terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Faz mal bater às crianças?

A propósito deste post e do tau-tau, escreveu um leitor:

Definitivamente, ainda serão precisos muitos anos (ou mesmo séculos) para que os pais (não todos, felizmente) e a opinião pública em geral (não toda, felizmente) perceba que o castigo físico que muitos pais ainda utilizam para educar os filhos não é legítimo, tal como outra qualquer expressão de agressão de um ser humano para outro (mesmo que seja para afastar a mosca como muitos dizem em sua defesa). Nesse dia, bater num filho (ainda que com o pretexto de estar a educá-lo) será tão condenável como hoje já é a agressão do marido à mulher (agressão esta que outrora também foi prática corrente, aceite e justificável).


Ora vamos cá ver. Em primeiro lugar, seria de bom tom não fazer comparações entre a palmada que um pai dá no rabo de uma criança e a agressão de um marido a uma mulher. É uma comparação de tal modo desproporcionada que nunca dá bom resultado. Mas eu percebo que o leitor tenha chegado a ela, porque todo o raciocínio parte da premissa de que há uma igualdade entre pais e filhos que proíbe o castigo físico ("agressão de um ser humano para outro"), já que ambos são seres humanos.

Recuso em absoluto essa tese. É verdade que ambos são seres humanos, mas não há, de todo, uma igualdade entre pais e filhos, e tratar os filhos como nossos iguais é mau para ambas as partes. A hierarquia pai-filho deve estar bem estabelecida, não tanto por nossa causa, mas por causa deles - é ela que lhes dá segurança. E nesses aspecto, uma palmada no rabo ou uma estalada na mão desempenha o seu papel numa fase em que as crianças são demasiado novas para compreenderem argumentos racionais - ou, mesmo quando os compreendem, insistem ainda assim em passar dos limites.

Pode ser que haja pais fabulosos que consigam, sem recurso à palmada ou ao grito (que eu também pratico muito, às vezes mais do que gostaria), educar exemplarmente os seus filhos. Se assim for, ofereçam-me um workshop, se faz favor. Eu nunca consegui. Até por volta dos sete anos, aquilo que o leitor chama tragicamente de "castigos físicos" a mim sempre me pareceu uma ferramenta educativa essencial. A partir dos sete, a criança ganha uma autonomia, um nível de responsabilidade e de compreensão das coisas que tornam a palmada desnecessária, a não ser em caso de catástrofe comportamental. Há, evidentemente, um altura para parar de bater, como demonstram alguns estudos). Eu não me lembro da última vez que bati à Carolina.

Mas o Gui de vez em quando apanha, sim. E apanha porque, ao contrário de tanto discurso cor-de-rosa, educar também é domesticar. Além de inteligência e racionalidade, nós temos um lado animal fortíssimo, e a civilização, que é aquilo que nos afasta dos bichos, é uma construção milenar altamente castradora. Comer com talheres, lavar os dentes, pentear o cabelo antes de ir para a rua, cumprimentar o vizinho, nada disto são actos naturais. É mais giro comer com as mãos, andar desgrenhado, não falar a ninguém.  Educar é impor, é domesticar, é castrar, e para um libertário é até uma coisa muito feia de se fazer - porque nos uniformiza, torna-nos a todos demasiado parecidos. Mas eu não sou libertário. Sou mais para o conservador, e acredito nas vantagens da disciplina e na imposição de regras que nos ajudam a orientar ao longo da vida.

Toda a gente sabe que os homens são animais racionais, mas depois concentramo-nos demasiado no adjectivo e esquecemos o substantivo. Animais, sim. Somos bichos num eterno processo de domesticação (e muitas vezes a lutar contra ele). E a experiência diz-me que as palmadas que doem não são as que batem com muita força. São as injustas. E essas, sim, eu esforço-me ao máximo para as evitar. 

69 comentários:

  1. Perfeito. Este texto está maravilhoso, bem escrito, bem estruturado, e a mensagem adequa-se perfeitamente à realidade, e á minha realidade que tenho um filho de 18 meses, e que efectivamente de vez em quando leva uma ou duas palmadas... Porque castigo para ele é ir brincar para outro lado e assim ninguem aprende!!!
    Nestas idades a máxima do "mais vale agora chorares tu do que ser eu a chorar!" é efectivamente muito válida.
    Muitos parabéns pelo blog, venho cá diariamente e adoro :)
    Bjs

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  2. Bons dias!
    Quando era pequena, já a minha mãe e avó me diziam:
    "-Uma palmadinha, na altura certa, nunca fez mal a ninguém";
    Sempre fui uma miúda tranquila, mas também tinha as minhas pancas, e se era preciso, lá me calhava. Lembro-me de muitas vezes ter achado muito injusto, mas hoje olho para trás, e não só compreendo como acho que de facto me fez muito bem.
    Lá em casa, os pais sempre foram os pais (educadores e formadores). A linha esteve e continua a estar muito bem definida, porque mesmo com 26 anos, ainda as posso apanhar ;)
    Acredito que para muita gente possa ser complicado entender isto, e talvez por isso hoje em dia, a realidade das crianças seja bem diferente da de 20 anos atrás (para o melhor e pior).
    Obrigada pela partilha do vosso mundo (isto de ser filha única é muito mais tranquilo).
    Mafalda

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    1. Este comentario mostra como bater em criancas e de facto uma cosa muito errada de se fazer. Tenho pena de si Mafalda, e acho q terapia nao lhe fazia nada mal. E preciso ser muito doente para achar q e correcto adultos baterem em criancas. Enfim...

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    2. É isto que não quero que os meus filhos digam quando forem adultos.
      O comentário da Mafalda revela uma aceitação da violência física como sendo normal e até benéfico. Sublinhe-se que o autor do post esclarece que entre pai e filho não há relação de igualdade entre pais e filhos porque quando novos essa diferença é fundamental para a segurança dos pequenos. Mas com 26 anos mencionar a ideia de apanhar com um ";)", dentro deste tópico é desconcertante... espero que não aceite "palmadas" como forma de correctivo. Nem a curto, nem a longo prazo...

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  3. João!
    Adoro a tua forma de escrever, a fluidez racional dos teus textos, envoltos na escrita para divertir ao mesmo tempo que faz pensar :)

    Sou mãe e revejo a minha forma de pensar no texto que li!
    Beijinhos!!!
    Margarida Amorim

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  4. Antes de mais, muitos parabéns pelo v/ blog, que já se tornou de leitura diária obrigatória!
    Quanto ao texto, estou absoluta e totalmente de acordo! Sou Mãe de 2, ainda por cima rapazes, e concordo absolutamente com o que escreveu. Ainda por cima tenho um cão e constatei que a forma de educar uns e outros é muito parecida, de facto.
    E há dias em que de tanto lhes gritar, sinto que estive zangada o dia todo. Mas, de facto, o meu papel não é o de ser amiga deles, mas de ser Mãe, que é muito mais do que isso.
    A corroborar um post já aqui antes escrito, os meus filhos revelam-se educados em casa doutros (tenho plena confiança que não farão disparates despropositados) e na escola recebo sempre elogios, o que só pode significar que o esforço - muito mais meu que deles, que assim que acaba qualquer cena se esquecem do drama - tem compensado.
    Por outro lado, só acrescentar que defendo que os miúdos desde pequenos têm de ser confrontados com a frustração, sobretudo da frustração de não poderem fazer exactamente o que lhes dá na real gana, para que, mais tarde, não se sintam defraudados pela vida nem se sintam infelizes por não fazerem precisamente o que querem quando querem. No mundo há regras e é preciso cumpri-las. E também há o querer dos outros (neste caso dos pais), que é preciso respeitar.
    Só uma última história, para finalizar. Uma vez na escola, quando eu era pequena, perguntaram-me se os meus pais me batiam. E a minha resposta foi: "A minha Mãe não, mas o meu Pai bateu-me uma vez." Ora, a minha mãe sempre me deu palmadas educativas e, à excepção de 2 de que me lembro, por terem sido situações marcantes - 1 injusta e outra um estalo muito bem dado, mas já com 19 anos - não me lembro de nenhum castigo em particular. Já o meu Pai, e lembro-me como se fosse hoje, deu-me uma única palmada no rabo, quando eu tinha uns 5 ou 6 meses e não queria dormir e berrei a noite toda ainda no quarto deles. Vão achar isto absurdo, mas eu lembro-me perfeitamente da cena e lembro-me de que, depois da palmada, chorei ainda mais, de propósito. Não poderá ter doído, ainda para mais por cima de fraldas, mas que me marcou, marcou, pelo inesperado e pela injustiça.

