segunda-feira, 18 de março de 2013

Ainda as palmadas

Ainda sobre a história das palmadas a crianças que dominou vários posts deste blogue, como este, encontrei na net mais uma defesa acérrima da tese da não-violência e uma crítica acesa à minha postura trauliteira. Vale a pena lê-la aqui.


17 comentários:

  1. Li o texto em defesa da não-violência e, bolas, fiquei a sentir-me muito má mãe. Porque é claro que sou a favor da não-violência, mas compreendo e partilho a visão do João Miguel Tavares em relação à palmada no rabo ou na mão. Gostava de nunca ter dado nenhuma? Gostava. Já dei? Já.
    A pessoa que escreveu o texto diz coisas com muito sentido - gostei particularmente da parte do castigo leve, mas certo, ser mais eficaz do que o castigo severo, mas incerto. É de facto importante que haja coerência, que a criança saiba o que esperar se repetir determinado comportamento.
    Mas a verdade é que, embora as crianças passem todas pelas diversas etapas do crescimento, não são todas do mesmo calibre. Nem nós, adultos.
    Não é só o bater ou não bater que é importante. Num dos seus textos, o JMT disse que evitava a 100% a palmada injusta e isso é um aspeto, quanto a mim, muito importante, que partilho. Outra coisa é falar sobre o assunto com a criança, quando os ânimos estão frios. Se a minha reação foi exagerada, (não é preciso ter batido para que tenha havido exagero), não tenho problemas em reconhecê-lo. Também ajudo os meus filhos a aprenderem a "ler" a minha expressão e o meu tom de voz, e os do pai, de modo a também colaborarem para a harmonia do lar. Se eles souberem parar a escalada de asneira antes de chegar ao pico, tanto melhor. Às vezes penso que nós, humanos, pequenos e grandes, devíamos vir com semáforos, que mudavam para laranja, como aviso, de modo a que os outros parassem antes do vermelho...

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  2. Tenho uma filha de 5 anos e outra de 2 anos e meio. Raramente lhes dou uma palmada. Considero que com a mais velha, neste momento, o castigo é muito mais eficaz. Mas a mais nova, que sempre foi muito mais obediente e calma, recentemente entrou naquela fase em que quer medir forças com os pais. Ultimamente então, resolveu começar a fazer birras (está na idade :) ). A verdade é que depois de várias tentativas de a sensibilizar, de negociar com ela ou de fazer várias coisas para a convencer que tem que se vestir, comer, ou o que quer que o valha (muitas vezes até estamos cheios de pressa), ela resiste, começa a espernear, a berrar e a única forma de a "domesticar" e controlar é mesmo com a palmadinha no rabo. Nem sempre é possível aplicar os castigos ou as outras estratégias. Muitas vezes até, as crianças têm que peceber quem é a autoridade e que quando os pais dizem que é para fazer, é mesmo para fazer.

    Eu também já defendi a não violêmcia total e absoluta(principalmente quando não tinha filhos), mas a realidade do dia-a-dia levou-me a perceber que a teoria é uma coisa, a prática é outra...

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    1. Sem dúvida. É isso mesmo, a teoria é uma coisa, a prática é outra. Mas não deixo de admirar quem, sem criar, pequenos tiranos, consegue de facto evitar a palmada a 100%.
      Bruxa Mimi

