A vida de uma mamã médica não é fácil. Parece que, para todos os fenómenos que ocorrem no universo do corpo humano, ela está obrigada a conhecer o mecanismo fisiológico que os desencadeiam no exacto momento em que se manifestam.
Ora, para tudo, é preciso paciência.
Há uns tempos, o João resolveu queixar-se aqui de que a mamã cá de casa é uma mariquinhas e que está sempre a virar o agregado familiar do avesso. O que ele queria dizer é que eu passo a vida a policiar os sintomas dos miúdos, marido incluído, para não tomar decisões precipitadas sobre se um sintoma é ou não importante, e evitar assim enfiar-lhes com medicamentos sempre que um começa com febre e outro com dores de garganta.
Ainda na semana passada comentava com uma colega como nos sentimos pressionados pela família quando os miúdos ficam doentes. No caso dela os sogros passam a vida a queixar-se do pobre neto ter uma médica em casa e quase nunca tomar antibiótico quando tem febre. No meu caso tenho um marido que passa a vida a perguntar-me "então pá? O que é que ele tem? Ainda não vai amanhã à escola?", por manifesta dificuldade em compreender que se os miúdos têm alguma virose a abancar no corpinho então não há necessidade de lhes despejar antibiótico pela goela.
Nas últimas semanas temos tido uma fartura de maleitas cá por casa. Entre antipiréticos e anti-inflamatórios, soros fisiológicos, expectorantes, broncodilatadores, máquinas de aerossóis, cinesiterapia e (um) antibiótico fizemos muito pela riqueza das farmacêuticas. Mas o uso de cada um desses instrumentos tem de ser devidamente ponderado (excepto do soro fisiológico, que nunca é demais) e é preciso esperar para não enfiar com tudo ao mesmo tempo em cada um deles. A mãe é médica. Mas não é bruxa.
Imagino que não deva nada ser fácil: eu não sou médica mas mal o meu marido vê uma mancha vermelha a aparecer em qualquer parte do corpo das nossas filhas (elas têm pele atópica), chama-me alarmado como se estivessem com uma maleita horrível, fica à espera do meu veredicto e logo quer besuntá-las com pomadas e unguentos (leia-se corticóide). Tenho sempre de dizer: “calma, vamos primeiro ver se desenvolve ou não" (porque não gosto de abusar do corticóide). Já a minha mãe e irmã ficam sempre desconfiadas sempre que digo que as meninas estão com febre e tosse mas que não corri com elas para o médico e estou a controlar os sintomas com ben-u-ron... Imagino com uma mãe médica em casa deva ser bem pior!
ResponderEliminarisso é dos homens, que acham que as mães, mesmo as que não são médicas, têm que saber o que têm os filhos, seja qual for a maleita...:S...quando se tem uma médica em casa deve piorar um pouco!
ResponderEliminar...eu sou uma verdadeira melga e quando um dos meus quatro tem qualquer coisa, na primeira abordagem ligo ao pediatra...just in case...:)
Gostava que o meu marido visse a parte, dita por uma médica, de que "soro fisiológico nunca é demais". Eu já ouvi isto diretamente de uma médica, mas ele não... e não me dá muito crédito!
ResponderEliminar:) toda a compreensão (e não sou médica)
ResponderEliminarEu acho que os médicos andam a abusar dos antibióticos e não é só nas crianças ...
ResponderEliminarconcordo plenamente com o que disse em relação às doenças. sou mãe de gemeos de 4 anos e educadora de infancia. ora qualquer coisa que façam toda a gente (inclusive marido) está à espera que eu explique porque o fizeram e o que isso pode refletir no futuro. nao ha paciencia...
ResponderEliminar