Devo dizer-vos que fiquei impressionado com a quantidade de comentários ao meu post burguês, mas suponho que quando raspamos um bocadinho o verniz social tudo se resume às velhas dicotomias medievais, porque elas são essenciais para a nossa limitada cabecinha funcionar: bom/mau, feio/bonito, verdadeiro/falso, e se calhar em tempos de economês suponho que lhe possamos acrescentar o rico/pobre.
Mas se trouxe esse assunto para aqui é porque eu também sou sensível a ele, e hoje em dia não há acusação que faça mais recorrentemente à Carolina do que ela estar a transformar-se numa menina queque, em que acha que tudo lhe cai do céu. Eu e a Teresa somos ambos filhos da típica classe média de funcionários públicos do interior de Portugal, o que significa que nunca nos faltou nada, mas também nunca tivemos nada em excesso, julgo eu. Aquilo que de mais precioso os nossos pais no deram foi a nossa educação, e felizmente eu e a Teresa saímo-nos bem. Somando isso à melhoria geral do nível de vida até à crise, isso significa que os nossos filhos têm hoje acesso a milhentas coisas que nós nunca tivemos.
Se eles entram numa livraria compram um livro. Se eles vão comigo ao quiosque comprar jornais recebem três ou quatro carteiras de cromos. Se eu passo pelo El Corte Inglés para comprar uma prenda para o aniversário de um amiguinho e vejo uma coisa de que eles também vão gostar, sou capaz de trazer uma coisinha para cada um e inventar uma razão qualquer para lhes oferecer (porque estiveram em casa com febre, porque tiveram um Satisfaz Muito Bem num teste, sei lá eu).
Isso significa que aquilo que para mim era altamente negociado com os meus pais - por exemplo, uma prenda fora da época de Natal ou de um dia de anos -, para eles é um dado adquirido. Na minha vida, só me lembro de ter completado uma caderneta de cromos (da Abelha Maia) - eles já completaram 15 ou 20, e nem sequer parecem ligar-lhes por aí além. Ou seja, tudo é mais fácil para eles, embora, paradoxalmente, isso tenha um enorme vantagem: são mais desligados das coisas do que eu era. Como tinha muito menos quando era pequeno, para mim emprestar um livro a um miúdo ou um brinquedo era assim como arrancarem-me as unhas a sangue frio. Ainda hoje me custa emprestar um livro ou um disco de que gosto muito a alguém (também porque nesta terra as pessoas, em geral, não têm o menor cuidado em devolver as coisas dos outros). As crianças cá de casa não, felizmente - estendem as coisas e está a andar.
Dito isto, assusta-me muito a facilidade com que os meus filhos se arrogam no direito de pedir isto e aquilo. E tenho medo sobretudo que a Carolina, que é mais velha e tem uma certa tendência para o show-off e para mandar nos outros, comece a ter excesso de orgulho naquilo que tem e na família mais ou menos conhecida. Se um dia eu descubro que ela usa isso como argumento para se impor socialmente, estaria capaz de a pendurar do estendal pelos cabelos. Nesse sentido, ela precisa de começar rapidamente a compreender o que são as dificuldades, a pobreza e a solidão - não no sentido de saber que existem, mas no sentido de perceber realmente o que são - para começar a dar valor àquilo que tem. Chama-se a isso acção social, e acho extremamente importante que ela o faça.
Em relação a este blogue e à crítica clássica da exibição da riqueza em tempos de pobreza, também queria acrescentar mais um par de coisas, mas este post já vai longo, e portanto, um novo post há-de surgir sobre esse assunto, entre hoje à noite e amanhã. Mas até lá espero que os leitores mais ou menos burgueses deste blogue digam coisas.
Adoro!
ResponderEliminarAcho que se uma pessoa se esforça para ser alguém e consegue não o deve esconder e ter vergonha, mas acho que a maioria dos comentários "maldosos" que aqui ficam são apenas invejas e afins, dado que para os portugueses "a galinha do vizinho é sempre melhor que a nossa".
E um blog é pessoal logo mostra a pessoa que o faz (neste caso o casal e familia) e por isso quem não gosta dessa maneira de ser ou expressar não segue o blog nem lê nem comenta, porque há assuntos que mais vale ficar calar principalmente se não sabem do que falam.
Resumindo adoro o blog e os post e acho ridiculos certos comentários invejosos.
Agora é a Carolina, mas com quatro crianças a crescer tem de se preparar para estas surpresas. Agora começa a verdadeira luta, pois não é fácil. Digamos que as crianças são como os computadores. Têm de ser desfragmentadas frequentemente para que a formatação se mantenha...
ResponderEliminarGosto muito de acompanhar a sua família, traz-me recordações de outros 4...
