A reposta do Martim - "quem ganha o salário mínimo pelo menos não está no desemprego" - fez rejubilar os blogues de direita. Percebe-se porquê. E a ter de escolher um dos campos - estás com o Martim, ou estás com a Raquel? - eu não teria dúvidas em dizer que estou com o Martim.
Mas isso não significa que a preocupação da Raquel não tenha razão de ser. Quando nós olhamos para estas fábricas no Bangladesh de roupa para alimentar a Europa e os Estados Unidos
que depois acabam nisto
é difícil que não exista um estremecimento de consciências. É inadmissível que as pessoas trabalhem nestas condições. Mas eis o que é tragicamente complexo: embora estas condições de trabalho sejam péssimas e inadmissíveis, elas permitiram ainda assim tirar milhões de pessoas da pobreza extrema em todo o mundo. A deslocalização de fábricas americanas ou alemãs para o terceiro mundo, em busca de maiores lucros - a ganância capitalista, como alguns lhe chamam -, possibilitou crescimentos homéricos em países como a China e a Índia. E - pior - é esse mesmo crescimento que hoje em dia está a afundar uma economia como a portuguesa, por exemplo, porque isto anda tudo ligado.
A verdade é que não é possível comprar vestidos tão giros na Zara, na H&M ou na Primark àqueles preços e depois esperar que eles sejam feitos no Vale do Ave pagando 1000 euros por mês a cada trabalhador. Ou seja, há sempre uma linha muito fina a separar o moralismo da hipocrisia. Da economia de mercado se pode dizer o mesmo que Churchill dizia da democracia: é o pior sistema com a excepção de todos os outros. O certo é que, com toda a injustiça que ele promove, a economia de mercado foi responsável, como nenhum outro sistema, pelo melhoramento da vida de biliões de pessoas.
É a chamada mão invisível que Adam Smith teorizou em A Riqueza das Nações: cada pessoa procurando com o máximo empenho os seus interesses individuais acaba por conduzir a uma melhoria geral das condições de vida das sociedades. Nesse sentido, é mais útil à economia o rico que coloca o seu dinheiro a circular à vista de todos (a acusação que me fizeram nos comentários deste blogue - embora, infelizmente, eu esteja muito longe de ser rico) do que o Tio Patinhas com que tenho ilustrado os meus textos, um avaro que adora mergulhar para dentro dos milhões que guarda no seu cofre-forte. Esse, sim, é um mau rico - porque é um rico inútil, que não utiliza o seu dinheiro para melhorar a vida dos outros, criando emprego.
Eu, por exemplo, odeio que me transportem as malas para o quarto de um hotel e nunca deixo as bandejas na mesa num centro comercial. Mas se todas as pessoas tivessem esta minha suposta humildade, o resultado é que alguns empregados de hotel e algumas empregadas de limpeza dos centros comerciais iriam para o olho da rua, porque não seriam necessários.
A grande questão, pois, está em conseguir o equilíbrio entre o empreendedorismo do Martim e a luta pela justiça da Raquel. Ambos são sentimentos altamente louváveis - mas vivem numa evidente tensão na forma como a nossa sociedade está organizada. O nosso eterno desafio, pois, como pessoas que procuram ser justas e contribuir para um mundo melhor, está em viver num estado de lucidez e empatia permanentes, tentando a cada momento destrinçar qual o melhor caminho para as nossas acções.
Isso prende-se, inclusivamente, com outras questões, que também são um desafio para qualquer pai: o que fazer quando alguém pede esmola na rua diante dos nossos filhos?
A minha opinião fica para um próximo post, que este, tal como o anterior, também já vai grande demais. Mas digam-me, por favor: o que é que vocês fazem quando isso acontece?
Onde moro e o caminho qe os meus filhos fazem para ir para a escola, não há mendigos a pedir na rua...e eu evito falar nessa realidade, embora o mais velho já tenha visto e é completamente solicito para dar...
