terça-feira, 9 de abril de 2013

Alguém me arranja um índio e um cowboy, sff

Digam-me: há por aí alguém que se queria lançar comigo na construção de uma fábrica de bonecos de plástico? É que há definitivamente um nicho de mercado por explorar - e não é só em Portugal, mas no mundo inteiro. Eu sei que nestas coisas a nostalgia fala sempre um bocado alto, e que todos nós gostávamos de ver nas prateleiras das lojas de brinquedos aquilo que nos fez feliz na nossa infância. Os miúdos de hoje em dia gostam de outras coisas, não é? Até pode ser que sim. Mas quem continua a comprar brinquedos são os pais. E entre as vendas do Homem-Aranha suplantarem as caixas de índios e cowboys, e as caixas de índios e cowboys pura e simplesmente desaparecerem do mercado vai uma grande diferença. Mas a verdade é essa: o clássico bonequinho de três centímetros de altura em PVC que não está ligado ao último filme da Disney ou à última série de animação japonesa eclipsou-se do mercado.

E quando digo do mercado, é do mercado mundial. Nem na Amazon se encontra. Minto: é sempre possível encontrar coisas como esta, se se vasculhar fundo nas prateleiras ou nas lojas de chineses:


Mas em geral isto é chungaria do pior. Além das cores ridículas - qualquer profissional destas coisas sabe que não se misturam índios verdes com azuis e vermelhos e amarelos -, estes bonecos made in China usam moldes de bonecos antigos (eu brinquei com alguns que se podem ver na imagem) mas a qualidade de fabrico dos dias de hoje é abaixo de miserável, com acabamentos a anos-luz do antigamente.

É certo que marcas super-profissionais como a alemã Schleich ainda têm alguns índios e cowboys no seu catálogo, tipo este

mas a Schleich já sofre do problema oposto: é tudo tão bonitinho que mais parece para contemplar do que para brincar, além de que cada uma destas coisas custa para cima de dez euros. Para formar um exército - e sem um número razoável de figuras nada disto tem grande graça - é preciso assaltar o banco mais próximo.

A questão é esta: onde estão as alternativas aos antigos bonecos da Timpo ou da Heimo? Por muita tecnologia e jogos de computador que por aí haja, os miúdos gostam de variar. As crianças de hoje em dia têm as mesmas cabeças das crianças de há 30 anos, e basta ver o meu Tomás a delirar com os meus brinquedos antigos - cada vez que ele chega ao Alentejo a primeira coisa que pede é para a avó lhe ir buscar os velhos bonecos - para percebermos que o mundo dos bonecos infantis não tem necessariamente de ser reduzido à avalanche de merchandise de Hollywood.

Brinquedos maravilhosos como estes



ou estes



continuariam a animar a actual geração se estivessem à disposição dos mais novos. Porque, de facto, a brutal uniformização das actuais lojas de brinquedos é absolutamente assustadora. Basta ir à Toys'R'Us para percebermos como é possível haver, ao mesmo tempo, tanta, tanta coisa, e tão pouca variedade.

O ministro Álvaro quer salvar o país a exportar pastéis de nata. Pois eu cá quero salvá-lo a exportar brinquedos à moda antiga. Há por aí sócios capitalistas que saibam como é que se fabricam bonecos em plástico? Eu cá estou nessa.

12 comentários:

  1. ahahah adorei o post e tanta verdade contem!
    O que vale é que lá por casa o brinquedo favorito são mesmo os lápis e canetas e as folhas novas ou recicladas para fazer desenhos. Mas a minha filha também só gosta de brincar com bonecos pequeninos, claro não os cowboys das fotos porque ela é toda feminina, mas aposto que se num sitio qualquer os encontrasse, também com eles brincava!