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  3. Tenho lido com muito interesse esta discussão sobre o bater/não bater nos filhos e hesitado sobre o fazer ou não algum comentário.
    Sendo eu seguidora e fã do JMT (versão política e parental), custa-me discordar tanto dele neste assunto e fico sempre "Triste" quando o ouço/leio dizer que deu uma palmada nalgum dos filhos.
    Vou tentar explicar o meu ponto de vista.Não quero ser fundamentalista e dizer que é proibido dar uma palmada nos filhos.Mas acho que a partir do momento em que nos autorizamos a fazê-lo, iremos aplicar este método mais vezes que o necessário e desejável.
    Eu meti na cabeça que nunca iria bater/dar palmada a um filho (tenho um de 5 anos, quase 6).Se acredito mesmo que nunca o farei? Não sei... Se acho criminoso que se dê uma palmada num filho? Claro que não!! Se nunca tive vontade de o fazer? Certamente que sim, muitíííísssimaaas vezes. E outras tantas senti que pais de outras crianças deveriam dar-lhes uma palmadinha de vez em quando...
    A minha estratégia é fazer os possíveis e impossíveis diariamente para não ser aquele o dia da primeira palmada.
    Quando disse a outras pessoas que tentaria nunca bater num filho, imaginam o que ouvi: "isso é ridículo, uma palmada bem dada na hora certa nunca fez mal, eu levei muitas e só me fez bem, vais ver que não vais conseguir, etc etc.). Ao fim de quase 6 anos, consegui.
    Como?
    Como estratégias parentais, uso outras:
    2-5 minutos de pausa num sítio sem brinquedos
    Ficar sem alguma coisa que se gosta muito
    Segurar a mão com firmeza e dizer NÃO em tom intenso, com muita paciência, frequência e intensidade no olhar (para os exemplos das fichas e portas...)
    Nunca (mesmo nunca, isso garanto) voltar a atrás num castigo a aplicar.

    Como estratégias pessoais, uso:
    Contar até dez, cem, mil;
    Pedir a outra pessoa para me substituir quando percebo que estou a começar a passar-me;
    Deixar passar uma coisa não muito grave quando me apercebo que aquilo pode entrar em escalada;
    Contar novamente até mil e lembrar-me que não quero usar a palmada naquele dia, por aquele motivo. Não será aquilo que vai motivar a minha estreia!...

    E porquê esta mania da não palmada...?
    Primeiro, porque acho que nunca levei nenhuma :)
    Segundo, porque é uma estratégia de resolução de problemas que quero que os meus filhos não aprendam. E sim, não se esqueçam que o que nós, pais, fazemos é ensinar os nossos filhos a lidar com as situações. Eles gritarão mais se nos virem gritar, aceitarão mais facilmente bater se virem os seus ídolos (nós mesmos, os pais deles) a fazê-lo. Se isso significa que se vão transformar em membros de gangues perigosos? Não, claro que não, mas essa também não é a minha bitola. Quero que aprendam a gerir melhor as situações, tal como eu estou a tentar fazer naquele momento.
    Terceiro, gostava que o JMT e restantes leitores fizessem uma análise de algumas das situações em que dão a dita palmada. Hão-de verificar que numa percentagem muito razoável de vezes, a palmada alivia a nossa irritação. Nem sempre, mas muitas vezes, a palmada (e o berro) surge quando estamos a chegar ao limite. Por isso, ela é por vezes um nadinha desporporcional ao erro cometido pela criança e claramente mais proporcional ao nosso nível de irritação. É humano? É, claro. É desejável? Eu acho que não.... Por isso, nesses momentos, quando acho que vou dar a palmada mais porque já estou farta do que provavelmente pelo tamanho do erro do miúdo, faço o dito esforço de contenção: conto até 100, chamo outra pessoa, distraio-me uns segundos... Quando a irritação diminuir um bocado, vou arranjar uma alternativa à palmada que, na minha cabeça, sirva o mesmo propósito sem ter as consequências negativas que acho que a palmada tem.

    Se me perguntarem se eu acho que estas minhas estratégias vão resultar para sempre e nunca vou dar uma palmada ao(s) meu(s) filho(s)? Não faço ideia... Faço isto tipo Alcoólicos anónimos: "Um dia de cada vez", e cheguei aos 6 anos do miúdo e nunca lhe dei uma palmada (nem ninguém).... Para mim, como balanço, já é bom.... E vou continuar a tentar...

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    1. Dou-lhe os parabéns pela postura que tem tido, pelas estratégias que tem usado. Mas chamo a atenção para uma delas: nem sempre há outra pessoa a quem recorrer (eu também uso essa estratégia, quando está acessível)... E ter um filho ou ter três, ou quatro, ou doze (tenho uns amigos que têm doze, entre os 19 anos e os 5 meses) não é a mesma coisa. Não digo que se tivesse ficado só com uma filha (a mais velha tem 6 anos) não lhe tivesse dado nenhuma palmada, mas a probabilidade de dar uma palmada aumentou com o número de filhos (a irmã tem quase 5 e o irmão tem 3 anos)...

