terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Toy Story

Sabem o que é que me dá mesmo cabo da moleirinha a cada dia 25 de Dezembro? Não é ficar acordado até às quatro e meia da manhã a montar as prendas grandes das criancinhas (que piada tem receber uma tabela de basquete dentro de uma caixa?). Não é o pandemónio de papel rasgado e caixas esventradas mal eles acordam pela manhã. Não é a necessidade de controlar o olhar desvairado de três crianças tomadas pelo desejo de abrir prendas e mais prendas. Não é a obrigação de passar a tarde inteira a brincar com jogos novos ou a pôr de pé uma casa da Lego ou um carro da Playmobil, com cada um a puxar-me para seu lado. Tudo isso põe um gajo semi-comatoso. Mas não é o que me dá cabo da moleirinha.

O que me dá mesmo, mesmo cabo da moleirinha é nunca acabar um dia 25 de Dezembro sem um par de brinquedos já estragados. Seja porque uma flecha de plástico ficou irremediavelmente dobrada devido a uma zanga entre irmãos. Seja porque a peça de um carro luzidio se partiu devido ao uso imprudente. Seja porque um líquido viscoso amarelo de um qualquer Gormiti foi engolido pelo lavatório após uma experiência parva do Gui.

Eu sei, eu sei, eles são crianças. Mas dentro de mim existe um gajo conservador que se convence de que há ali uma certa falta de cuidado derivada da abundância, um excesso de oferta que convida à imprudência. E eu não quero ter filhos desses: descuidados, despreocupados e, basicamente, que se estão nas tintas, porque tudo é facilmente substituível.

Quando se começa nos brinquedos corre-se o risco de acabar nas pessoas. E essas são mais difíceis de consertar.

8 comentários:

  1. Havendo crianças na família, há sempre essa possibilidade à espreita!
    Espero é que os brinquedos que não tenham sido agredidos, durem muito tempo :)

    Feliz pós-Natal!

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  2. ADORO este blog ;)The Story of My Life...!!

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  3. Pois é João. Já te esqueceste que também já foste criança (ou será que não?) e com o teu mano querido o esventrar do papel (que não seria tanto nessa altura), o que diriam ou pensariam os papás Tavares?
    Mas gosto da maneira de pensar nas pessoas, é que afinal "é de pequenino que se torce o pepino" e os bons hábitos aprendem-se na infância. Continuem assim. Abraço grande.

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  4. O brinquedo que o Tiago mais gostou já não tinha luzes nem rolava a meio da tarde do dia 25, apenas porque o Pedro o deixou cair de cima da mesa da cozinha...

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  5. Eu, cá por mim, acho que são os adultos e os vendedores é que pensam que é uma boa ideia bombardear as crianças com brinquedos!
    Ter poucos brinquedos só tem vantagens:
    - desenvolve.se a criatividade e a imaginação, o mm brinquedo serve inúmeras funções de faz de conta...
    - a criança fica menos dispersa e descuidada
    - a criança torna-se inventiva e vai usar outros objectos como brinquedo etc.
    Se formos para a praia com uma criança, ela desembrulha-se a brincar com pedras, paus, conchas etc e nem precisa de brinquedos...
    Bem, nós os adultos é que temos de ser selectivos na escolha dos brinquedos e se formos selectivos acaba-se a abundância mais os problemas todos associadas...

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  6. as crianças são mesmo assim, as minhas fazem a mesma coisa e todo os anos juro a mim mesma não voltar a enche-las de prendas. Infelizmente caio sempre no mesmo erro.

    Maggie

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  7. Caro Pai,

    Nos dias que correm, bem haja pela sua preocupação, da qual partilho. Mas partilho, principalmente depois deste Natal, da opinião do anónimo acima. Na minha família há duas crianças de 3 e 4 anos. Toda a gente lhes quis dar vários e bons presentes e deram-nos de facto. Sabe qual foi a sensação da noite? A única coisa com que realmente brincaram e vibraram? Uma caixa de plasticinas e com formas, cujo preço não chegou a 4€...
    Alguns dos adultos é que ficaram com os olhos colados aos BMW's telecomandados...
    Bem haja!

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  8. Sim, eu também acho que as prendas que os miúdos recebem hoje em dia são um exagero. Mas também me irrita quem cai no extremo oposto e acha que oferecer prendas é uma ofensa ao verdadeiro espírito de Natal. Além de que não é fácil controlar as caixas e caixotes que chegam de primos e tias.

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