segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Pesadelos, parte não sei quantos

Hoje acordei às seis da manhã com a minha filha mais a velha a invadir-me a cama:

- Papá, tive um pesadelo horrível!
- Entãrgrtaskkdjs? [isto sou eu a acordar estremunhado]
- Sonhei que estava nos Montes da Senhora, veio um tsunami horrível, e morremos todos afogados.
- Carolina, os Montes da Senhora ficam a mais de 200 quilómetros do mar. Não é possível um tsunami chegar lá.
- Ai não?
- Não! Cala-te e dorme, pá!

Ouçam, eu percebo que os pesadelos venham lá do inconsciente ou o caraças, mas até no domínio onírico há certas regras de plausibilidade que devem ser mantidas.

Um puto ter pesadelos com coisas que não existem e que por isso são impossíveis de acontecer, tipo ser devorado por um lobisomem ou morrer espetado no chifre de um unicórnio, parece-me bem, não tenho nada contra.

Um puto ter pesadelos com coisas que existem e que por isso podem realmente acontecer, apesar de improváveis, tipo um terramoto gigante ou entrar um assassino dentro de casa, cortar a família aos pedacinhos e depois fazer um refogado, também não me parece mal, eu até compreendo.

Agora, um puto ter pesadelos com coisas que existem (como um tsunami) mas que não podem acontecer (o dito cujo galgar 200 quilómetros de terra e ir inundar a Beira Baixa), isso já me parece bastante mal, e deveria infringir um qualquer direito constitucional dos pais estremunhados.

Ser acordado às seis da manhã ainda é como o outro, que um gajo já vai estando habituado. Agora, exigimos pesadelos de jeito, se faz favor.

A Grande Onda de Kanagawa, de Hokusai (1830/1)

3 comentários:

  1. O tsunami da Carolina não terá tido nada a ver com a inundação da madrugada de Domingo causada pelo chichi do Gui?

    ResponderEliminar
  2. :-) Não, a inundação causada pelo Gui já aconteceu há uns 15 dias... O papel é muito mais lento do que a blogosfera.

    ResponderEliminar