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  5. Não concordo mas compreendo o ponto de vista. Nunca batemos nas nossas filhas e até agora as coisas têm corrido bem. Ainda bem que há familias diferentes! Aquilo que funciona para nós pode não funcionar para os outros.

    bjs.

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  6. Admiro a coragem de admitir que bate nos filhos. Nos dias de hoje parece que é crime dar uma palmada aos filhos. Tenho dois filhos e sempre que necessário lá tem que ser, faz parte da educação, vale mais agora do que no futuro não ter mão neles. Adoro o vosso blog, sou leitora assidua. Beijinhos e felicidades.

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  7. Curiosamente este é um tema de que norte a sul da Europa também tem um gradiente. Pelo que percebo nos países do norte bater é muito condenado pela sociedade.
    Concordo com a opinião do João Miguel. Há momentos em que as palmadas são necessárias. Contudo, ao longo do tempo tenho-me apercebido que os castigos, geralmente sobre forma de os privar de actividades de que gostam, têm um efeito mais duradouro no tempo e são mais pedagógicos no sentido que eles pensam melhor antes de repetir o disparate. O efeito é mais prolongado, ao contrário da palmada, que é momentâneo. Como as palmadas não são dadas para magoar, muitas vezes percebo que preferem levar a palmada e depois continuar com a sua vida. Mas lá está, o sucesso da abordagem varia conforme a criança. E nem sempre os castigos têm timing válido; assim como antes de existir alguma racionalidade não funcionam muito bem.

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    1. Or aqui esta uma observao correctissima, e muito interessante. No Norte da Europa, bater nos filhos e socialmente extremamente condenavel. Compraemos esse facto com a situacao econmica atual dos paises Europeus. Os do Norte sobrevivem bem a crise economica, ja os do Sul...

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  8. Olá,

    Não podia deixar de comentar, pois é um assunto "polémico".
    Concordo com as palmadas e puxões de orelha nos momentos certos e, apesar de perceber o que o leitor quis dizer, acho que não conhece a realidade dos miúdos de hoje em dia. Ainda não sou mãe, mas dei aulas e explicações e só posso dizer uma coisa: os pais são os culpados pela falta de educação e respeito que há, por não saberem educar e castigar. E acredite, os miúdos (desde a primária ao secundário) são mal educados e abusadores. Depois querem que a escola faça milagres, quando um professor não pode tocar no aluno (mas tem de ouvir e ver coisas inacreditáveis, quando às vezes o próprio sofre agressões ou ameaças). Quando estudava, a professora podia puxar uma orelha ou dar uma reguada e não acho isso um exagero. Tal como fico espantada quando alguém diz que o filho levou uma bofetada da professora e a pergunta que fazem é: "E não vais tirar satisfações à professora?", quando a pergunta devia ser: "O que fizeste para merecer a palmada?" Porque um professor se bate, não é porque lhe apeteceu, e acho que os pais não entendem isso. Com base no que vi nas escolhas e até pela forma como fui criada, é preciso impor respeito e até um certo "medo", pois só assim não criamos filhos mal educados, desafiadores, que não sabem respeitar o próximo.

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  9. Como eu concordo com esta fabulosa abordagem... Será que a tal opinião pública que condena os "ajustes" necessários ao normal desenvolvimento psico-social-afetivo de um futuro adulto (obviamente sem exagero nos tais "ajustes"), estará cega para com os EVIDENTES sinais de que algo não vai bem na forma de ser e estar da maioria dos jovens de hoje? Não me digam que, por exemplo, nunca pensaram: ..."estes miúdos não têm respeito algum pelos mais velhos, professores...PAIS..."
    Foi a primeira vez que tive o prazer de ler este blog e acho que vou ficar adepto! Ah, não falo de cor. Sou um felicíssimo pai de uma fabulosa menina de 4 aninhos :).

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  10. Não concordo nada com a palmada seja ela leve ou não, assim como não concordo com o "domesticar" da criança. Os meus pais nunca me tocaram, eu nunca toquei nos meus filhos nem eles nos meus netos. E se, fisicamente, o filho fosse do tamanho do pai? e se o filho fosse portador de deficiencia que o impedisse de entender a atitude do pai? dava-lhe a palmada arriscando levar o troco ou esforçava-se mais para obter o respeito e compreensão do filho?

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  11. Faz mal bater às crianças? SIM, faz mal, muito mal. Bater é o caminho mais fácil, mas certamente não o melhor. Quem bate, simplesmente desistiu!
    Bater é admitir o desamparo, a recaída em formas primitivas de comportamento e sobretudo aproveitar-se de ser fisicamente mais forte.
    Pense num dia mais tarde e imagine os papéis trocados. Digamos que tem 80 anos e não se comporta como o seu filho de 50 anos acha que devia ser. Está correcto se o seu filho der-lhe uma palmadinha ou uma estalada na cara? Dificilmente deverá concordar com esta medida.

    As crianças não devem obedecer só porque têm medo. Educação é ensinar às crianças valores de uma maneira amorosa, consequente e compreensível.
    Sem dúvida que se trata de um processo longo e cansativo que consome tempo, energia e nervos. Mas só assim ensinamos que violência não é solução para resolver problemas/conflictos.

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    1. Com o devido respeito e esperando que não leve a mal a minha humilde opinião, creio que a senhora/senhor não entendeu o objectivo nuclear da abordagem a esta tão melindrosa questão. Quando não percebemos bem o que as frases, e não as palavras isoladamente, transmitem, devemos ler novamente...

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    2. Caro Anónimo,

      Eu entendi perfeitamente o texto e essa é a minha resposta / opinião. Resumindo: Bater é falta de respeito, mesma que seja somente "uma palmadinha".

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    3. Annie, vai-me desculpar, mas desde quando um pai de 80 anos tem de fazer o que o filho quer? Mesmo que more com esse mesmo filho ou dependa dele, não andou toda uma vida a criá-lo para merecer o seu respeito? Aí está, só se não o soube educar é que tem um filho com 50 anos que lhe bata! E o amor é essencial, mas não sempre basta!

