quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lolita nas paredes

O Lolita de Nabokov é um eterno espectro sobre a cabeça da humanidade, um livro onde a absoluta imoralidade é elevada à condição de arte (Pedro Almodóvar fez o mesmo connosco em Fala com Ela, onde a violação de uma mulher em estado de coma é transformada à nossa frente num profundo acto de amor). Agora, um novo livro, chamado Lolita - The Story of a Cover Girl: Vladimir Nabokov's Novel in Art and Design (sai dentro de dois dias e já está disponível em pre-order na Amazon inglesa), analisa as subtilezas do tratamento gráfico que as capas do livro foram tendo ao longo do tempo, e convoca uma série de designers para fazerem novas propostas para o livro de Nabokov. Há várias ideias originais, mas uma delas é do outro mundo, e talvez seja mesmo a primeira vez que uma capa está à altura da obra-prima original. É assinada pelo designer britânico Jamie Keenan:


Quão pervertido é preciso alguém ser para ver as pernas e as cuecas de uma miúda de 12 anos no canto de um quarto? Não faço ideia. Mas posso garantir-vos que nunca mais vou olhar para um tecto da mesma forma. A melhor arte é isso, suponho eu - altera-nos a forma como vemos certas parcelas do mundo. Já encomendei o livro, como é óbvio. E vou passar a seguir o trabalho deste senhor Keenan com a maior atenção.

11 comentários:

  1. Curioso, bizarro... mas muito assertivo. Sim, a arte é isto, o incómodo e perturbador têm que lá estar.

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    1. A arte pode ser perturbadora e incómoda, concordo, mas discordo que tenha de o ser!

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    2. Posso corrigir: para ser arte talvez não tenham que lá estar, mas na minha opinião essa é a arte que perdura e nos marca mais. Aquilo que hoje em dia são obras clássicas e conhecidas de todos, quantas na altura não foram polémicas ou mesmo ignoradas e desprezadas.

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  2. Eu precisei de reler o post para o perceber...
    JMT, pelo que viu ou leu, a ideia do designer era mesmo essa? A de fazer o canto do quarto parecer as pernas e cuecas da Lolita? É que a mim, a imagem tal como está, sem essa leitura, parece adequada... No entanto, agora também eu olho para a fotografia e vejo o que não via antes!

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Não tenho dúvida que a intenção seja isso. É por isso que as paredes são rosa e o tecto branco.

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    3. Não tenho dúvida que a intenção seja essa. É por isso que as paredes são rosa e o tecto branco.

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  3. O mais assustador é que o meu quarto é como o da capa: paredes cor-de-rosa e teto branco. Nunca mais vou olhar para os cantos do meu próprio quarto da mesma forma.

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  4. Demorei um milénio até ver o que dizem naquele tecto. Ou sou profundamente ingénua, ou profundamente inculta e/ou insensível à arte!

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  5. Associado ao livro em questão, não sei como não se pode fazer outra qualquer associação que não esta.

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  6. Qualquer tentativa de chamar arte à taradisse sexual só pode descambar em imoralidade.

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