sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ser um verdadeiro Pai Natal

O Tomás entrou em Setembro para a escola e conquistou o direito a receber semanada, sempre que cumprir exemplarmente os seus deveres de estudante. Desde então tem poupado todo o seu dinheiro, e um dos seus programas preferidos é ir ao banco depositá-lo. Esse cerimonial é tão importante para ele que logo da primeira vez memorizou a cara do senhor que o atendeu ao balcão. Quando há uns tempos o encontrámos por acaso na rua, o Tomás gritou a plenos pulmões: "este é o senhor que tem o meu dinheiro!", enquanto eu me enfiava por entre as pedras da calçada perante o espanto do pobre senhor e os olhares de soslaio dos transeuntes.

Isto significa que, para o Tomás, gastar um cêntimo seu é-lhe extremamente penoso. Não foi ao acaso que o pai lhe dedicou o livro A Crise Explicada às Crianças: para miúdos de direita e de esquerda, e que nós, cá em casa, o imaginamos como futuro ministro das Finanças.

Ontem, o Tomás foi, pela primeira vez, fazer compras de Natal para oferecer aos manos com o seu dinheiro. Foi um prazer vê-lo tão orgulhoso por ter encontrado uma prenda da lista do Gui (a mais baratinha, pois claro, ou não fosse ele um futuro Vítor Gaspar) e a fazer o troco para pagar na caixa. Guardou o recibo como se fosse uma nota de 500 euros e logo ali, no chão da loja, escreveu no embrulho de quem e para quem era a prenda.

Vai-lhe saber muito bem vestir a pele do Pai Natal na noite de segunda-feira.


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