Quando há cerca de dois anos resolvi atrever-me a escrever livros para crianças tinha várias ideias na cabeça, e decidi concretizar três delas praticamente em simultâneo, porque achei que fazia todo o sentido dedicar um livro a cada um dos meus filhos. Entretanto, a minha capacidade reprodutiva mostrou-se superior à minha produção literária, o que significa que já levo um livro de atraso (a Rita ainda aguarda vez, coitada). Mas nem por isso esta semana deixa de ser um marco: com o lançamento de ‘O Pai Mais Horrível do Mundo’ não só fica completa a minha trilogia inicial, como consegui pôr um filho a levitar pela casa, tão inchado de orgulho ele está.
É que este livro é bastante diferente dos outros dois. O primeiro, ‘A Crise Explicada às Crianças’, é dedicado ao Tomás, mas é um falso livro infantil, com um lado de sátira ao estado actual do país que só os adultos apanham e que exige dos pais uma leitura acompanhada. O segundo, ‘Uma Baleia no Quarto’, é dedicado à Carolina e inspirado numa história que inventei em noite de insónias: uma menina birrenta chora tanto que as lágrimas vão subindo no seu quarto até começarem a aparecer animais marinhos. Este livro já é mais próximo da nossa realidade, pois a Carolina teve, de facto, uma fase muito difícil quando era pequena. Só que hoje em dia é uma rijíssima lutadora de taekwondo, e quando ‘Uma Baleia no Quarto’ lhe chegou às mãos irritou-se à brava por o livro traçar dela uma imagem de menina-chorona, na qual já não se revê minimamente.
O que ‘O Pai Mais Horrível do Mundo’ tem de especial é que não é bem uma história inventada, nem sequer um livro sobre o Gui – ‘O Pai Mais Horrível do Mundo’ é o Gui, na medida em que um menino de carne e osso pode ser vertido em papel. O livro tem uma mecânica muito simples: uma criança (o Gui, claro) protesta por o seu pai estar sempre a corrigi-lo, chateá-lo, castigá-lo, a embirrar com ele e a não o deixar fazer o que quer. É o pai mais horrível do mundo, pois claro – mas também o melhor, porque é o seu. E é absolutamente espantoso como o Gui sente que aquele retrato lhe faz justiça. A um ponto tal que já se assume como co-autor do livro. Nos autógrafos à família, ele senta-se ao meu lado, e depois de eu escrever algumas palavras faz um pequeno desenho e assina por baixo: “Gui”. Concentrado e profissional, como um verdadeiro escritor.
A ilustração (bastante presciente, tendo em conta o que foi o lançamento) é do José Carlos Fernandes.
Parabéns!
ResponderEliminarDiga à Carolina que o livro dela tem sido uma ajuda grande cá em casa. Ameaçar com baleias tem sido uma óptima terapia de choro:)))))
ResponderEliminarParabéns excelente livro !!
ResponderEliminarParabéns a todos os pais.
Boa tarde.
ResponderEliminarHoje, quando cheguei ao infantário, estava uma menina de 4 anos com o seu livro na mão e a contar a história (presumo que decorada) aos amiguinhos da mesma idade.
Meti-me com ela e perguntei-lhe se sabia o título do livro.
Respondeu-me com um rotundo SEI, é "O melhor pai do mundo"
Achei piada; parece que o JMT está a fazer um bom trabalho, apesar da pancada que dá às criancinhas. eh,eh