      Mas volto a dizer, parabéns pela sua paciência, e pela sua decisão diária de "não ser hoje o dia em que se estreia".

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    2. Acredito perfeitamente no que me diz. Daqui a algum tempo virei aqui dizer como está a ser agora que tenho dois (a criança mais nova ainda não teve tempo de mercer palmadas :)). Mas como disse, não sou fundamentalista, mas não desisto de tentar encontrar alternativas à palmada...

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    3. Permita-me discordar de um ponto em concreto do seu texto, sendo que em geral tenho uma opinião contrária à sua.

      Refere que a palmada é proporcional ao nível da nossa irritação, mas normalmente não ao nível do erro do miúdo.

      Pois bem, discordo, porque a nossa irritação, a nossa perda de paciência vem do facto de os miúdos terem o condão de a tentar esticar.
      E o "erro" do miúdo não é asneira em si mesma, muitas vezes, mas precisamente, o tentar, permanente e exasperantemente, testar os nossos limites.
      O "erro" dos miúdos está muitas vezes na falta de respeito que a atitude deles implica, e não tanto qualquer asneira concreta que estejam a fazer.
      O "erro", não é não lavar os dentes, é desobedecer aos pais quando estes o mandam fazer sucessivamente e sob ameaças várias.
      E aí temos de pôr um ponto final no ciclo vicioso de tentativas de negociação sucessivas que entretanto se estabeleceram.

      Postas assim as coisas, não concordo que a nossa irritação não seja directamente proporcional às atitudes dos seus filhos e que, em consequência, o grito ou a palmada não sejam adequados ao "crime".

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    4. Pois, é verdade. Eu concordo com o que diz, mesmo nós estando em "discordância" básica.
      A desobediência irrita-me particularmente (dizer as coisas várias vezes, não fazerem o que eu digo, etc.), mas é tão expectável nós irritarmo-nos como eles nos desafiarem.
      O desafio é inerente aos miúdos, é assim que eles aprendem a lidar comas situações com que se deparam ("esticando a corda, vendo onde ela chega"). Eu valorizo algum desse desafio (se calhar aqui discordamos), ou seja, prefiro isso a miúdos que "amocham" e são demasiado molinhos. E não a considero sempre falta de respeito; Os miúdos estão mesmo a apalpar terreno a ver o que lhes vai ser permitido. Daí que a adequação da nossa resposta seja tão importante, é com base nela que eles decidem o que vão fazer da próxima vez.
      Daí que eu concorde em absoluto que temos de por um ponto final nesse ciclo. Concordo mesmo! E até, apesar do que o meu discurso possa sugerir, não me considero uma mãe muito tolerante. Mais uma vez, só me esforço por fazer isso sem bater. Bater para mim é um pouco o final da linha (obviamente como será fechar num quarto escuro, chamar nomes, humilhar, etc.)...

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  4. Já pensou que, quando for crescido o seu filho vai querer que todas as pessoas funcionem assim, com essa paciência de santa, para lhe gerirem as dificuldades?
    Também não sei se o seu filho ainda não se apercebeu das milhentas lutas interiores que a mãe trava, e que ele de certa maneira controla.
    Pelo que escreveu pareceu tudo muito sofrido e complicado!
    Estarei enganada? Espero que sim!

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    1. Ora bem, eu não disse que não castigava o meu filho, só disse que não o fazia batendo. Ninguém está a gerir as suas dificuldades, só o faço sem bater. O que eu digo é que às vezes me apetecia dar uma bela palmada, mas nessa altura tento controlar-me e gerir a coisa de outra forma.
      Faço o mesmo com adultos que me irritam... Apetece bater-lhes ou afins, mas não o faço, arranjo uma alternativa...
      E não, não é sofrido e complicado. Como eu disse, é tão complicado como quando me irrito com alguém no trânsito. Se fosse pelo meu instinto, batia-lhe no carro ou insultava-o em voz alta. Mas opto por apitar ou dizer umas asneiras para mim. Parece-me mais ajustado... :)

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  5. Verdade, verdadinha, que eu estive todo o tempo à espera que algum progenitor ou educador mais afoito viesse aqui discorrer sobre os exageros do diálogo, da negociação, do compromisso, da dialéctica e etc que podem resultar em meninos mimados, mal agradecidos, abusadores, dissimuladores, manipuladores e outros horrores...
    Pois, pois é que eu conheci alguns.Com eles tudo tinha de ser eternamente negociado!
    Será que no meio é que está a virtude, com pessoas bem resolvidas?

