família e aos outros é bondade e altruísmo; o tempo que dedicas a ti próprio e à satisfação dos teus interesses pessoais é egoísmo e falta de generosidade. “Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos”, lê-se no evangelho de São João. E é verdade. O cristianismo, tal como as outras religiões, naquilo que elas têm de mais belo, são formas de comprometer o indivíduo com a comunidade e de açaimar o animal selvagem e solitário que habita dentro de cada um de nós. 

Mas se há coisa que tenho mal resolvida desde que comecei a ter filhos é como lidar com a falta de tempo e com a frustração de não estar à altura das ambições que tinha (e tenho) para mim próprio: precisava de mais horas para ler, de mais tempo para escrever, de mais disponibilidade para viajar. A distância entre desejos e possibilidades é de tal modo desproporcionada que por vezes me sinto agrilhoado aos meus deveres – sensação essa que se agrava por eu me ter casado com uma mulher que leva uma vida de absoluta dedicação aos outros, sejam esses outros os filhos, os amigos, os vizinhos, os doentes, ou (lá para o fim da lista) eu.

Esta frustração não é fácil de resolver, e acaba por ser uma das minhas mais persistentes questões existenciais, porque aquilo que hoje sou se deve em boa medida àquilo que a sociedade, as boas maneiras e a consciência judaico-cristã criticam: um fechamento sobre mim próprio. Ou seja, se eu não tivesse sido a criança (mais ou menos solitária) que fui e se não tivesse sido o adolescente (fechado no seu quarto) em que me tornei, eu não seria quem sou hoje. Não teria lido os livros que li, não teria visto os filmes que vi, não teria ouvido os discos que escutei – e dificilmente estaria a escrever aqui, diante dos seus olhos, caro leitor, com direito a inestimável caricatura e página inteira numa das revistas mais lidas do país.


Eis o terrível dilema: tivesse sido eu mais generoso e sociável e provavelmente não me teria casado com a excelentíssima esposa (que hoje me critica) e não teria tido quatro filhos para me darem cabo do miolo. Donde, o terrível dilema permanece irresolúvel: eu hoje deveria dar mais de mim à minha família, mas se há 25 anos tivesse dado mais de mim esta família não existiria. Quem souber a solução que responda.

domingo, 12 de maio de 2013

Come lá isso, pá!

Ryan Gosling é bem capaz de ser o actor mais giro da actualidade. Mas tem um problema grave, que eu também já tive de ultrapassar cá em casa: recusa-se a comer os seus cereais. Ora vejam:


sábado, 11 de maio de 2013

Já alguém foi pular para a Bela Vista?


Eu e a Teresa estávamos a pensar levar os miúdos ao Big Jump, aquela coisa dos insufláveis que se instalou no Parque da Bela Vista até dia 2 de Junho. Já algum de vocês lá esteve com os miúdos e pode dar palpites sobre a coisa? É que este é mais um daqueles casos em que a tabela de preços irrita à brava. Ora vejam, retirado do site deles:

Bilhete individual: 10 euros
Pack 3 pessoas: 25 euros
Pack 4 pessoas: 30 euros
Pack 5 pessoas: 40 euros

Fazendo as contas, um pack para 3 pessoas tem um desconto de 17%, um pack para 4 pessoas tem um desconto de 25%, um pack para 5 pessoas (que vai certamente ser o meu caso, se eles tiverem a amabilidade de não cobrar entrada à Ritinha) tem um desconto de... 20%. Ou seja, o pack de 4 tem muito mais desconto do que o pack de 5. Na verdade, não há pack de 5, como não há pack de 2: o pack de 5 é o pack de 4 mais um bilhete individual de 10 euros. Que sentido é que isto faz? Nenhum, claro. As famílias numerosas levam com big jumps em cima do lombo todo o santo dia. Até já irrita.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Muito obrigadinho!