ResponderEliminarMas já me bateram à porta a pedir comida, dois garotos e eu passei-me e enchi um saco com iogurtes e fruta e bolachas...fiquei com o coração pequenino...dois dias depois o mesmo...a minha vizinha viu e disse - "Olhe que os pais desses meninos nao trabalham e mandam os miudos pedir...eu fiquei sem saber o que fazer...mas na 3ª vez so dei para eles os dois, e pronto...foi remédio santo!
infelizmente, 1 trabalhador textil, não ganha 1000€...mas sim ronda o salário minimo, qdo não é inferior. os empresarios sempre, mas sempre, preferiram pagar as multas, quando há denuncias, do que pagar.
ResponderEliminarOpto por dar, pra que a minha filha perceba que devemos tentar ajudar quem mais precisa...
ResponderEliminarSubscrevo tudo o que diz. Mas nota-se que ... não lê o meu blog! Eu percebo-o... não está para modas e deve achar aquilo uma enooooooooorme pindirequice.... A verdade é que o grupo Inditex (Zara) vende imensas coisas feitas em Portugal e não tenho visto coisas da China (do Bangladesh e da Índia, sim, algumas). Às vezes são as grandes marcas (caras), multinacionais a fabricar na China e nos países que tratam o trabalho das pessoas num nível infra humano e degradante e nem sempre são as low cost a fazê-lo... Pedintes na rua: não dou e explico aos meus filhos porquê. Porque prefiro ajudá-los encaminhando a minha ajuda para as instituições que sei que os ajudam mesmo nas suas necessidades em vez de andar a desajudá-los como seria dar-lhe dinheiro para os vícios. Tão simples quanto isto! Grande blog este!!!!!! OBRIGADA!!!!!!!!!!!!!!!! As coisas boas são para agradecer porque são muuuuuuuito raras!!!!!
ResponderEliminarO Bangladesh e a Índia são a nova China, e por isso as empresas têm deslocalizado para lá. Porque pelos vistos na China ainda pagam demais para as grandes cadeias...
EliminarComo não tenho filhos não vou responder à ultima questão...
ResponderEliminarQuanto ao resto a minha modesta opinião resume-se a:
- o salário minimo nacional, apesar de ser ridículo, existe
- as condições de trabalho em Portugal, apesar de não serem as melhores, estão a anos luz do que se passa em países como China, Bangladesh, etc.
- as pessoas reclamam muito mas não resistem a uma pecita das marcas que mencionou, sem quererem saber se é feito com trabalho quase escravo (duvido que as vendas dessas lojas tenham diminuído depois do desabamento que matou mais de 1000 pessoas!).
- a UE deveria impor regras de fabrico aos produtos que entram no espaço europeu. É surreal, e impossível, competir-se com tigelas de arroz.
Quanto ao duelo Martim/Raquel confesso que o que mais me chocou foi a atitude sobranceira da Raquel. Talvez pq tb sou investigadora doutorada e nem quero pensar que possa ter aquela postura. O duelo reflecte tb a eterna divisão entre o mundo académico e o mundo dito "real" e que, em Portugal, continua a fazer com que seja quase impossível haver uma verdadeira colaboração entre ambos. Perspectivas antagónicas e que se acham donas de toda a razão. O problema é que neste assunto, como em muitos outros, a razão não está só de um lado. Resta arranjar estratégias que consigam congregar os pontos fortes de cada um.
O melhor texto que li até agora sobre este assunto. Precisamos sempre de encontrar um herói e um culpado e as coisas são muito mais complexas do que isso.
ResponderEliminarNormalmente dou qualquer coisa não só porque quero que o meu filho (de 6 anos) aprenda a ajudar mas também porque não consigo passar sem ficar a pensar na situação daquela pessoa que ali está. 1€ pode fazer a diferença para comer ou pernoitar em algum lado que não na rua. Nunca se sabe qual é a história por de trás daquele rosto, e se está a pedir é porque não tem capacidades para mais. Não foi ensinado a ultrapassar os obstáculos que a vida lhe impôs.