Meg Reis
Concordo com tudo que disse e, como pertencemos a mesma geração, acho que nossas vidas tiveram detalhes parecidos, apesar de eu ter crescido no Brasil (e que nesse momento está num caminho aparentemente inverso da crise). Mas, lembrei-me de uma coisa que minha mãe sempre dizia: ¨o bom de não poder ter tudo o que queremos é que quando ganhamos algo, a emoção é grande, ficamos mesmo entusiasmados e valorizamos muito esse momento¨. Consigo lembrar de muitas coisas que ganhei e que fiquei semanas e semanas com aquela sensação boa de felicidade. Coisas que minha filha hoje simplesmente¨ takes for granted¨. Se é bom, ou se é ruim? Não sei, é como a vida vai se apresentando e nós vamos vivendo. Mas temos que estar aqui para orientar, não é?
ResponderEliminarComo leitora mais ou menos burguesa, apraz-me dizer o seguinte: Eu também tive a caderneta da Abelha Maia! E Kalkitos, que eram os meus bens mais preciosos!
ResponderEliminarA suposta exibição de riqueza não devia preocupar tanto as pessoas que por cá passam, até porque, segundo me parece, o João e a Teresa não andam a roubar dinheiro nem a viver à custa de subsídios do estado; trabalham para terem o que têm e não devem satisfações financeiras (nem de outra espécie) a nenhum dos vossos leitores!
;)
Também eu me identifico com este texto e também eu tenho uma filha com quase 10 anos que acaba por viver neste ambiente privilegiado que descreve. Só agora é que começou a "acordar para a vida", porque a dada altura apercebi-me que para ela era inconcebível que houvesse crianças que não tivessem o que comer... Na escola dela acredito que não haja, porque está situada numa zona de "burgueses" onde as crianças felizmente comem bem e ainda vão podendo ter algumas actividades (pagas) depois da escola. Fiquei chocada quando me apercebi que eu própria estava a criar uma criança sem qualquer noção da realidade e que não sabia o quão privilegiada a nossa família é por, apesar de sentirmos bem a crise, ainda conseguirmos manter um nível de vida digno. Sem luxos, com muitos cortes, cada vez mais apertos, mas com dignidade. Educar não é, de todo, uma tarefa fácil e os filhos mais velhos acabam por ser um bocadinho as nossas cobaias... Por isso é que gosto tanto de aqui vir. Sinto-vos como uma família normal e acabo sempre por aprender alguma coisa :) Obrigada.
ResponderEliminarÉ um assunto interessante. Por um lado, não tenho dúvidas das consequências positivas de uma criança não ter demasiado ao seu dispor. Por outro, compreende-se que se um casal tem possibilidades de adquirir alguns confortos, não vá, com o intuito de privar os filhos de certos luxos, prescindir totalmente dos mesmos. Educar os filhos é uma prioridade, mas não é uma exclusividade na vida dos pais, que podem retirar alguns prazeres do seu esforço e trabalho sem o "fantasma" constante das repercussões que isso possa trazer. Como em tudo na vida, será uma questão de equilíbrio e de exemplo. Não adianta dizer sempre que não aos cromos e aos brinquedos, como forma de contornar isso, se depois os filhos vêm os pais a comprar "brinquedos" para eles. Umas vezes pode-se, outras não, para todos os elementos da família. Também não custará numas férias não ir sempre para locais xpto e eles poderem perceber que também é giro acampar, ao mesmo tempo que noutras alturas se pode ir para um hotel melhor. Como não é possível privá-los de muito, porque o contexto familiar não se adequa, pelo menos é possível diversificar as "ofertas" e eles terem a capacidade de se adaptar ao que de momento há ao dispor.
ResponderEliminarO modesto saloio Portuense, leu e releu o post e concorda contigo João. Sou um pouco mais novo (penso eu) do que tu, mas sendo filho de um operário fabril e de uma tecedeira.... presentes fora de "epoca" eram também coisas raras lá em casa! Óbvio que com a segurança financeira que tenho mais a esposa (à custa de trabalho e dedicação), dou tudo o que acho que devo dar à minha filha! A minha esposa não gosta muito que vá com ela às compras, no ultimo "Raid" a uma loja começada por C e acabada em O e que tem pelo meio aleatoriamente as palavras "h i c c", iamos só comprar os sapatos, mas o pai viu que a menina gostou tanto do computador (que não lhe passa cartão nenhum em casa) que decidiu comprar, mas a culpa não é minha é dos meus pais, ehehehe.
ResponderEliminarA minha filha que fará 3 anos agora a 30 deste mês é tal e qual a tua Carolina, dá tudo o que tem, quando a casa se enche de amigos e familiares e suas "proles" todos têm livre acesso aos brinquedos dela, pois desprende-se com facilidade, mas entendo e concordo com a tua visão da necessidade de eles terem sobre o que custa isso.