Já aqui referi o mini-minorca, mas agora o meu filho Gui, que tem modas Primava-Verão e Outono-Inverno ao nível da expressão verbal, decidiu passar a usar 47 vezes ao dia o "muito obrigadinho". Não, não é "muito obrigado" - é mesmo "muito obrigadinho". E obviamente que o "muito obrigadinho" nada tem a ver com o "muito obrigado". Este é sinal de boa educação; aquele é sinal de ironia e sarcasmo, podendo ser acompanhado de choraminguice ao nível da expressão corporal, para melhor sublinhar o seu estado de espírito. O Gui usa o "muito obrigado" quando quer agradecer a alguém que lhe fez alguma coisa. E usa o "muito obrigadinho" quando quer sublinhar que alguém não fez o que ele queria. São capazes de adivinhar qual é a expressão que ele utiliza mais vezes, não são?

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Nem por acaso... os piores apps de sempre!

Como todos sabem, o The Guardian está muito atento ao que se publica neste blogue, e depois de eu ter escrito este post sobre o novo e incrível app das fraldas Huggies brasileiras, o jornal inglês aproveitou a deixa para fazer uma peça divertidíssima sobre os apps mais parvos de sempre. O texto pode ser encontrado aqui.


Roller babies e t-shirts

Já agora, na sequência deste post, um bocadinho de enquadramento: a marca francesa de água Evian lançou em 2009 a campanha "Roller Babies", que se transformou num sucesso instantâneo e bateu recordes de visualizações no YouTube. A marca até pode abusar da sua especial indicação para consumo de bebés (por causa do seu pH e constituição mineral, é a água mais utilizada pelas mães francesas) mas que a campanha é genial, lá isso é.



E não são só os vídeos. Há também estas t-shirts maravilhosas, que é uma pena não se venderem em Portugal.







quarta-feira, 8 de maio de 2013

Estão a brincar, certo?

OK... não sei se isto não será já tecnologia a mais... eu juro que consigo fazer o mesmo com a ponta dos meus dedos, sem necessidade de recorrer a apps. Mas digam-me da vossa justiça:


(Infelizmente, não estou a ser capaz de integrar o vídeo directamente na página, vá-se lá saber porquê, mas sigam por favor este link: http://www.youtube.com/watch?v=btOFcIgDG14 . Está em brasileiro e vale muito a pena.)

terça-feira, 7 de maio de 2013

4860 vitórias no Dia da Mãe

O dia da mãe é um dia mágico para todas as mães e filhos, especialmente quando estes são pequenos.
Os miúdos mal conseguem adormecer com a excitação e assim que abrem um olho de manhã saltam para cima da cama dos pais para mostrar os seus lindos presentes e desenhos, tão ansiosamente guardados, com a cumplicidade do pai, desde sexta-feira.

Este ano não fugiu à regra e inundaram-me de cartas, desenhos e marcadores de livros. Até tive direito a um urso desenhado pelo Gui, em relevo (com um recorte a simular o rabinho do urso), para lhe poder fazer festinhas.


E não podiam faltar os presentes preparados pela escola: uma taça de barro feita pelo Tomás com o oleiro que foi à escola; um conjunto de licor de hortelã, alfazema e sal de especiarias preparados pela Carolina com ervas aromáticas da horta da escola e a ajuda preciosa da mãe de um colega; e uma carteira reciclada feita com um pacote de leite pelo Gui.


Isto para não falar nas prendas que o papá comprou com a ajuda deles. Tudo para eu "ficar mais vaidosa", como diz o Gui. Eles bem querem que eu use sempre anéis e pulseiras (pouco compatíveis com a minha vida profissional e familiar), ou que use saltos com frequência (por mais vontade que tivesse falta-me a perícia para fazer maratonas ou sprints de andas), só que não têm sorte nenhuma.

Mas este ano o dia da mãe também foi dia de despedidas. A Ritinha já tem 8 meses e vai ser a última bebé da família que poderei amamentar. Eu, que sou acérrima defensora da amamentação, sempre me esfolei para conseguir amamentar todos os miúdos (sem exclusividade a partir dos 5-6 meses, devido às obrigações profissionais), até aos 9-12 meses. E por isso nunca houve latas de leite de transição cá em casa antes dessa altura, contra a vontade do papá da casa, que sempre achou mais prático enfiar com um grande biberão pela goela dos miúdos abaixo, para não ter de assumir as consequências do aleitamento que, raras vezes, sobravam para ele.