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    4. Cara Annie,
      Convido-a a ver assistir a uma aula minha e depois conversamos. E acredite, não tenho reputação de ser uma professora permissiva e tenho uma excelente relação com os alunos.
      "Educação é ensinar às crianças valores de uma maneira amorosa, consequente e compreensível." - só se o meu filho tiver uma formação zen, lamento, mas estas palavras são cor de rosa e não refletem a realidade.
      Eu sou uma Mãe que explica TUDO ao filho, filho esse que tem 4 anos e 8 meses, para ser mais precisa. Faço-o para que comece a perceber o porquê dos castigos ou das palmadas. Ele tem de aprender a lidar com o NÃO, tem de aprender a lidar com a FRUSTRAÇÃO, algo que infelizmente os miúdos de hoje não sabem fazer. Consegue ensinar isso de "forma amorosa"? Se sim, estou como o João, por favor dê-me uma workshop.
      Como alguém aqui já referiu, comigo acontece o mesmo, o meu puto é mt bem educado no infantário e na casa dos outros, fruto da educação que tem em casa e nota-se bem que é uma criança feliz e não é traumatizada só pq é castigada o leva palmada.
      Fico-me por aqui, os maus exemplos com que convivo diariamente são tantos que não vale a pena enumerar mais.
      EB

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    5. Maria Marques, não precisa pedir desculpa, mas acho que um pai de 80 anos devia fazer o que o filho quer desde que seja para o bem do pai....mas não era aí que eu queria chegar.

      Se um filho trata mal o seu pai de 80 anos é porque o pai provávelmente não o soube educar. Mas o que significa "não soube educar" - é aí que se divide o nosso "ponto de vista" ou de dar ou não dar "palmadinhas".




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    6. Annie, concordo consigo a 100%! Bater nunca é legítimo! Dar um estalo a uma namorada é o fim do mundo, mas bater a um ser indefeso, que está a crescer, é educativo?!?!?

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    7. Annie, voce tocou nu ponto essencial q os defensores de bater em cirancas se esquecem. Um dia eles vao crescer e sao os adultos q vao precisar deles. E as criancas nunca se esquecem dos tabefes, ao contrario dos adultos. Falo por experiencia, o meu pai deu-me um estalo uma vez pq perdeu a paciencia. Nunca me esqueci, ao contrario dele q uns anos depois nem se lembrava se sequer me tinha dado um estalo. Anos mais tarde, sendo eu ja adulto e treinado em varias artes marciais, ele fez-me uma coisa pela qual eu podia (se quisesse) te-lo levado a tribunal. A sorte dele foi q nunca nos encontramos depois disso. O que eu disse a familiares e amigso foi: "ele bateu-me uma vez quando era miudo e fiz uma coisa que ele nao gostou. Nunca lhe devolvi o favor, mas o que ele me fez agora justifica q faca.". De facto, se o tivesse visto na altura tinha levado o soco na cara de tal forma q lhe tinha partido os dentes todos. Mas sim, bater nas criancas faz milagres... mas espere so ate eles serem adultos e nao dependerem de si!

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    8. Anónimo,
      O que conta lembra-me algo que aconteceu há muitos anos, e não consigo esquecer: um homem de quase sessenta anos a falar-me do livro "Raising Cain" com lágrimas nos olhos. O pai dele era autoritário e violento como há 60 anos era normal ser. Ele sofreu imenso com isso. O livro explica o que se destrói nos rapazinhos com esse tipo de educação. Ele leu o livro a chorar permanentemente, porque percebia finalmente como as tentativas de o educar lhe fizeram mal, e de onde vinha a sua quase incontrolável agressividade.
      O livro existe também em português:
      Criando Caim - Proteger a Vida Emocional dos Rapazes
      Dan Kindlon, Michael Thompson
      (e acabei de ver que na Bulhosa está a 2 Euros)

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    9. Bater numa criança... só mostra o quanto estamos a falhar como pais... ou porque os estamos a educar mal, ou porque não os conseguimos perceber...
      Bater é covardia... Bater é despejar a frustração de não os conseguirmos educar de forma pacifica...

      Depois, ficam admirados quando os velhotes são abandonados em Hospitais, ou morrem em casa e só são descobertos 10 anos depois!

      Não, nenhum de nós é perfeito... todos nós, em momentos mais desesperantes, caimos na tentação de dar uma "boa palmada" à criança que não pára de fazer "asneiras"...
      Mas se formos realmente "open mind" e se fizermos um esforço para reflectir sobre o o que aconteceu, percebemos que havia outra saída para aquela situação... mas na altura respondemos a um estimulo de forma automática, muito possivelmente pela educação que tivemos em criança...
      Mas se queremos educar crianças para virem a ser pessoas respeitadoras e equilibradas, temos mesmo que repensar na forma como tratamos a sua infancia...

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    10. Eu levei palmadas no rabo quando precisei e sabia bem que pelas coisas que estava a fazer as ia levar e bem merecidas!! No entanto amo muito os meus pais e agradeço as palmadas que me deram!
      A questão é dar as palmadas porque realmente a criança se portou mal, e muitas vezes eles próprios têm noção disso (como eu), ou se as palmadas já são derivadas de impaciência dos pais que muitas vezes estão demasiado ocupados a enviar sms e a ver televisão para tomar atenção ao que o próprio filho tem a dizer!!
      Assisti há uns anos uma criança de 8 ou 9 anos a dar um estalo à mãe em plena esplanada de shopping, o que é que a mãe fez?! Nada...no mínimo levava-o à casa de banho e num meio mais privado dava-lhe uma palmadita no rabiosque...pela demora que provavelmente teve na resposta não adiantava recriminar a criança mais tarde, ela nem se lembraria do sucedido...

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  12. Finalmente algum bom senso nesta questão... aleluia!

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  13. Eu subscrevo integralmente este texto.
    Eu queria não bater (ou sacudir o pó como se diz aqui no Porto), eu queria não gritar, eu queria não castigar... mas não é possível. Eles precisam de perceber os limites, percisam de aprender as regras e infelizmente não nascem ensinados! Assim sendo como mãe é minha tarefa de criar crianças felizes mas educadas, crianças alegres mas comportadas, crianças mexidas mas cientes dos seus limites! E crianças educadas vão ser adultos educados... crianças "não-educadas" vão ser adultos insuportáveis!!!

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  14. Assino por baixo! No fundo somos animais e a linguagem oral vem muito depois, na aprendisagem, do que a física!

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  15. Desde já muitos parabéns pelo texto. Sou da mesma opinião. Somos pais não amigos. E sim é muito importante a hierarquia. Se não criamos crianças e jovens inseguros. Não espanco o meu filho e sei que muitos pais também não o fazem, e a palmada é uma chamada de atenção. Doi mais a nós que ficamos com a palmada na nossa mente que a eles que se esquecem logo a seguir. Concordo em pleno consigo. Parabéns!

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  16. Estou de acordo com quase tudo aquilo que escreves – que uma palmada nunca fez mal a ninguém. Mesmo trabalhando na área da parentalidade positiva e fazendo o ‘walk the talk’ (ou seja, não batendo nos meus), a verdade é que não quero ser mais papista que o papa (esta expressão ganha piada, nos dias que correm).

    E sim, parece que na sociedade em que vivemos é crime zangarmo-nos com os nossos filhos, colocá-los de castigo ou até ‘tirar-lhes o pó!’ Fundamentalismos não! Mas reflectirmos sobre as questões que nos inquietam (porque se estiver ok para nós, então ‘siga a marinha!’) e perceber se podemos fazer melhor pode ser muito interessante.

    Desconhecia os estudos que provam que uma palmada pode ser benéfica mas conheço estudos que provam justamente o contrário. Como em tudo, há estudos para o que quisermos. E como em tudo, há meios termos.