ResponderEliminarSerá falso moralismo? Talvez, mas não venho com o coração mais leve ou com a sensação de dever cumprido.
Vivo numa cidade de interior onde não é muito comum haver pedintes e sem abrigo nas ruas. A cidade tem um número significativo de apoios entre as instituições de solidariedade da câmara e particulares que tento ajudar nas suas campanhas.
Se o que doo é para oportunistas, não me afecta minimamente. Haverá sempre quem se aproveita dos males dos outros. Eu dou (mesmo que pouco) com a melhor das intenções e espero que seja bem empregue se não, fica pela alma de quem lá tenho.
Joana
Bela continuação esta :)
ResponderEliminarJá tinha visto esse video na terça-feira, e já por várias vezes dei por mim a meditar sobre ele, é realmente (e será) a eterna luta entre direita e esquerda (se quisermos levar isto para o lado politico). O Martim mostra algo importantíssimo à nossa sociedade de "Velhos do Restelo" é a possibilidade de ser diferente e encontrar no vazio empresarial, uma solução de negócio e pelo discurso, negócio lucrativo. A Raquel tem como é óbvio as suas razões, um "puto" de 16 anos não faz a mínima ideia se o salário mínimo chega para pagar a casa + luz + água e claro, as pessoas têm o estranho vicio de comer, mas a meu ver, "pecou" por ter despejado toda a "raiva" (talvez não será a expressão mais correcta) em cima dele. A questão importante que a Raquel deixa é se será possível sobreviver apenas com o salário mínimo ? Difícil é sem dúvida, mas a resposta foi boa, pois desempregado deve ganhar-se ainda menos...
A dissertação que o João faz sobre as grandes marcas levarem as fábricas para esses países asiáticos, isso é a alma do negócio, é impossível ter um preço competitivo sem que a matéria prima sai a preços estupidamente baratos (sei perfeitamente do que falo, pois sou vendedor, e por favor esqueçam lá as tretas que a marca A ou B faz muita coisa em Portugal, pois não há segredos, precisam de comprar barato para vender assim assim, se o preço de custo encarecer... o produto final também.)
Subscrevo as palavras da @badmary quando fala que é impossível bater-se com as tigelas de arroz e a verdade é que realmente a UE haveria de criar regras, e impostos (algo que nós estamos habituados a ouvir falar) de tudo o que cá entra, assim poderia-se equilibrar a balança, mas isso daria imenso trabalho e a pior consequência seriam bolsos de pessoas bem conhecidas da tv e da assembleia da republica menos cheios (e não se esqueçam que a reforma do homem não chega para as despesas).
Esmola dar ou não, isso são como as opiniões, cada um tem a sua e dá-a quem quer. Por norma lá em casa dá-se em instituições, e ajuda-se através desses donativos, na rua nunca tivemos assim situações (para já) com a filha que merece-se explicação, mas ao exemplo do pai e da mãe, adorávamos que ela quando crescesse, tivesse alguma participação de cariz social, e isso sim são as melhores lições que se pode dar aos filhos, e simplesmente explicar que, por vezes, basta um dos activos de casa ficar sem trabalho.... para se poder transformar numa situação precária assim !
Desculpe o atrevimento, mas o "gostávamos que ela tivesse alguma participação de cariz social" pode começar já agora, com os pais. Porque não inscreverem-se, em família, como voluntários na Campanha do Banco Alimentar contra a fome dos próximos dias 1 e 2 de Junho? É sempre precisa ajuda... E aí sim aprende com o "exemplo do pai e da mãe". É que tenho feito com o meus, que ainda são bem pequeninos... Quando um dia começarem a perceber, espero(!), já lhes estará "na massa do sangue". Novamente, as minhas desculpas se até sugiro algo que já faça, ou parecido, mas identifiquei-me com este seu último parágrafo e ia (irei) responder ao João de forma parecida... Bom dia! Ana Oliveira
EliminarQuanto ao seu post, concordo inteiramente com ele. Aliás, sou uma capitalista liberal assumida. Acho que para haver riqueza, infelizmente, tem de haver pobreza, mas no fundo é essa dinâmica que permite às sociedades melhorarem, mesmo em termos económicos.