(Com este comentário estou a arranjar lenha para me queimar. Estou mesmo a ver o João a escrever um post a queixar-se dos intermináveis - cinco - minutos que teve que entreter a Rita enquanto eu não chegava a casa, ou da interrupção do seu sono de beleza com uns gemidinhos de bebé enquanto a mãe se ajeitava na cadeira a meio da noite para lhe dar de mamar.)

As vantagens da amamentação, a curto e longo prazo, são imensas, tanto para a mãe como para o bebé. Toda a gente sabe que o leite materno é o alimento ideal para os pimpolhos, e quando corre bem o acto de amamentar proporciona momentos maravilhosos e irrepetíveis para ambos.

Mas manter a amamentação em exclusivo, e depois como complemento da diversificação alimentar, é tudo menos piece of cake. A subida do leite pode ser de enlouquecer se não se investir na correcta expressão do leite (quer pelo bebé, quer com a ajuda das mãos ou de uma bomba - sem estimular demais a produção), em técnicas de relaxamento materno (que podem passar por colocar um letreiro à porta de casa a proibir a entrada de visitas, por enfiar uma rolha na boca de quem questiona se o nosso leite será fraco, ou por uma boa sessão de massagem das costas e pescoço) ou por truques que favoreçam a saída do leite ou o alívio da dor e edema (por exemplo, com compressas mornas antes da mamada e frias depois).

Aprender a posicionar o bebé e o bebé aprender a adaptar-se à mama da mãe (aquilo a que nas maternidades se chama horrivelmente uma boa "pega") nem sempre é simples, mas evita muitos dos grandes e mais frequentes problemas da amamentação. A anatomia da mama tem muito mais que se lhe diga do que o Rouvière (o livro básico de Anatomia da maioria dos estudantes de Medicina) ou o catálogo da Playboy sugerem, e apesar de não constituir barreira à amamentação, um mamilo plano ou muito gretado é merecedor de uma autêntica estátua em ouro quando o aleitamento materno é bem sucedido. Isto já para não falar na recuperação de uma mastite! Superar uma mastite e continuar a amamentar é perfeitamente possível (mas incrivelmente doloroso), só que infelizmente não acontece com muita frequência.

Tudo isso passará a fazer parte do meu passado, em breve.


No dia da mãe demos o primeiro biberão de leite "de lata" à Ritinha porque comecei a perceber que algures por entre a correria do dia-a-dia ela deixou de se sentir satisfeita com o meu leite. E lá tive de fazer a vontade ao João e pedir-lhe para ir comprar uma lata de leite de transição. Acho que eu teria tido alguma dificuldade em trazer a lata para casa porque, apesar de não ter sido fácil manter a amamentação com o meu ritmo de vida e algumas das dificuldades de que falei acima, tê-lo conseguido sempre foi um motivo de grande orgulho para mim. E devia sê-lo para todas as mães.

Lembro-me de ter ficado surpreendida por o nosso pediatra me ter dado os parabéns pelas 360 vezes que amamentei com sucesso a Carolina quando ela fez dois meses de idade. Mas ele tem toda a razão. O aleitamento materno é uma verdadeira cruzada e, até agora, (pelas minhas contas, quatro filhos depois) as minhas 4860 vitórias são um número que merece ser devidamente comemorado. E eu irei celebrá-lo com especial orgulho toda a minha vida!


Eram trinta e oito garrafas de água, por favor...


