Escreveu uma leitora:
Estes dois posts (o seu e o da Sónia) fizeram-me muito bem, porque sendo mãe de duas meninas sentia-me muiiiiiiito culpada por não ter a disponibilidade (de tempo, física e mental) para brincar com as minhas filhas as vezes que elas pretendem. E até hoje achava que era um E.T, nesta matéria... Talvez porque (e apesar de vir de uma família em que os papéis de adultos e crianças estavam bem demarcados e definidos e não havia cá “paninhos quentes” para o(a)s menino(a)s) vim cair numa família em que tudo é feito SEMPRE em função das crianças, o que me leva a questionar muitas vezes da minha vocação para ser mãe. Mas pelas reacções ao artigo da Sónia e ao seu post que tenho lido vi que afinal não sou a única. E agora pergunto-me: De onde vem este sentimento de culpa que parece ser transversal à nossa geração de pais?
Receio bem que essa seja a pergunta do milhão de dólares. Eu não tenho nenhuma boa resposta para ela, e não sei se há por aí alguma mãe/ pai/ psicólogo/ psicóloga que tenha. Mas não há dúvida que vivemos num tempo paradoxal: nunca os pais foram tão dedicados aos seus filhos, e nunca tiveram tantos problemas de consciência por não lhe dedicarem o tempo suficiente.
Até pode haver um lado bom nisso, se toda essa auto-reflexão nos ajudar a sermos menos egoístas e mais atentos às necessidades dos outros. Mas quando isso se transforma em angústia e sentimentos de culpa - ainda para mais um sentimento de culpa silenciado, porque admitir publicamente falhas em relação às nossas capacidades parentais ainda é quase um tabu - não é bom para ninguém. Nem para os pais, nem para os filhos.
Eu sou das que tenho sentimentos de culpa. Nem sempre tenho tempo ou paciencia para brincar com eles, mas não é isso que me faz ter estes sentimentos. O que me faz ter estes sentimentos são os seguintes pontos:
ResponderEliminar- sou a única pessoa não paga que passa tempo com eles(o resto é a escola ou empregada)- por isso devia passar mais.
- os meus filhos passam muito tempo dentro de 4 paredes porque só saem quando eu tenho tempo e paciência, o que implica mais horas do que deviam em frente à televisão para não me destruirem a casa.
- têm 3 e 5 anos por isso o tempo passado com amigos, sem ser em ambiente de escola, também depende maioritáriamente de mim.
O que quero dizer com isto é que nos dedicamos mais aos nossos filhos do que provavelmente os nossos pais dedicavam, mas como eles não têm a liberdade que nós tinhamos, estão mais dependentes do nosso tempo e por isso realmente não chega...