ResponderEliminarQuanto aos pedintes, na rua não dou. Nunca. Sou capaz de pagar comida ou entregar alguma coisa que tenha acabado de comprar no supermercado - já me aconteceu algumas vezes.
Mas tenho para mim que se existe muita gente verdadeiramente necessitada, existem também aqueles que não se importam de fazer de coitadinhos e vivem daquilo, como modo de vida.
Mas os meus filhos frequentam a creche/infantário do centro paroquial, pelo que todos os dias à porta, de manhã, estão dezenas de pessoas (sim, infelizmente no último ano e meio passaram de 1 ou 2 para dezenas), à espera de receber comida para o dia. O meu filho mais velho (3 anos), como parte das actividades da própria escola, já distribuiu pelos pedintes alimentos e roupa, por isso, convive diariamente com as diferenças económicas e sabe o que é ajudar socialmente.
Eu própria entrego na escola, sempre que posso, comida e roupa para que lhes seja entregue.
João, amigo João !
ResponderEliminarAcho que um post assim, também será um post com rasteira ! Encontramos posts "priceless" aqui no meio.... que daria temas lindos, longos e lindos!
A pobreza é sempre dificl lidar com ela,nós temos o habito de correr e costumamos participar em algumas provas, o nosso filho por vezes vai connosco, uma das corridas foi na Av. Liberdade e ele viu os bancos com o papelão eu expliquei que as pessoas dormiam ali porque não tinham casa ali era a casa deles. Se alguém me pedir dinheiro não dou mas sou capaz de pagar uma refeição.
ResponderEliminarTemos um habito de dar a igreja da nossa paroquia roupa que já não nos serve, no Natal passado entre amigos juntamos casacos gorros para serem distribuídos pelos sem abrigos de Lisboa,um amigo nosso foi fazer voluntariado na noite de Natal junto dos sem abrigo, também costumamos ajudar no banco alimentar sempre que podemos.
O meu filho sabe que a meninos que não tem o que ele tem, como frequenta uma escola publica, tem infelizmente alguns exemplos na própria escola e apesar de infelizmente ser filho único, não é uma criança egoísta e gosta de dar e partilhar o que é muito positivo. Mas não é nada fácil nós explicarmos a pobreza e não é fácil fazer com que eles a percebam. e a pergunta que mais me custou responder foi: "mas mamã porque?"
confesso que ai falhei pois não consegui dar a resposta...
Kikas
Concordo com a opinião da Maria, não dou esmola por princípio e prefiro encaminhar donativos para instituições. E procuro incutir nos meus filhos que estas situações têm que se procurar resolver a nível das suas causas e não na remediação (quando não... lá se opta pelo donativo à instituição).
ResponderEliminarQuanto ao consumismo e prendas para os filhos, para além um muito ocasional miminho, não, eles não têm prendas sempre que vou a uma loja, a um quiosque ou a um supermercado. Independentemente do que era financeiramente suportável comprar-lhes, essas ofertas têm que ser valorizadas pelas crianças e isso não é possível de fazer banalizando-as. Têm portanto que ser consideradas ocasiões especiais. E isso tem dado frutos de que orgulho - os meus filhos habitualmente "não pedem" coisas e são bastante modestos nos seus pedidos de prendas de aniversário e Natal. Não pedem coisas de marca, na verdade, acho que nem as conhecem. Não são crianças consumistas e eu orgulho-me disso. Para além do princípio que me parece importante, há que pensar que não sabemos o nível de vida que eles virão a ter no futuro. Habituá-los a ter tudo o que querem e pedem pode vir a criar situações de grande frustração. É um bocado como o comer ou não comer doces. Podem comer, mas devem ser sobretudo associados a ocasiões especiais - para que fique um hábito para o futuro.