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  6. Eu concordo consigo. Se não tivesse filhos provavelmente discordaria. Quando estava grávida prometi que nunca iria recorrer à palmada, ia ser uma mãe "zen" e tudo mais o que vem na literatura moderna. E olhe que li bastante... Mas na prática a palmada é a única coisa que por vezes funciona sobretudo nesta fase (2-3 anos) em que o desafio é constante e por trabalharmos tantas horas e por turnos, os pequenos ficam muitas vezes com os avós e estes estragam-nos (os da Clarinha pelo menos). Ele é as regras à mesa, é atirar com as coisas, até a cadeira do carro (que depois descobri que a minha sogra a levava ao colo no carro deles:(). Não são muitas palmadas e pelas poucas que dei, a minha consciência travou um duelo de gigantes, mas foram eficazes. Também eu levei algumas (não muitas felizmente) não me fizeram mal, acho eu. Para além disto tudo sou técnica de saúde, atendo imensas crianças e sinceramente não tolero certas atitudes, tenho de as gramar nos filhos dos outros, mas não na minha filha. E não considero que me preocupo menos. Sei os valores que lhe queremos transmitir. E queria às vezes ser como a mãe do Ruca, mas não sou e a minha filha tb não é o Ruca.

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    1. A mãe do Ruca irrita-me! E o Ruca também... é um mimado de primeira, embora acabe sempre por reconhecer os seus erros e emendar-se.

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    2. Ah, e outra coisa, como a compreendo quando diz que tem de "gramar certas atitudes nos filhos dos outros"... eu sou professora do 1º Ciclo do Ensino Básico. A má educação é cada vez maior nas crianças. Quando surge uma criança realmente bem-educada (não confundir com "mosca-morta"), é um bálsamo para a alma!
      Este desabafo não está diretamente relacionado com o tema, ou seja, não pretendo concluir ou insinuar que as crianças bem-educadas são as que levam palmadas, mas lá que me passou muitas vezes pela cabeça, em relação a certos alunos (já levo uns aninhos no ensino), que lhes faltou a tal palmada na hora certa, quando eram mais pequenos, lá isso passou!

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  7. Espero que este texto, magistralmente escrito, tenha feito muitos pais e mães pararem para pensar e repensar na sua forma de educar.O facto de ter voltado à conversa, JMT, mostra (e embora não admita) que tem pensado sobre o assunto e isso é muito bom.

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  8. Sou das que também não vê qualquer vantagem no recurso supostamente pedagógico à palmada. Tenho uma filha de 3 anos e é verdade que algumas vezes ja estive à beira de cair na patetice de levantar a mão. Mas à distancia, fico muito contente por nunca o ter feito, porque sinceramente não vejo o que de positivo isso teria trazido à aituação. Acho basicamente que "dar palmadas" (ja nem estou a falar de outro tipo de punições físicas mais graves)é legitimar um código absolutamente repugnante. Bater quando eles nos batem?! Alô, para quê? Isso é responder na mesma linguagem e eu, enquanto mãe, quero é deslegitimar e banir essa atitude. Nunca reforçá-la. Que os miudos são chatos e às vezes nos esgotam? Totalmente de acordo! Que às vezes perco a paciência e levanto o tom de voz? Quantas vezes (e é lamentável, também)! Mas por muitas dificuldades que sinta, nunca consigo perceber o que é que de milagroso (ou sequer de "razoável") pode afinal trazer uma palmada. Espero nunca perder as estribeiras e cair nesse engodo, sinceramente. DN

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