Eis os dois últimos parágrafos do meu texto de hoje na revista do CM. Ele nasceu a partir deste post do blogue.
Um amigo meu leu o post e
disse-me que aquilo que eu tinha escrito era horrível, na medida em que parecia
que o que eu queria para a minha vida não era uma mulher, mas uma enfermeira. De
certa forma, ele assumiu-se como o defensor do tal romantismo assolapado e da
intensidade apaixonada de todas as relações, na esteira do mais batido verso de
Vinicius de Moraes: “Que [o amor] não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure.” Um bonito verso,
mas tão certo do seu relativismo amoroso quanto alguns conservadores estão
certos do absolutismo do matrimónio.
Claro está que cada um fala a
partir da sua biografia: Vinicius coleccionou paixões e casamentos e eu sou um
monogâmico praticante. Mas incomoda-me a forma como este olhar sobre as
relações insiste em se tornar monopolista, como se se tivesse tornado do
domínio da evidência que tudo acaba e que amar uma pessoa durante toda a vida é
uma genuína impossibilidade. Estes são os que não percebem Haneke: que amar é sair
de mim em direcção ao outro, e que se eu nunca sobrepuser as suas necessidades
aos meus sentimentos essa pessoa será sempre menos importante para mim do que
eu próprio. Porque o romantismo assolapado e sentimentalóide é, demasiadas
vezes, apenas um egoísmo disfarçado, que nada tem a ver com o verdadeiro amor.
A totalidade do texto pode ser lida aqui. A óptima ilustração é, como sempre, do José Carlos Fernandes.
Concordo plenamente consigo.
ResponderEliminarAmar também é respeitar o outro e faze-lo feliz, por vezes temos que "abdicar"de nós em prol do outro e perceber o que realmente devemos fazer na convivência diária para que ele se sinta bem e feliz.
Tudo de bom para vocês