quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A mamã é médica #2

Um leitor escreveu: "Agora fiquei cheia de dúvidas... Leite magro para crianças?!? Os filhotes aqui comem pouca gordura, nada de manteigas, margarinas ou queijos gordos, mas a gordura do leite não é importante para o armazenamento do cálcio no organismo? O leite e iogurtes para crianças não devem ser meio-gordo? Os iogurtes magros (excepto os naturais) têm adoçantes artificiais e sempre pensei que não era recomendável para crianças. Isso é mentira?"


Então vamos lá ver. A gordura fornece energia, ácidos gordos essenciais e é imprescindível à absorção de vitaminas lipossolúveis. Portanto, é importante que as crianças em fase de rápido crescimento e  desenvolvimento hormonal e cerebral consumam gorduras. É no tipo de gorduras que elas devem consumir que está o busílis. E na sua quantidade, que varia com a idade e com a actividade da criança. 

O leite de vaca contém três vezes mais gordura do que o leite materno (esse, sim, é produzido com a quantidade ajustada às necessidades da criança), e não estamos a falar, na sua maioria, da gordura "boa", insaturada, que podemos encontrar nos azeites vegetais, frutos secos e peixes gordos. Uma criança com 2-8 anos deve beber em média dois copos de leite (ou o equivalente em derivados) por dia, e entre os 9-18 anos três copos de leite para suprir as suas necessidades.

Quando falava dos lanches dos miúdos para a escola, referia-me às crianças em idade escolar (com mais de 5 anos). A partir dos 5 anos, se as crianças tiverem uma alimentação variada que inclua as gorduras "boas", devemos limitar as gorduras saturadas e as provenientes do leite, bastando-lhes consumir leite magro. Por as necessidades nutricionais serem diferentes, até aos dois anos não se recomenda leite com restrição de gordura, e dos 2 aos 5 o leite consumido deve ser meio-gordo.

Em relação aos iogurtes, estes devem ser magros (excepto para as crianças até aos 5 anos, na lógica do que escrevi para o leite) e de preferência sem adição de açúcar. Os adoçantes, quando ingeridos nas quantidades habituais, não provocam qualquer doença. No máximo, a sua ingestão aumenta a vontade de consumir mais alimentos doces. No entanto, deve-se, por regra, ler com atenção os ingredientes e a tabela nutricional de cada produto, e depois escolher o que tiver menos açúcar, mais cálcio, não incluir aditivos (nomeadamente corantes artificiais, conservantes ou adoçantes) e de preferência ser de tipo "bio"(com lactobacilos de diversos tipos). O ideal é mesmo o iogurte natural magro não açucarado. Mas  é importante ter em conta o paladar de cada criança.

Uma boa dica para os miúdos que não estão habituados ao sabor do iogurte natural magro é juntar fruta fresca, frutos secos ou muesli. Há combinações infindáveis, que dão para surpreender os miúdos todos os dias. A nossa Carolina, por exemplo, é fã de diospiro (bem maduro) misturado com iogurte natural. E lá vai ela de tupperware e colher (todos coloridos, é claro, para dar estilo) para a escola. 

No entanto, como pode imaginar, há múltiplas opiniões sobre o assunto e cada criança tem particularidades que só o seu pediatra ou nutricionista pode avaliar.

2 comentários:

  1. Fiquei esclarecida.
    Como eu acrescento à massa dos pães que confeciono ou frutos secos (nozes) ou sementes (girassol, sésamo ou linhaça), posso, afinal, prescindir do leite/iogurte natural m/gordo na alimentação do filhote mais velho.
    Obrigada pela resposta cheia de conteúdo.

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