Já agora, e o João Miguel que me desculpe desde já se não partilha desta visão, mas irrita-me uma postura muitas vezes assumida por quem se assume de direita (passe a repetição), que é considerar quem está desempregado ou tem más condições laborais, de "não ter capacidade" ou de não se ter esforçado "o suficiente". Claro estes aspectos são importantes, mas estes comentários são tão profundamente injustos como descabidos. O mundo está cheio de pessoas que nunca tiveram oportunidades, que viveram sempre em extrema pobreza e não foi por falta de tentativas (já para não falar da falta de apadrinhamentos) que não conseguiram melhorar a sua vida. Imagino o sentimento dessas pessoas a lerem frases desse calibre.
ResponderEliminarUma grande hipocrisia, mesmo, a todos os níveis. Essas roupas (brinquedos, peças de carros, etc,...) feitas em locais como China, India, e por aí fora, a preços baixos onde não são respeitadas condições laborais, de higiene, ambientais. Escravatura. Onde grandes empresas com circuitos bem montados, defendidos e definidos (para não falar de alguns com corrupção e coisas ainda mais feias que até ao Diabo incomoda) colocam no mercado não produtos baratos, como fazem crer, mas produtos caros… eu sinceramente acho cara a roupa da Zara, por exemplo, fora do tempo e saldos… dá para comprara tecido e mandar fazer a uma costureira, pelo menos nos meus lados, fica melhor e gasta-se menos dinheiro. Mas isso é uma outra conversa que, penso que não se coloca aqui em Pais de Quatro. Nem essa teoria de mão invisível… num nundo onde tem muita mão visível, e isso, na minha opinião, é a causa de tanto problema económico e social. Eu usaria os mesmos argumentos para defender o contrário do que defende!
ResponderEliminarO consumo é um ato de opção. Escolhe-se isto em função daquilo, tendo muito, pouco ou até nenhum euro no bolso. E, são essas opções de consumo que, do meu ponto de vista, interferem na educação dos filhos/preocupações dos pais. Na forma como os filhos serão no futuro. Como se irão posicionar socialmente. Como irão enfrentar o mundo.
Aqui lembro de muita histórias de famílias que optam (consomem) por coisa diferentes das nossas aqui em casa.
Por exemplo, o ano passado os meus filhos foram a uma festa de aniversário de uns amiguinhos que moram num bairro social. Os pais estavam desempregados, e têm 3 filhos com menos de 8 anos. Os meus filhos estavam com sede e pediram água, e todos ficaram escandalizados porque a mesa estava cheia de refrigerantes. Nós com maior poder de compra bebemos água. Sempre. Porque para nós o refrigerante é lixo e ponto. Os meus filhos acham isso normal. Não sentem necessidade de beber refrigerante. Na hora provaram e desgostaram e pediram água, novamente.
Outro exemplo em relação a brinquedos: O meu filho mais velho quando andava na pré-escola tinha amiguinhos com Beyblade (uns piões caros!). O meu filho não. Ele tem montes de LEGO (nossa opção). Então ele montava e transformava as peças de LEGO em piões e os amiguinhos deles começaram a brincar com ele com as peças de LEGO da escola também. Era divertimento garantido. E passou a febre. (Vieram outras, claro, tem ído pelo mesmo caminho)
Quantas vezes o meu filho mais velho me pergunta: “porque o meu amigo tem e eu não?” Eu converso e ponho-o a pensar sobre a utilidade, o tempo de uso, desperdício gerado na sua produção, transporte, embalagens… e ele acaba inventando e leva os seus amiguinhos… Eu acho ótimo, e barato!
Apesar de tudo também sou tentada a comprar coisas para os miúdos que acho que eles gostariam, depois desse exercício, e acabo por não comprar (também venho de uma família como vocês, o consumo está no sangue, felizmente tenho a razão!).
Em relação aos gastos de Pais de Quatro na serra, na praia ou no campo, se são feitos para mostrar posses económicas, vaidade, ou algo dentro do género, acho que têm um problema! Mas se é para usufruir da experiência de se estar na serra, na praia ou no campo acho que é complemento escolar, é bagagem, é riqueza, é família, é ótimo.
