sábado, 22 de dezembro de 2012

Caetano é f***

Caraças do Caetano, que só me causa problemas. Aqui há meia-dúzia de anos, ele editou uma canção chamada "Porquê", na qual passava três ou quatro minutos a dizer "estou-me a vir, estou-me a vir, estou-me a vir". Parece que o senhor achou imensa graça à expressão, já que ela não se usa no Brasil (do outro lado do Atlântica eles "gozam", não se vêm), e decidiu compor um tema com orgasmos múltiplos em loop (bastante ridículo, diga-se).

Ora, eu tinha ficado de criticar o disco para a Time Out e a Carolina nessa altura tinha dois anos (isto foi em 2006). Como ela ainda mal falava, estava todo confiante de que não perceberia patavina da canção, e eu fui ouvindo o álbum descontraidamente. Até que um dia a apanhei a trautear "estou-me a vir" no WC e apanhei um susto de morte. "Estou-me a vir aos dois anos?!? Imagina que ela vai cantar isto para o infantário!", gritava eu horrorizado para a minha esposa, enquanto ensopava o seu ombro e começava a passar na minha cabeça um filme com a Comissão de Protecção de Menores a entrar-me pela casa dentro.

Agora, o Caetano acaba de lançar um novo disco, chamado "Abraçaço", uma palavra que ele inventou, muito fofinha, e que significa um abraço particularmente carinhoso e sentido. Bonito, não? Pois bem: uma pessoa coloca o CD no carro com três filhos nos bancos de trás, a caminho da natação, e sabem qual é o primeiro tema? Chama-se "A Bossa Nova É Foda". E faz jus ao nome. "Oh não!", pensei eu imediatamente, "outra vez?!?".

Portanto, põe f*** nisso, ó Caetano: eu ia ficando sem a falangeta do meu dedo indicador direito de tanto metralhar o botão do leitor de CDs para saltar de faixa. Bolas, antigamente um gajo conseguia escutar MPB sem este tipo de sobressaltos.

(Mas, claro, como eu imagino que os leitores deste blogue sejam danadinhos para a brincadeira, aqui vai:)


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