    Estou de acordo que não há, nem pode haver igualdade entre pais e filhos. Simplesmente porque não somos iguais. Somos seres humanos sim!, mas os miúdos estão a crescer e a nossa missão, enquanto pais, é mesmo educá-los, fazê-los compreender quais são as regras da sociedade. E se calhar estamos a falar da mesma coisa mas educar para mim não é domesticar. Educar é humanizar. E nesta humanização encontro a tal castração de que tu falas (no sentido em que nem tudo é possível ou permitido). Educar é explicar as regras e as regras são para serem cumpridas – e a diferença entre nós e os animais é que é no cumprimento dessas regras que a vida em sociedade é possível. E são regras tão simples como não atirar a comida para o chão, como chegar a horas aos sítios, não atravessar no vermelho ou ainda não bater ou chamar nomes. Regras como obedecer a uma autoridade. E os pais são autoridade.

    E é verdade que é a partir dos 7 anos que a palmada deixa de ser necessária
    E porquê? Porque é nessa altura que uma grande parte dos circuítos neurais fazem conexão. E aqui está a informação que falta à maior parte de nós. O cérebro de um ser humano só fica formadinho lá pelos 20 anos. Ora se nós adultos de 30 e muitos anos temos dificuldade em nos controlarmos em muitas coisas, e já temos o cérebro todo formadinho, imagina uma criança de 2 anos que não sabe que não está bem em atirar comida para o chão ou um puto de 4 anos que não consegue gerir a frustração de não ter um determinado brinquedo. A função dos pais é ajudar a fazer essa gestão e pergunto-me se lá vamos com palmadas! Ok, vamos, claro que sim. Ali, logo ali, o puto pára e faz o que queremos. A questão é: o que é que ele aprendeu e o que é que eu lhe ensinei?

    (continua)

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  17. Por isso é que a questão do bater como ‘ferramenta educativa essencial’ faz-me torcer o nariz.
    Se a palmada é a tal ferramenta educativa essencial, para mim só significa duas coisas:
    1) Falta de respeito para com que a criança – porque bater é sempre uma falta de respeito, a quem quer que seja! Pode ver-se a palmada como a tal ferramenta educativa essencial mas antes de o ser estamos a faltar ao respeito a quem quer que seja.
    2) Alguma preguiça – dá muito mas muito mais trabalho pegar na criança, explicar-lhe as coisas uma, duas ou três vezes. Dá muito mas muito mais trabalho pegar na criança e levá-la para outro quarto e conversar com ela – explicando que estamos decepcionados com a atitude dela ( e não com ela!) e procurando entender o que é que a criança tem ou o que é que lhe falta. Qualquer criança que esteja bem tem vontade de cooperar, de ajudar e não dificultar. É uma criança que se porta bem. Siiiiim, fazem birras, desafiam-nos, querem quebrar os limites mas caramba!isso é parte de ser criança. Tal como é esfolar os joelhos!

    E lá está, as palmadas que mais doem são as mais injustas – claro que são – são aquelas em que nos saltou a tampa e não nos fomos capazes de controlar. E o nosso cérebro está todo formadinho! Não tivemos paciência, fomos levados ao limite. Ok, no problem, afinal somos humanos e isso é normal. Mas a bem da verdade, quem se passou fomos nós. E eu sei que há dias em que tenho mais energia e estou mais bem disposta que outros e consigo driblar o cansaço. E há outros que não...


    Como expliquei na entrevista que dei para a revista Pais & Filhos, a questão da autoridade não se coloca. Os pais são quem mandam em casa. ‘O papel dos pais é estabelecer limites e regras, escutar a criança e dizer-lhe para atuar de uma determinada forma, mas explicando porquê, sem ameaças ou humilhações’. E porquê? Porque educar não é um jogo de poder.


    No meu blogue encontras este texto - que vou postar agora - com hiperlinks para outros textos que podem ser interessantes ler http://mumstheboss.blogspot.pt/

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    1. Gostei! Gostava de ter essa calma com o meu filho, mas quando dou conta já lhe dei a palmada. Vou ter que treinar mais o meu controlo.

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    2. Nem sempre funciona.
      Escreve alguém que tem/teve a mesma visão e nem sempre tudo corre bem. Há miúdos e miúdos.
      Foram muitas as vezes que tentei essa calma, explicar tudo mas eu acabava de falar, virava costas e zás, voltava a cometer o mesmo "crime", com plena noção do que estava a fazer.
      Não devemos adaptar o mesmo modelo para todas as crianças.
      Considero que cada caso é um caso, é certo que devemos ser pacientes, todos os dias me debato com o meu marido por causa de não ser paciente, mas também é um facto que o meu filho, após repreensão volta a cometer o castigo. E mais, como sabe que eu sou mais paciente, não me obedece à primeira e com o pai até fica em sentido. O meu filho está na fase de testar os limites e sabe muito bem que o faz, porque fora de portas, é um santo. Por exemplo, passa os fins de semana nos avós e só oiço maravilhas, os avós não são de fazer vontades, os seus avós são daqueles que educam. Ele tem plena consciência que se portar mal, não volta a ficar fora de casa.

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  18. Visto de longe, depois de ser confrontada com a experiência de criar filhos na Alemanha, nos EUA, na Holanda e na França, frases como "educar é também domesticar" e "uma palmada é essencial" parecem embaraçosamente retrógradas.
    É possível educar crianças sem lhes bater. E educar não é, definitivamente, domesticar - educar é humanizar. Passa por ajudar a criança a entender o que faz, e a querer fazer bem - porque ela própria tem brio em fazer aquilo que considera positivo, e não porque foi condicionada pelos pais.
    Para usar os exemplos dados no texto: nunca vi ninguém a bater nos filhos para os obrigar a "comer com talheres, lavar os dentes, pentear o cabelo antes de ir para a rua, cumprimentar o vizinho". Já vi gente a tirar o prato aos filhos, a lavar os dentes aos filhos, a deixá-los ir para a rua despenteados, e a dar o exemplo de cumprimentar os vizinhos.
    Nos EUA, ficava sempre impressionada com o "time-out": a criança (mesmo com menos de dois anos) portava-se mal, o adulto dizia com voz calma e firme que era preciso fazer um time-out, a criança ia para o quarto e regressava de lá completamente mudada. Sem gritos, sem palmadas.
    http://en.wikipedia.org/wiki/Time-out_(parenting)
    Contudo, o tau-tau e o time-out não resolvem a questão de fundo: porque é que a criança se está a portar mal?

    Finalmente: amigos meus têm um filho com deficiência mental. Nunca desistiram de o educar (sintetizado na frase: "queremos poder ir com ele a um restaurante"), e nunca lhe bateram. Ainda bem que nunca lhe bateram, porque ele entretanto é maior que o pai, e continua a obedecer, mesmo se lhe exigem o contrário do que quer. Pais admiráveis: conseguiram isso apenas com o poder da palavra e da paciência.

    Vou pensar nessa história do workshop - talvez fosse realmente uma grande ideia, e um nicho de mercado. ;-)

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    1. Acho que o comentário é capaz de ser abusivo. Dar uma palmada numa criança mentalmente saudável pode ser considerado normal. Bater numa criança que padece do mal descrito penso que seria crueldade, pois acho que dificilmente compreenderia o porquê disso.

      Atenção que quando se fala em bater, estamos em falar em dar uma palmada no rabo, ou uma palmada na mão, não mais do que isso, pelo menos é ao que eu me refiro.