Em relação ao filme acho linda a postura desse menino. É, no fundo, essa garra, essa forma de estar e essa atitude, que eu gostaria de despertar e valorizar nos meus filhos (se calhar vocês também. Penso que dando tudo antes deles pedirem, sentirem falta, só por prazer dos pais não é o caminho. É danado ser pai/mãe.). A pergunta feita é despropositada que só uma criança consegue dar dignidade ao momento!
Em relação aos pedintes, arrumadores,..., não faço nada. Digo não. Mas sou educada e atenciosa. Se alguém por aqui precisa dou sem ninguém saber. Não mostro aos meninos. Faço com descrição. Ou peço algumas horas de trabalho ou uma ajuda e depois pago ou dou um agradecimento (depende da situação).
Sejam felizes!
Alexandra
A questão dos mendigos. Comecei a resolver andando com pacotes de leite no carro.
ResponderEliminarJá pensei em fazer o mesmo. Como reagem as pessoas? Obrigada.
EliminarNa minha experiência - que costumo oferecer comida se tiver, ou me ofereço para a ir comprar se houver onde por perto e tiver tempo para o fazer - há quem agradeça e aceite (ainda no domingo passado, nas ruas do Porto, me arrepiou a forma como um arrumador de carros se afastou a abrir sofregamente a embalagem do hambúrguer e trinca-lo como se não comesse há décadas, e se calhar não comia há muito... nunca tinha visto ninguém "atirar-se" assim à comida :( - também é comum as pessoas aceitarem e guardarem); mas também já me aconteceu - diversas vezes e sobretudo à porta de supermercados (não sei porquê, é estranho...) pedirem-me moedas e eu oferecer comida (nessas situações é fácil,porque vou carregadinha) e recusarem. Aí sigo a minha vida, não descansada mas conformada. Nunca me reagiram mal à oferta de comida.
EliminarOlá.Vivo no Algarve, geralmente a zona do país onde o resto do país vem passar férias e ainda bem , mas é uma pena que esta região do país só seja "valorizada" no verão. De resto, o país é Lisboa e Porto e o resto é paisagem infelizmente.A pobreza aqui tem vindo a aumentar e cada vez mais é revelada aos olhos de todos.Infelizmente, já fui abordada muitas vezes por pessoas a pedirem comida à porta de supermercados, não é dinheiro que pedem! É comida!Sejam mendigos, sejam "agarrados",sejam desempregados merecem todos a minha solidarieade e dou sempre qualquer coisa.Porque o acto de dar deve ser natural e também nos define como ser humanos.A minha filha de 3 anos também percebe que é muito melhor dar do que pedir.
ResponderEliminarOh João, olhe que o Martim pode não ser o "empreendedor" que nos apresentaram...