Dupla dentuça (e algumas considerações metafísicas)




A Rita não é nenhum destes bebés (suponho que tenham percebido, dadas as faltas de parecenças com o encantador pai), mas está a ficar igualzinha a eles na região do maxilar inferior: ou seja, estão a nascer-lhe em simultâneo os dois incisivos na prateleira de baixo. Eu tentei fotografá-la, mas conseguir que ela abra a boca e que se vejam os dois mini-pedaços de marfim a brotar necessita da paciência de um documentarista de vida selvagem, coisa que eu manifestamente não tenho. Portanto, recorro a bebés alheios para explicar que ela agora passa o dia assim


ou assim


É por isso que acho os bebés tão encantadores: nascem e vêm com as horas trocadas, acertamos as horas e começam com as cólicas, acabam as cólicas começam com as dores de dentes, acabam as dores de dentes e começam a estampar-se contra a mobília, e assim se passa ano e meio, entre farfalheiras e pieiras para animar intervalos, mais o lançamento de chucha elevado a modalidade olímpica e muita, muita birra. Estou, aliás, convencido de que isto,


estes terríveis sorrisos que eles nos lançam de vez em quando, são apenas a cenoura que os bebés desenvolveram para o burro (ou seja, nós) não lhes enfiar o coice que merecem. A minha filha Rita (e sim, esta moça da foto, como sabem, é mesmo ela) só tem oito meses mas já domina uma vasta quantidade de manhas em forma de charme, que ela utiliza cirurgicamente nos momentos em que me está quase a saltar a tampa. Por vezes, tenho a sensação de que, antes de entrarem no domínio da linguagem, os bebés são de uma espécie ligeiramente diferente da nossa - e muitíssimo mais inteligente.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Põe-te a andar

Ilustração de José Carlos Fernandes

Eis o meu texto de ontem na revista do CM. Dedicado ao John Wayne e à excelentíssima esposa. Que saudades eu tinha de me vestir de cowboy.

Sempre me interessou a forma como as pessoas se movem ao andar. Nada a ver com desfiles de top models nas passarelas; tudo a ver com os tempos em que via filmes de cowboys em catadupa e ficava fascinado com a pinta gingona de John Wayne. Dean Martin – galã, actor, cantor e sedutor encartado – disse um dia que “ninguém anda como John Wayne”, e o que ele queria dizer é que estávamos diante do cúmulo da elegância do andar masculino. E, de facto, basta ver os filmes: mesmo que alguns o considerem efeminado o que outros digam que é o andar de alguém que precisa urgentemente de mudar as fraldas, Wayne não se parece com nenhum outro.

Quando caminhava, todo o seu corpo entrava em movimento, dos calcanhares até aos ombros, e havia nele um swing único: mesmo ao estugar o passo parecia deslocar-se em câmara lenta. Wayne era um gigante – tinha mais de um metro e noventa –, mas os seus pés eram pequenos, e talvez fosse esse desequilíbrio (mais tarde agravado pelo aumento do perímetro abdominal) que conferiu aquela identidade tão marcante ao seu andar, ao ponto do “John Wayne walk” fazer hoje parte do património do cinema.

Mas não precisamos de usar esporas nem calças apertadas para cada um de nós ter o seu próprio estilo – é algo que nos acompanha desde a mais tenra idade. Estima-se que uma pessoa ande, em média, mais de 100 mil quilómetros ao longo da vida, o suficiente para dar três voltas ao planeta Terra, mas apesar de ser uma das actividades mais regulares e estruturantes da nossa existência, temo bem que ainda falte estudar a fantástica multiplicidade de andares e aquilo que cada um deles diz sobre a identidade do seu portador.


E tudo isto vem a propósito do quê? Vem a propósito da minha esposa e da minha filha Carolina. Eu sempre achei imensa graça à forma como a Teresa anda, porque é bastante original e lhe dá um ar alegre e teenager, mesmo aos 38 anos. Aquilo que é impressionante – e mostra a força da transmissão genética – é isto: agora que a Carolina está a começar a ser gente e a aproximar-se da adolescência, a forma do seu andar está a replicar na perfeição a forma da mãe. Isso tem a ver com a constituição do seu corpo, com certeza, mas eu divirto-me imenso a vê-las andar à minha frente, o original M e a cópia XS, matutando sobre o quanto da personalidade ambas está escondido naquele andar. E o tanto que ele diz sobre cada um de nós.