      Olhando para os EUA, apesar de ser fã do país... talvez faltassem algumas palmadas pelo caminho nalgumas daquelas crianças.

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    2. Ricardo, o que eu queria dizer, com o exemplo do miúdo com deficiência mental, é que mesmo crianças com deficiência mental podem ser educadas sem recurso à palmada - quanto mais as crianças normais.

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  19. Conversar com crianças de 2/3 ou 4 anos?! Vivemos no país das maravilhas, não? As ciranças com 2/3 ou 4 anos estão a aprender o mundo, e precisam de conhecer os seus limites... quem não sabe que quanto mais dizemos "não faças isso", mais eles fazem? Eles são teimosos, desafiadores, inconsequentes... o recurso à palmada claro que tem que ser o ultimo recurso, mas se eles não obdecem temos que ter outro recurso, porque apesar de isto nao ser um jogo de poder, na verdade, quem manda SOU EU, por isso ele bem ou mal tem que fazer o que eu digo (que nunca será para o prejudicar!!) É uma visao fria mas necessaria. Os adolescentes de hoje estão "podres", nao têm valores incutidos, não respeitam os pais, sao viciados em pc, drogas e sexo... ahh claro...assim estão melhor não é? Fazem tudo o que querem porque os pais foram premissivos... tem que haver respeito mutuo!!! Dar uma palmada (que nao é espancar) não faz mal a nenhuma criança!

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    1. Sim, conversar desde sempre e comigo tem resultado com a minha de 4 anos. Além dos castigos contam-se pelos dedos das mãos as vezes que lhe dei uma palmada na mão ou rabo. Compreendo que todas as crianças são diferentes, porque assisto a isso. Por isso, também acho que generalizar que eles são isto e aquilo é excessivo.
      Têm que ter limites, regras, educação, respeito, valores, mas a questão é como é que são transmitidos.

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    2. OK Sophia, os adolescentes de hoje sao "podres", mas quem os tornou assim? Talvez os adultos q preferem bater a trabalharem por uma educacao de jeito. Tenho uma filha de 2 anos, nunca lhe bato e converso sempre com ela para explicar pq e q o que ela fez e mau. Nao so esta a frente dos colegas dela todos em termos de desenvolvimento da fala e compreensao, como nunca faz birra e arruma sempre a confusao que faz. E esta hein?!

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    3. Concordo plenamente com o ser comentário Sophia. Estava a ler os comentários acima e a pensar exactamente isso: conversar? A minha filha tem quase 3 anos e apesar de ser uma criança calma, tem os seus dias... e há dias que posso conversar a bem... explicar... explicar outra vez... conversar mais um bocadinho... que não resolve nadinha. O castigo às vezes resulta, mas outras vezes uma palmadinha dada no momento é inevitável e eficaz. E posso dizer que a minha filha é feliz e adora o pai e a mãe. As crianças precisam da segurança que a educação lhes dá. E não é por levarem uma palmada de vez em quando que vão ficar traumatizados ou deixar de "gostar" dos pais. Enfim... esta discussão parece-me ridícula... Mas respeito, e aqui está só a minha opinião.

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    4. Carina, se quer racionalizar as suas limitações como mãe, tudo bem. Percebo que sinta a necessidade de o fazer. Não venha e dizer q não há outra forma, e q esta tudo bem em bater nos filhos e q e assim q deve ser. So porque e a única forma q você conhece, não quer dizer q seja a única forma eficaz. Não sou um pai perfeito, mas nunca bati na minha filha e não e por isso q ela e mal educada, mimada, etc., etc.. O que e ridículo e esta constante racionalização para justificar maus hábitos parentais. E apenas a sua opiniao, mas tb e a opiniao dos Talibans q se justificar bater em mulheres. Enfim...

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  20. Ainda ontem o meu mais novo (2 anos) teve de levar uma palmada na mão, por duas vezes, porque estava a puxar o cabelo do mais velho (4 anos), que não é capaz de bater no irmão mais novo. Ia convencê-lo a largar o cabelo do mano com conversa? Mais cedo teria um filho careca... Ao mais velho, apesar de por vezes ainda levar algumas palmadas nas nalgas, já começa a ser raro. Já quanto à gritaria, de facto é o prato do dia.

    E com um(a) terceiro(a) a caminho, o festival promete continuar e subir para patamares ainda desconhecidos...

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  21. Ora eu tenho algumas dúvidas que uma gritaria não seja mais prejudicial do que uma palmada na hora H... Vou com 3, e o mais pequeno, quase com 2 anos, apanhou uma pequena palmada nas mãos, já por duas vezes e pelo mesmo motivo: chegar com os dedinhos junto das fichas elétricas (acho que já perdeu a vontade) - dado que ele não acatou às primeiras vezes com um simples ralhete, foi um mal necessário: acho que não ficou traumatizado, e não deixou de ser feliz, mas mesmo assim, antes choroso por uns momentos, do que ficar "agarrado" à corrente elétrica lá de casa: para grandes males... grandes remédios!´

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    1. bem, eu coloquei tampas especiais para tapar as tomadas, e reduziu em 40% as vezes que grito diariamente ;)

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    2. Stuka: pois, eu também, mas isso só soluciona o problema lá em casa. Se a crianca nao perceber que NAO pode meter os dedos nas tomadas, o que é que faz quando está num local onde nao há tampinhas? Nao acredito que consiga estar 100% do tempo atento à crianca e todos nós sabemos que eles sao mais velozes que o Flash Gordon, quando se trata de fazer asneiras.

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  22. João Miguel: Li este post porque me debato com esta questão diariamente (sem exagero). É um problema mas sobretudo para mim. Mas os meus filhos pedem-me e, ao contrário do leitor, eu esforço-me por fazer o que os meus filhos me pedem. E tantas, tantas vezes os meus filhos pedem, imploram uma palmada. Precisam da palmada. Reclamam que eu os obrigue a acalmarem-se e a virar a página porque não conseguem lá chegar sozinhos.
    Se este leitor é pai e não dá palmadas, a excepção não é certamente a sua escolha (também eu escolho não dar palmadas - isso é muito fácil): a excepção estará nos filhos se é verdade que não pedem.
    Leonor

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  23. Claro que não gostamos de gritar, falar alto, ralhar ou dar uma palmada, mas às vezes tem de ser. E isto de educar é mesmo difícil e nem sempre os miúdos lá vão só com conversa. E às vezes para acalmar aquela birra descontrolada um palmada no rabo é a única solução, seguida de conversa sobre o que aconteceu e depois, como ele diz, fazemos as pazes. Acho que só a mãe do Ruca é que consegue tudo com aquela calma e a voz suave, pelo menos enquanto eles são pequenos e estão na fase em que nos querem desafiar e testar. O meu filho fez 3 anos e tenho outro rapaz a caminho. Bjs

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  24. Confesso que não costumo ler o blog, mas só por este excelente post caiu nas minhas graças!

    Há muitos pais que não sabem o que é ter filhos rebeldes! E por isso é muito fácil falar :) Crianças e jovens, naturalmente calmos...

    E não, não é da forma como são educados, ou nunca viram irmãos completamente diferentes em termos de feitio??
    Dou um exemplo, a minha Ana tem um irmão (Filipe) com diferença de ano e meio, ela praticamente nunca levou uma palmada, já ele só resultava na base do estalo e com sorte! Ela sempre foi calminha, junto à saia da mãe, já ele era um diabrete de todo o tamanho, só fazia asneiras, partir coisas, fugir os pais...! Ora os pais são os mesmos, a educação também foi basicamente a mesma! Mas os feitios completamente diferentes! Hoje eles tem cerca de 25 anos e ele reconhece que só levando porrada é que se acalmava, diz que levou muita porradinha mas que sabe que foi assim que endireitou e que não fez muita coisa porque tinha medo da porrada que ia levar a seguir, não do sermão, dos castigos, esses ele não tinha medo, tinha medo da porrada mesmo... É frio dizer isto e pode parecer violento, mas se é essa a solução para eles aprenderem, então levem sim umas boas palmadas!

