Não será um Tony Carreira, não senhor, mas apesar do conteúdo da sua obra, também ele é um respeitável homem de família. Num dos seus extraordinários discos (Use Álcool, 2007), ele dedica inclusivamente um tema ao seu jovem neto, precisamente intitulado "O Meu Netinho". O refrão - reparem bem - é de grande elevação poética:
Ai, ai, ai, como é bom ser avozinho
Ai, ai, ai, como é lindo o meu netinho
E apesar de o tema conter a expressão "adoro o teu beijo molhado", ela é, incrivelmente - diria mesmo, miraculosamente -, utilizada de forma 100% inocente. Eis o milagre consumado da grã-paternidade: Quim Barreiros, o mestre do trocadilho, o homem que consegue desencantar a badalhoquice que está escondida a 100 metros de profundidade nas palavras mais insuspeitas (cf. o verso "Banana Pessego", contido no hoje já clássico da música portuguesa "Casamento Gay"), esse mesmo homem consegue subitamente escrever uma letra cândida para o seu pequeno neto, ao ponto de ficar cego às polissemias da letra - afinal, o ramo em que se doutorou honoris causa com indiscutível brilhantismo.
Ora vejam, e comovam-se:
A minha filha mais velha, na inocência dos seus 6 anos, ao ouvir esta música e sem qualquer juízo de valor acerca do cantor, comentou: "É tão linda, esta música!" Acho que se comoveu com os sentimentos do "avo Quim"...
ResponderEliminarNão gosto nem de um nem de outro, mas temos que convir que sao aquilo que anima a populaça (seja com a polissemia de palavreado do Quim, seja com a doçura execessiva do Tony). se levarmos à letra o que é dito nas musicas do sr. Quim, aquilo não tem piada... :) a mente do portugues foge logo para a malandrice... Como diria alguem: "o Português é muito traiçoeiro". Bem aja, JMT, que me animou o escritorio num final de tarde chuvosa... :)
ResponderEliminarSe não fosse por mais nada o Sr. Joaquim de Barreiros sempre teria a vantagem de ter gravado com o Senhor José Afonso...
ResponderEliminarGrande, grande verdade.
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