Já agora, para os interessados que não se recordam dos filmes de cowboys da sua juventude, eis o "John Wayne walk", acrescido da respectiva paródia nas versões francesa e americana de A Gaiola das Loucas:


domingo, 5 de maio de 2013

Vacas em lilás

Ontem decidimos à última hora rumar ao Alentejo, para passar dia e meio na quinta dos meus pais. No caminho para a Urra passámos pela estrada que liga Estremoz a Portalegre (parte do IP2), que tem sempre uma nova cara a cada mês. A cara de Maio era tão bonita que decidimos parar para tirar fotografias.




As fotos nunca fazem justiça àquilo que os nossos olhos vêem. A soagem inundava de lilás os campos, por onde navegavam vacas brancas. E o céu era de um perfeito azul com nuvens. Não há nada como o meu Alentejo. Toda a gente cá em casa (inclusive a menina das Beiras) gostava de um dia ter uma quinta perdida no meio das suas cores.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Inquérito aos leitores (com camelo)

Diriam que este é um pai descontraído ou simplesmente parvo?


Balotelli e a deontologia

Escreveu um leitor a propósito do caso Balotelli e Fanny, que se encontra aqui e aqui:

Em todo o caso, não enchamos a boca de liberdade de expressão para justificar as mais ilustres baboseiras: se os blogues (ou os blogueiros) não têm um código-de-não-sei-o-quê, que ainda existe nalguma imprensa (seja ou não seguido), tal não deverá servir de desculpa para a parvoeira, o insulto ou a idiotia. E não estou a dizer que foi aqui o caso - porque não acho que tenha sido - mas, antes, que deve haver um módico de contenção na utilização da liberdade de expressão, tão preciosa e tão conquista de Abril... 


Eu sou jornalista, e portanto levo a sério o meu código deontológico, inclusivamente neste blogue. Mas convém não confundir as exigências do jornalismo com as da opinião Tal como o leitor, acho que os blogues e as redes sociais são muitas vezes um espaço onde campeia o insulto e onde muita gente se permite utilizar um tom de linguagem que jamais usaria num jornal. É evidente que não concordo com isso - é, aliás, uma forma de cobardia dissimulada, no meu entender.


Mas isso não tem nada a ver com o caso em concreto do Balotelli e da Fanny. Os factos são estes: 1) saiu uma notícia em inúmeros jornais que foi comentada por inúmeras pessoas, 2) essa notícia foi posteriormente desmentida por um clube de futebol, 3) um leitor entendeu que eu devia um pedido desculpas a Balotelli. Passando ao lado da questão de a notícia ainda assim poder ser verdadeira, aquilo que eu quis alertar é que é impossível exigir uma responsabilidade solidária entre quem dá a notícia e quem a comenta, sob pena de se tornar impossível qualquer discussão no espaço público.


Ou seja, se o jornal que deu a notícia em primeira mão errou, ele deve pedir desculpa; quem comentou a notícia (como é o meu caso) deve dar conta desse erro, por honestidade intelectual; em última análise, até pode pedir desculpa, se se provar que é algo gravíssimo para a honra do envolvido; mas quem comentou, na verdade, não tem de pedir desculpa, no sentido em que não tem culpa.


Dou-vos um exemplo concreto que se passou comigo. Em 2009 eu fui processado pelo então primeiro-ministro José Sócrates por causa deste texto. Ao contrário do que foi excessivamente noticiado, o principal argumento do processo não se prendia com a comparação da sua moral política à virgindade da Cicciolina, mas sim com a frase "o apartamento de luxo comprado a metade do preço". E o argumento era: que provas tinha eu de que efectivamente o seu apartamento tinha sido comprado a metade do preço?


Atenção: à primeira vista, a pergunta até pode parecer legítima. Então não temos todos de ser capazes de provar aquilo que dizemos? De facto, não, não temos. Porque se o tivéssemos de provar, como referi no post anterior, o resultado seria o silenciamento do espaço público. A notícia do apartamento a metade do preço saiu no jornal Público, numa investigação bem fundamentada. Eu, como colunista, li a notícia como boa (aliás, continuo a achar que é boa), podia argumentar porque é que ela me parecia boa, e a partir daí tenho todo o direito de a comentar, mesmo não sendo capaz de provar a sua veracidade (porque não fui eu que fiz a investigação). 