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  25. O que é que as crianças portuguesas têm, que são assim tão diferentes das suecas, e só com palmadas é que se resolve? Ou será que as crianças suecas estão mal educadas?

    Ao contrário do que alguém diz em comentário anterior: nos países onde as crianças deixaram de ser educadas com violência física verificou-se que o consumo juvenil de drogas diminuiu, bem como a violência física entre jovens e a taxa de suícidio juvenil. (Por exemplo: estudo de Emmanuel Nicolás Kuntsche & Matthias Wicki, síntese aqui, em alemão: http://psychologie.stangl.eu/artikel/eltern-kind-schlagen.shtml)
    Na internet não faltam estudos de psicologia sobre este assunto. Mas ainda não encontrei um único que diga que as crianças precisam de apanhar. Em compensação, muitos alertam para um problema que está bastante evidente nesta caixa de comentários: pessoas que foram educadas com palmadas têm tendência a reproduzir esse comportamento depois com os seus próprios filhos.
    "Praticamente sem exceção, que esses estudos demonstraram que a punição física foi associada com maiores níveis de agressão contra os pais, irmãos, colegas e cônjuges" - mais aqui: http://delas.ig.com.br/filhos/educacao/2012-02-08/bater-para-educar-torna-criancas-problematicas-afirma-estudo.html

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  26. Consumo juvenil de drogas e taxa de suicídio juvenil? Quando falamos de crianças de 2-3 anos???
    E as crianças suecas são assim tão bem educadas? Sabendo-se que os países nórdicos têm grandes problemas com taxas de suicídio e também de alcoolismo? Falamos de felicidade ou de riqueza???

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  27. Adoro quando oiço os adultos repreenderem os miúdos com uma palmada e em simultâneo um : "Ai, ai, ai não se bate, assim o(a) menino(a) está a ser mau(má)...!"
    Acho que com isto digo "quase tudo", o resto está aqui: "http://mumstheboss.blogspot.pt/2013/02/faz-mal-bater-as-criancas.html"
    Contudo, é de se lhe tirar o chapéu à forma como escreve e fundamenta os seus pontos de vista João.
    :)

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  28. Lendo alguns dos comentários, até parece que "sacudir o pó" é sinónimo de espancar!!! CREDO!
    O meu Tomás leva umas palmaditas de vez em quando, é uma criança feliz e sem traumas aparentes! :)
    O mais engraçado disto tudo é que a minha geração (1974) levou umas sacudidelas com frequência e não precisava de psicólogos e psiquiatras para ultrapassar "traumas" e frustrações e, hoje em dia, é assustador (pelo menos para mim) o número de meninos que vão a consultas deste tipo... :(

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  29. em Portugal é CRIME bater às crianças. responderei com mais calma quando tiver um pouco mais de tempo pois sou mãe de 3 filhos 2 gemeos. e não, não bato nos meus filhos e acho humilhante e bárbaro a prática da palmada.
    xana

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  30. Pois eu tenho duas filhas e como já foi referido em algumas respostas totalmente diferentes... se na mais velha não me lembro de lhe ter dado mais de uma palmada em doze anos, na mais nova já lhe perdi a conta... cada criança é um ser individual com as suas qualidades e defeitos e ( na minha modésta opinião) não se pode permitir a uma criança que tem um feitio dificil fazer o que quer só para não estar sempre a " sacudir a mosca"... nunca deve ser a primeira reacção mas ao fim de tantos avisos ás vezes lá tem de ser... Neste momento encontra-se com dez anos e tem um comportamento muito bom... o que não aconteceria de certeza se não fosse travada na hora certa...
    Quanto ás outras opiniões são todas dignas de respeito mas não entremos em exageros!!!
    Parabéns pelo post :)

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  31. Sigo este blog desde o primeiro dia, embora não tenha o hábito de comentar, mas não pude de deixar o fazer.
    Sou mãe de 3 filhos e garanto-vos que em 16 anos apenas tive recorrer uma vez á palmada ( isto á filha mais velha), agora aos mais novos... ( 2 rapazes) já não posso dizer o mesmo... de facto é um ultimo recurso, mas os temperamentos de cada filho são tão dispares que apesar de ter defendido durante muitos anos "o não recurso á palmada" vejo-me recorrentemente sem outra opção.... e sinceramente são crianças felizes, saudáveis como todas as outras...

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  32. Adorei.
    Eu sou mãe de 4. Um deles é adolescente..tem 15 anos e este fim de semana puxei-lhe literalmente a orelha..porque uma palmada no rabo faria doer-me a mão...e isto porque, depois de muitas conversas civilizadas, achei que era o momento de o chamar à razão de outra forma...e disse-lhe que não gostei de ter que lhe puxar a orelha depois de tanta conversa...mas acho que ele percebeu...finalmente!Ah, e pediu-me desculpa!

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  33. As únicas vezes que me apeteceu bater na minha filha foram aqueles em que perdi a paciência. Felizmente, no meu caso, há um abismo enorme entre pensar e fazer. Consegui-me aperceber com toda a clareza que se lhe batesse seria para descarregar a minha irritação, e não para educa-la.
    É possível educar sem bater e sem cair na permissividade; dá mais trabalho, requer mais imaginação, mas da-nos a oportunidade de crescermos como indivíduos. E depois de se apanhar pratica torna-se muito mais fácil.
    Pensem lá: porque é que a única forma de violência aceite é aquela que é exercida sobre os cidadãos mais desprotegidos, as crianças? Um absurdo......
    E um dia os nossos filhos, e netos vão se aperceber desse absurdo.

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  34. O tema torna-se, sem dúvida, controverso se as pessoas não souberem/conseguirem distinguir o conceito de bater (acto violento) da prática de dar uma palmada ou um estalo como auxílio à educação dos próprios filhos.
    É claro que não podemos pensar em dar estalos, palmadas ou réguadas a torto e a direito, por tudo e por nada, porque isso seria precisamente contraproducente. Gritar e castigar com frequência geram comportamentos inversos àqueles que se pretende que as crianças tenham e, por norma, tornam-se "maus" adultos. Mas dar uma palmada como forma de demonstrar que quando se aje mal existem consequências, creio que isso pode ajudar em muito na formação de um ser humano...
    Afinal, enquanto filhos, as palmadas educativas que levamos fizeram-nos algum mal?!