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  2. Não me parece nada má ideia. Mesmo! E, muito curiosamente, depois de ler o seu post recebi o telefonema de um fornecedor que, não tendo nada a ver com isto, tem o know how e a tecnologia para fazer isto, ou parte disto. Será um sinal? ;))) Achei curioso, e tive de partilhar. Também eu, que sou bem mais crescida do que o João, tenho saudades dos bonequinhos de plástico, uns que vinham com os gelados da Olá. Tinham a ver com o marketing da altura - era a colecção das figurinhas da Branca de Neve, do Coyote, do Astérix ... mas faziam as minhas delícias e tenho saudades.
    Claro que hoje, com toda a legislação sobre comida e os múltiplos (e justificados) cuidados com as crianças e os brinquedos muito pequenos, não me parece que venha a ter a vida muito facilitada, caso decida meter-se no negócio. Mas que era negócio .... era ! ;)

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  3. ...E porque não?! Em Inglaterra, foram os berlindes o mote para um negócio de puto:
    http://www.marbleking.co.uk/
    http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2130141&seccao=Europa

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  4. Encontrei estes aqui:
    http://www.amazon.es/Juguetes-Multi-Soldados-Indians-10/dp/B001C6HNOM/ref=sr_1_9?ie=UTF8&qid=1365519388&sr=8-9&keywords=soldados+de+juguete

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  5. É um conceito interessante, não muito longe de ideia de negócio que tive há tempos... Ora, o que é preciso é "bater punho" e também por isso, estou solidária.
    O Nuno Markl é que é especialista em ressuscitar relíquias da infância, consequência da Caderneta de Cromos, talvez ele possa dar-lhe uma ajuda!

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  6. Ah e a minha filhota gosta mais dos meus pinypons antigos, que também estão na aldeia, do que com os dela!

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  7. Na loja Kid to Kid em Telheiras, que é uma loja de brinquedos e roupa usada de crianças dos 0 aos 12 já lá comprei soldadinhos verdes e outras coisas que alguém lá pôs è venda. Aparecem muitas vezes coisas antigas e até importadas. Sim, que tenho um "balancé" com o egas e o becas e com música, coisa que nunca vi cá à venda. Abraço.

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  8. E aqui?

    É uma loja da Baixa de Lisboa, vi uma reportagem na RTP à uns tempos...

    https://www.facebook.com/media/set/?set=a.311493008901640.88695.179377525446523&type=3

    Rita

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  9. O Marco de certeza que alinha nessa tua ideia :)

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  10. Concordo com o João, eu e a minha irmã tínhamos imensos bonecos desses, éramos umas Marias rapazes,mas infelizmente de-mos tudo a medida que íamos crescendo a nossa mãe dava as coisa. Hoje em dia tenho muita pena, não ter ficado com esses e outros bonecos para o meu filho brincar, pois adora, apenas consegui guardar os playmobil que agora se juntam ao kiko e com os meus soldadinhos, que kiko adora brincar e montar os seus cenários.
    Catarina

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  11. Soldadinhos, indios ou comboys - obviamente nunca brinquei por ser rapariga. Sempre preferi as barriguitas, os pinipons e os legos, ahhhh os legos… que saudades.

    Digo "obviamente" estupidamente, porque o meu irmão, rapaz, tinha 4/5 anos e para o Natal ou aniversário pedia Polly Pockets, imagine-se! Ahahahahah Até houve um ano no Natal que pediu a Barbie fazedora de bolos (vinha com batedeira, pózinhos e tudo p/ fazer bolos). E teve, o sortudo! Só para que saibam, o Afonso acabou por tirar o curso profissional de cozinha. O puto deve ter descoberto a vocação quando brincava com a boneca; e não foi para bailarino como as Polly Pockets.

    Mas descobri à pouco tempo, a propósito de ter um rebento de 7 meses, a Girafa Sophie. Conhece?! Pesquisei e li que a mesma já é cinquentona, e a borracha é feita ainda por processos artesanais.

    Deixo o link para curiosidade: http://www.vulli.fr/en/the-sophie-la-girafe-story.html
    Adquiri um exemplar na Pixmania, fica a sugestão. O meu filho adorou e rilha as patinhas e as orelhas dela como se não houvesse amanhã.

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    1. Sim, a Teresa até já escreveu sobre essa girafa no início deste blogue.

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