É isso que todos nós fazemos o tempo inteiro - afinal, quantas vezes conseguimos provar, no sentido mais estrito do termo, aquilo que comentamos? Em última análise, nem sequer conseguimos provar que o homem foi à Lua - as imagens (como, aliás, muitos defendem) podem perfeitamente ter sido filmadas num estúdio de Hollywood.


É evidente que em tudo tem de haver responsabilidade e bom-senso. Mas o "então prove", disfarçado de frase aparentemente ponderada, é demasiadas vezes um convite a que todos estejamos caladinhos - sobretudo na política portuguesa. Para quem estiver interessado no tema, este texto aqui também é meu (apesar de não me estar atribuído), e em tempos debati o assunto no Jugular, com a Fernanda Câncio, aqui.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Balotelli e Fanny


O meu post sobre o senhor Balotelli deu origem a um par de comentários zangados quando o Milão (onde Balotelli joga) emitiu um comunicado a desmentir que ele algum dia tivesse oferecido a namorada para dormir com o plantel do Real Madrid caso a equipa espanhola conseguisse bater o Borussia de Dortmund. Como se sabe, o Real esteve quase, quase a tocar em peso à campainha de Fanny Neguesha, mas tristemente ficou a um golo de passar a eliminatória.

Entretanto, como Balotelli é ainda melhor a produzir notícias do que a marcar golos, a imprensa já noticiou que o namoro entre os dois acabou (aparentemente, não por causa do tal comentário, mas por causa do dedicado amor do Mario a festas berlusconianas). O jogador do Milão terá ficado inconsolável, e a única coisa que aplacou a sua dor foi a aquisição deste popó (um Ferrari F450) por 250 mil euros, mais coisa menos coisa:


Bom, convém esclarecer entretanto que tudo o que escrevi acima não o sei por me ter sido dito pelo próprio Balotelli, já que da última vez que nos encontrámos ele esqueceu-se de apontar o meu número de telemóvel. Sei-o apenas porque li nos jornais (alguns deles bastante respeitáveis). Ou seja, em relação ao leitor André Sousa, que acha que eu devo um pedido de desculpas ao Balotelli (pedido que ele aguarda, estou certo, ainda mais ansiosamente do que por Fanny), a verdade é esta: não devo desculpas nenhumas, por mais estranho que isso possa parecer.

Num espaço público livre, não é possível - nem recomendável - estabelecer uma cadeira de responsabilidade solidária entre um primeiro meio de comunicação social que erra ou mente (se por acaso neste caso tiver mentido, já que os desmentidos de um clube de futebol estão longe de ser a Sagrada Escritura) e os milhões de pessoas que comentam essa notícia em todo o mundo. Se cada um de nós tivesse de confirmar primeiro, como um fact checker profissional, a veracidade de tudo aquilo que lê para a seguir poder comentar, o mundo inteiro ficaria mudo. E essa mudez é própria das ditaduras. Não das democracias. Dizem-se asneiras de vez em quando? Sim, muitas. É o preço que se paga por esse bem altamente precioso chamado liberdade de expressão.

Mini-minorca, o mistério

OK, estou oficialmente interessado (não na geolocalização de amoreiras, que esse é um tema que deixo em exclusivo para a excelentíssima esposa - a mim já me bastou a humilhação de sexta-feira). O que eu quero mesmo saber é mais sobre essa história do "mini-minorca". Afinal, a nossa pátria é a língua portuguesa, e este mistério está a fazer-me lembrar a saga do chiça-penico, que não fazia ideia que era parte de uma lenga-lenga. Ora, se há dois leitores deste blogue a dizer nos comentários do post anterior que também mini-minorcam lá em casa, isso não pode ser uma simples coincidência. Donde raio vem o mini-minorca? A culpa também será da Hannah Montana?