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  35. Na maior parte das vezes que tenho esta discussão (e discussão no sentido de partilha de ideias e opiniões), apercebo-me sempre de algumas ideias que me parecem incorrectas:
    1. Ausência de castigo físico não significa ausência de disciplina e rigor por parte dos pais e consequentemente sinónimo de crianças mal educadas e sem limites: nós não batemos nas nossas filhas e várias vezes temos sido criticados por terceiros de que somos muito rigorosos e exigentes quanto à disciplina delas; por outro lado também temos recebido elogios por parte das educadoras quanto aos seus comportamentos e disciplina (assim como já recebemos algumas queixas como é normal com qualquer criança que anda na escola e que fazemos questão não só de saber como intervir para que não se repitam). Ausência de castigo físico significa a utilização de outras estratégias que não impliquem a palmada pedagógica, afastar a mosca, enfim, poderão utilizar os eufemismos que entenderem para o que não passa de agressão física. Procuramos estratégias como privá-los de determinadas coisas que gostam (desenhos animados, brinquedos, levar as roupas que gostam, etc.). Sim, às vezes com o cansaço esgota-se a imaginação, mas acredite, em quatro anos e meio em que sou mãe foram raras as vezes em que tive a tentação para dar uma palmada, sim porque a tentação está lá, fruto de ter sido educada dessa forma (e acreditem que as minhas filhas testam bem os limites), mas sempre senti que esse gesto serviria apenas para descarrego da frustração e ira que sentia no momento e não propriamente para educar. Considero actualmente que um gesto desses seria como dar uma bofetada ao meu marido (ou vice-versa) numa discussão exaltada…
    2. Concordo consigo quando diz que não há uma igualdade entre pai e filho: existe, de facto, uma hierarquia a diversos níveis (física, psicológica, etária, de autoridade, etc.), mas isso não significa que quem tenha uma posição de vantagem nessa hierarquia (neste caso os pais, se não estamos mal) signifique que tenha o direito em exercer o castigo físico sobre aquele(a) que está numa posição diferente nessa hierarquia. Foi essa linha de pensamento que levou a muitas atrocidades na história da humanidade….As hierarquias bem estabelecidas conseguem-se através do respeito mútuo e da definição de estatutos e de papéis num determinado contexto, neste caso, familiar.
    3. Quando as crianças são demasiado novas para perceberem argumentos mais racionais, cabe-nos a nós, adultos, adaptar o nosso método e forma de disciplinar à sua faixa etária: quando eu tenho necessidade em disciplinar a minha filha de 15 meses e para que ela perceba que estou a reprovar um comportamento dela coloco-a por exemplo na cadeira de alimentação (da qual não consegue sair sozinha) e firmemente digo “Não!”. Acredite, quando ela repete o comportamento (porque repete, porque não há estratégias milagrosas), ela já tem uma postura que me indica que sabe que está a fazer mal e isso já é importante para mim: significa que percebeu que aquele comportamento é reprovável o que me leva a acreditar que mais cedo ou mais tarde e repetindo o castigo sempre que o comportamento indesejável se repetir, ela acabará eventualmente por não o fazer. Isto não é teoria, acontece na minha casa todos os dias.
    (continua)

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  36. (continuação)
    4. Nós não somos pais fabulosos. Não é por não batermos que nos elevamos a esse estatuto. E infelizmente também grito e muito! Também perco a cabeça, também cometo injustiças nalgumas punições e às vezes tenho a sensação que estou viciada no “Não!”. Digo-o quase como reflexo e depois reflito que até poderia ter dito “sim”… mas a minha mais velha tem agora 4 anos e está na fase de se afirmar a todo o custo o que me leva ao cansaço e à exaustão e às vezes na obsessão de não ceder tenho a sensação que me tornei demasiado intransigente…Mas, simplesmente não bato! Mais uma vez: disciplina e imposição de regras (que para mim são essenciais na educação de um(a) filho(a)) não significa necessariamente a utilização do castigo físico.
    5. Na minha forma de ver esta questão como muitas outras questões polémicas sobre o comportamento humano, não se muda de um dia para o outro, porque se lida com tradições, a própria história, educação pessoal e familiar das pessoas. Como sabe as mentalidades levam tempo, muito tempo a mudar e a legislação é importante mas não é solução para o problema como em muitas outras matérias. Mas por isso é que estas discussões são importantes, porque haverá um dia em que o click se faz nas nossas cabeças e passamos a pensar de outra maneira: hoje tenho vergonha em ter defendido o castigo físico na educação dos filhos numa aula de psicologia do desenvolvimento (sim, porque também eu fui educada dessa maneira e até muito tarde considerava que essa seria a única forma possível e legítima de educar como deve ser o(a)s filho(a)s)), felizmente, antes de ter sido mãe comecei a ver as coisas de outra forma e perceber que de facto não faz sentido nenhum (e não foi na faculdade que isso aconteceu) … acredito que nisto como em tantas outras questões polémicas todos tenham que fazer o seu caminho individualmente para que a mentalidade colectiva se altere um dia…
    6. Peço desculpa pelo tamanho da resposta, mas como fui eu a responsável pela citação que transcreveu achei que seria importante clarificar algumas ideias. Uma última nota: não acho que os pais que castigam os seus filhos à palmada sejam necessariamente maus pais, simplesmente acho que têm um percurso a fazer (como eu terei de fazer relativamente a outros assuntos) no sentido de se questionarem sobre este assunto.

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  37. Não sou mãe, mas parece-me que uma palmada no rabiosque no momento certo faz milagres! Levei as minhas palmadas e não morri por isso. Pessoalmente não gosto de ver bater nem nas mãos nem na cabeça! Mas nunca me bateram sem explicar bem porque me estavam a bater, bem como o que deveria fazer para não voltar a levar outra palmada, e isso para mim é educar!

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  38. Estou plenamente de acordo! Como pais de 3... de 3, 4 e 7 anos... damos por nós a dar ocasionalmente uma palmada ou um grito, ou um arregalar de olhos com o dedo indicador no ar.

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  39. http://ktreta.blogspot.pt/2013/03/treta-da-semana-arreia-lhe-enquanto-nao.html

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  40. Claro que uma palmada (não estamos a falar de espancamento) não é a melhor opção, mas por vezes é muito eficaz! É raríssimo bater nos meus filhos, no entanto compreendo e concordo com a visão do João! A visão da "mum's the boss" é para mim mais orientativa, mas julgo que, como sempre, o importante é tentarmos ir sempre fazendo o melhor, de forma muito consciente!

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  41. Isso é um absurdo o que proclamam aqui,claro que é necessário dar umas palmadas sempre para corrigir,se você educa bem talvez não precise deste artifício,mas tem crianças que só faltam cagar na cara dos pais,isso porque os pais são tremendos imbecis que deixam a gurizada fazer o que quiser.Eu mesma apanhava da minha mãe de vez em quando,mas em compensação cresci e continuo bem educada,jogo meu lixo no lixo,sou honesta(embora essa sociedade seja uma puta vergonha que dá revolta agir corretamente),trabalho,pago minhas contas,respeito o próximo,enfim.Espancar realmente acho um absurdo,mas uma palmada ou outra não mata.Quando vejo uma criança fazendo birra em supermercados,filas de atendimento,etc,que começa a se espernear ou se jogar no chão ,como não posso fazer o papel da mãe,dá uma vontade enorme de diferir um belo tapão de mão cheia na cara,não da criança,mas da mãe ou pai(filhos da puta que cedem demais às suas horrorosas criancinhas,pois acham que ter filho é uma maravilha,lindo superlotar o mundo de mais e mais gente e que as pessoas tem que entender que seu filhinho faz birrinha porque é uma criança,portanto devem tolerar os choros irritantes e as manhas delas.Ainda não sou mãe,acho importante dar amor e carinho,mas eu prefiro dar a um cachorro,pois sei que sempre será reciproco.