ResponderEliminarhttps://www.facebook.com/AnonymousLegionPt/posts/474172329328253
Bom dia. Sou seguidora assídua do blog. Nunca comento. Ma como desta vez faz uma pergunta diretinha para aqui, cá vai: Quando veja alguém a pedir na rua, com ou sem os filhos por perto, dou comida (bem sei que não resolve nada, mas aconchega, e isso não posso recusar a um irmão), se não tiver comida e tiver um tempinho vou comprar (e em ambos os casos tenho o cuidado primeiro de perguntar se gosta, que a fome é coisa séria, pois é, mas a dignidade das pessoas também é uma coisa muito bonita...e deve ser respeitada). Paralelamente a estes "encontros imediatos", que não são tão frequentes quanto isso, contribuímos economicamente e em géneros para instituições aquém e além mar (há muitos organismos de ação social que funcionam MUITO BEM, e que acompanham de forma séria e valiosa crianças, jovens, famílias, idosos... com identificação clara dos casos de necessidade e acompanhamento ao longo do tempo - mas não lhe estou a dizer novidade nenhuma, bem sei); e participamos em família e como voluntários em campanhas de solidariedade (os pequenos vestem literalmente a camisola do Banco Alimentar desde meses de vida - empatam mais do que ajudam, mas vão aprendendo os "ossos do ofício"). Os garotos ainda são pequenos (2 e 5 anos) mas a nossa esperança é que à medida que vão crescendo percebam não só que existem pessoas que vivem realidades bem mais difíceis do que a nossa mas (e sobretudo) que isso NOS diz respeito. A nossa esperança é que ao crescerem acompanhados de molduras com fotografias da Teresinha (a nossa "afilhada" em Moçambique, através do projeto https://www.facebook.com/pages/Eu-Tu-Na-Avomacc/122217791173615?fref=ts ) e ao verem que em muitos dos seus aniversários receberem poucos presentes mas entregaram um montão deles na Casa de Sant'Ana, das Irmãs do Bom Pastor, em Pexiligais (Sintra), porque os convidados das festinhas de aniversário a isso foram desafiados e aderiram em massa (ricos amigos!) achem isto tudo perfeitamente NORMAL. E quando forem mais crescidos e perguntarem porquê dar assim e não assado... Aí procuraremos explicar. Mas DAR/PARTILHAR fará parte da sua identidade, assim esperamos...
ResponderEliminarPara além da questão das roupas e marcas a fabricar nesses países acho que as pessoas deviam reflectir mais sobre as acções no dia-a-dia que tiram empregos ás pessoas, como falou no post. Eu faço um esforço por, por exemplo, por gasoleo em bombas que tenham funcionarios para por e nunca vou a caixas de self-service nos supermercados...é o principio do fim dos postos de trabalho destas pessoas...com o passar dos anos pode ser o meu!claro que não vou deitar lixo para o chão para apanharem por mim...mas devia-se pensar melhor sobre isto. Há uns tempos o meu pai precisou de ir ao banco fazer uma operação e a senhora muito indignada perguntou-lhe se não tinha net-banking, que podia perfeitamente fazer aquilo em casa,que era mais comodo etc,etc...o meu pai respondeu-lhe que não tinha e se toda a gente pensasse como ele, em vez de dois funcionários talvez precisassem de uns 5 na agência...ela engoliu em seco...
ResponderEliminarA resposta do garoto - "quem ganha o salário mínimo pelo menos não está no desemprego", é a resposta típica do chico-esperto tuga que não consegue ver para além do seu umbigo.
ResponderEliminarAqui está uma parte importante da principal questão...
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/natalia-trabalha-12-horas-por-dia-seis-dias-por-semana-mas-tem-que-pedir-ajuda-para-comer-1595560.
Já por várias vezes, dei uma moeda à minha filha de 4 anos, para dar a quem estava na rua a pedir. Tem muito tempo pela frnte para, daqui a uns anos, distinguir quem pede por necessidade ou por outra coisa qualquer! Há umas semanas atrás, uma senhora veio pedir-me ajuda, e lá começou c a história do filho e AVC e outras tantas complicações. Tocou-me imenso e disse-lhe que dinheiro não lhe dava, mas que lhe dava um saco de pão. Ficou de voltar para vir buscar o saco e até hoje!! Ainda assim, prefiro que a minha filha, ganhe sentido de partilha e solidariedade e, sempre que puder que ajude o próximo!
ResponderEliminarPois eu gostaria muito que o meu marido estivesse neste momento a ganhar o salário minimo. Não é chico espertismo tuga, é necessidade de fazer à minha filha o mesmo que vocês fazem aos vossos, e por vezes não consigo. E falo de coisas básicas. Não falem quando não sabem e não passam por elas.
ResponderEliminarOutro texto que penso que contribui para a discussão e reflexão:
ResponderEliminarhttp://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html
só uma rectificação, os trabalhadores e as trabalhadoras do Vale do Ave ganham na sua grande maioria o salário mínimo, 485 euros. Há mulheres a trabalhar há mais de 30 anos na mesma confecção e que continuam a ganhar o salário mínimo.
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