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  42. boas pessoal eu li este blog e ja vi varias opinioes.gostava pedir a vossa sobre meu caso tenho um bebe com 21meses.ele ate 18/20meses era bem comportado e fazia o que mandavamos.desde 21 meses sempre que esta em casa sozinho com mae e comigo ele grita porque quer abrir frigorifico e nos nao deixamos,ele grita porqe mae esta tomar duche e ele quer abrir porta,ele grita porque quer mexer tudo para partir...resumindo ja tentamos a historia de o castigar(polo de castigo carro,varios)nada resulta,palmada rabo tambem nao funciona quando acontece ainda chora mais,ele so ta calado com a avo(que infelizmente esta sempre defendelo e deixa-o fazer quase tudo que quer.ate a meio da noite nos queremos mudarlhe a fralda e ele passa vida gritar eu proprio começo ter vergonha desta situaçao por causa dos vizinhos eu moro predio alugado e moro lado minha mae e ela sempre netinho chora cria guerras ridiculas com minha mulher dizendo ela incompetente etc,pior costuma ate falar que neto nao se cala e que as vezes leva palmada rabo as amigas que ainda lhe dao razao.sinceramente nao sei qual melhor atitude seguir neste caso,propria pediatra dele diz metodo infalivel sao palmadas rabo mas nao sei,isto esta tornarse sufocante nao batsa criança chorar,como ter de aturar discusoes da minha mae sobre minha mulher ser incompetente.eu acho que as vezes os avos tambem tem um pouco culpa da ma educaçao das crianças porque tem sempre mania mandam pais.eu li praticamente tudo que voces postaram e minha opiniao e seguinte eu tenho 33 anos e no meu tempo sempre fazia algo errado levava palmada,sou tempo ate para aprender tabuada levava palmada,nunca me droguei,nunca andei cair de bebado e nunca faltei respeito meus pais.a geraçao actual de adolescentes nao fazem pais mandam,ofendem-nos,roubam-nos e for preciso para as coisas deles,e pior fazem coisas ridiculas nas escolas...a pergunta que deixo no ar e seguinte porque e esta geraçao assim e nossa nao era??simples a maioria de nos apanhava tareias por tudo e por nada e agora e que se ve

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  43. Não quero entrar no mérito de qual é o método educacional mais correto. Em minha família são 3 irmão homens. Que apanharam e muitas vezes. Hoje adultos, nenhum deles tem depressão, nem são agressivos. E mais que isso, todos os 3 são pessoas boas, com boa educação, honestos e que amam e muito seu pai.

    E admito que pelo que me lembro, mereci as palmadas que tomei.

    Não é um ato de espancamento umas palmadas na bunda, ali não tem nenhum órgão vital, doía, marcava, mas no dia seguinte eu estava jogando bola já.

    Será que o método educacional dele era tão errado?

    Agora vamos pensar por um outro lado. Como pode um pai responder pelos atos de um menor de idade que roubou ou matou sendo que ele teve que educar a criança a maneira que sociedade acabou impondo?

    Eu em minha humilde opinião, achou que uns tapas na bunda as vezes se faz necessário.

    Vejo isso com o passar dos anos, isso era muito comum antigamente, até o professor usava desses métodos. E hoje com essa sociedade corrompida, cheia de menores infratores, vão falar que antigamente eles estavam errados?

    Acho que é um pouco cedo pra conseguir afirmar que um método educacional recente é o método correto.

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  44. Concordo, em absoluto, com a opinião de João Miguel Tavares. Não confundo violência infantil com educação. Uma palmada na mão ou no rabo, perfeitamente contextualizada, com fundamento num comportamento inaceitável da criança (exemplo: bater nos pais; partir objectos) e proporcionada relativamente ao comportamento, não pode, quanto a mim, ser confundida com violência infantil, que associo a um acto físico gratuito, de intensidade desproporcionada e com consequências físicas e psíquicas graves para a criança. Também não entendo que uma palmada contextualizada seja prior do que fechar uma criança no quarto. Apesar de não envolver contacto físico, a segunda parece-me mais violenta do que a primeira.
    Também pretendo, desde já, inscrever-me no lírico workshop sobre "Como infalivelmente educar a seu filho poupando-o a uma palmada na mão ou no rabo quando o seu comportamento ultrapassa o limite do que lhe parece razoável". Também gostava de compreender, mas confesso não conseguir, como explicar racionalmente a uma criança de pouca idade o que deve/pode ou não fazer, se o seu próprio desenvolvimento neurológico, até determinada idade, impede que tal suceda. Em determinada idade, o desenvolvimento infantil não se caracteriza por comportamentos racionais, mas sim emocionais. Tenho um filho de 31 meses, atento, curioso, expressivo, enérgico e doce. Mas, como a grande maioria das crianças nesta faixa etária, faz birras. Sempre tento caracterizar o seu comportamento, explicar-lhe que é desadequado, que o desaprovo e por que o desaprovo. Tudo em linguagem adaptada ao que eu sei que ele compreende. Findo o discurso, deixo-o continuar a birra, sem dar-lhe atenção. Quando a birra acaba. Volto a explicar por que não gostei do comportamento dele e que tal me deixou triste. E sei que ele entende. Mas se a birra degenera, como algumas vezes, em bater-me com os pés ou com as mãos, não assumo que esteja a sofrer de violência física por parte do meu filho de 31 meses (porque efectivamente, não somos iguais: ele é um ser humano em desenvolvimento, eu sou o adulto a quem a sua educação está confiada). Mas ensino-lhe outra coisa: que toda a acção gera reacção. E leva uma palmada. Para perceber que a violência gera violência. E explico-lhe que, se não bater na mamã, a mamã não lhe bate. E fica no castigo (sentado na sala) a pensar no que fez à mamã. E garanto que percebe o que lhe digo. Porque, passados uns minutos, vem dizer-me que se portou mal e não bate mais na mamã e que me quer dar um beijo e pedir desculpa (o que também lhe ensinei, em caso de mau comportamento para com qualquer pessoa). Claro que, numa próxima birra mais violenta, voltamos ao mesmo. Também é por repetição que as crianças apreendem. Toda a acção, positiva ou negativa, terna ou violenta, gera uma reacção. Ensino-lhe isso com a mesma naturalidade que elogio efusivamente o seu mais pequeno comportamento positivo. Para transmitir-lhe auto-estima e orgulho em si-próprio. Para que possa progredir no seu desenvolvimento. Os pais são uns amigos muitos especiais. Porque são os únicos amigos responsáveis por ensinar a distinguir o bem do mal.

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  45. Só acho muito triste que as pessoas fiquem chocadas quando se bate nos animais ou o marido bater na mulher (e vice-versa) chegando a ser crime, mas no entanto essas mesmas pessoas acham normal bater-se em crianças indefesas que nem se conseguem defender! E sim, basta uma palmada no rabo ou na mão para ser bater e ser violência, além de ser humilhante.

    Tenho uma filha com 2 anos, sigo o método Montessori de educá-la e poucas birras faz e quando faz facilmente a distraio com outra coisa. Nunca lhe bati ou dei palmadas e acho que quem faz isso é duma prepotência extrema. Tenho muita pena que não saibam educar com carinho e respeito e sem violência. As crianças aprendem por exº e por aquilo que os pais fazem. Se lhes damos palmadas e batemos, é assim que lhes estamos a dizer que se lida com os problemas e que usar violência é normal.

    Tem de haver um meio-termo entre dar tudo o que a criança quer sem dizer não e o outro extremo de bater e dar palmadas. Tanto um extremo como o outro é que criam esses adolescentes e adultos com problemas. Havendo um meio-termo em que se sabe dizer não sem bater e com respeito, criamos crianças e adultos preparados para o futuro.

    O mundo já tem violência a mais, evitem-na dentro de casa.

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