Houve algo que nos alertou também para isso quando ela, no alto dos seus longos 2 anos de vida, diz à minha mãe ao ver o cinto estragado..... "Oh vó não faz mal, a mãe compra outro!" E isto sim é terrivel, a sensação que carregamos no botão e voilá tudo aparece!
Ficarei atentamente à espera do capitulo II desta saga !
Grande abraço do saloio portuense na capital ;)
Eu digo a primeira coisa que me veio à cabeça: que o português gosta muito do coitadinho, do aleijadinho, do coitado que está desempregado, do que perdeu a casa. E gosta porque, de certa forma, olhámos para eles e vemos que estamos melhor, dá-nos alguma satisfação porque não somos nós.
ResponderEliminarDepois vem aquele que está bem de vida (não os milionários) os que estão bem, têm emprego, têm casa e carro, uma família que aparenta dar-se bem, filhos saudáveis e vem ao de cima a inveja, as acusações: Ah, gabarolas! Ah, têm casa quando meio país anda a entregá-las ao banco! Ah, os filhos vestem bem quando meio país anda roto! Ah, marido e mulher vão passar fim-de-semana fora quando meio país nem casa tem para os dias de semana!
Não sou moralista nem quero ser, mas por favor, cada um tem a vida que tem, usa o dinheiro da forma que quer, ostenta o que tem e o que não tem se lhe apetecer. Que influencia tem isso naquilo que os outros têm e construiram? ou o que não têm ou destruiram?
Não vou esconder que fico com inveja das bloggers cheias de estilo que compram roupa todas as semanas ou dos outros que fazem fins-de-semana fora em hotéis que só vejo nas revistas mas até ir ao ponto de as acusar de não terem sentimentos porque existe quem não tenha pão para colocar à boca?!
Bem... já vai ficando longo.
Parabéns pela linda família que tem, por aquilo que construiram juntos, por fugirem à média de 1,2 filhos e terem a coragem de ir mais longe. A sério que admiro-vos por isso. Quem sabe um dia vou chegar lá perto? Já vou com 1...
Olá João!
ResponderEliminarImagine o meu espanto quando a minha filha de 3 anos vem a cantar a nova versão do Balão do João, que termina assim:
«Mas a mãe, do João,
Outro balão foi comprar,
Fica então, o João,
A cantarolar»
Pff... não podem lidar com a frustração de ficar sem um balão?
A sociedade superprotege as crianças, cabe-nos a nós mostrar-lhes um pequeno choque com a realidade de vez em quando...
Só posso concordar. Devo ter mais ou menos a sua idade. Sou filha de uma advogada e de um industrial do interior e sempre cresci com posses acima da média de onde vivo. A minha mãe tem um reputação enorme pois foi a 1ª mulher advogada da terra, e felizmente com muito sucesso. Os meus pais são de esquerda e sempre tiveram o cuidado de passar, a mim e ao meu irmão, princípios de vida que nos permitiram nunca pensar que éramos superiores aos outros! Hoje tenho 3 filhos e prezo muito que eles sintam que nada cai do céu. Se querem alguma coisa de maior valor pagam com o dinheiro que vão juntando a cortar a relva dos avós! Às vezes até penso que exagero na dose de humildade que lhes passo! A verdade é que podem ter tudo, ou praticamente tudo o que quiserem, muito graças aos avós maternos! Mas sei que estamos a fazer um bom trabalho e sei que este deve ser o caminho!!! Gosto muito do seu blogue e quem sabe não caminho para os 4 filhos!!!
ResponderEliminarSer pai/mãe não é fácil!
ResponderEliminarFelicidades para os 6:)
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/11/dor-dos-filhos.html?fb_action_ids=10151243674934693&fb_action_types=og.likes&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582
http://www.youtube.com/watch?v=49UXEog2fI8
o JoÃO MT não estava nada a contar com leitores parvos, pois não???
ResponderEliminarespero que o tenham avisado que há quem leia blogues só para puder deitar veneno.
continue a escrever. os fãs serão maiores que os venenosos.
boa semana.
espalha brazas
Há sempre gente parva que dá a sua opinião porque dá e sinceramente nem sei para que dão a sua opinião. Concordo com o João e vou continuar a lê-lo e acho que as críticas que lhe foram feitas são injustas. E como dizia uma professora que tive na faculdade: " não importa que falem bem ou mal de nós, o importante é que falem"
ResponderEliminarHá que ter em atenção que os "leitores parvos", como foram apelidados, são extremamente importante e úteis!
ResponderEliminarVou dar o meu ponto de vista, o blog calmo e sereno, até que um dos leitores citados "posta" algo, e surgiu uma bela troca de mensagens/ideias, que levou o João a criar não um, mas dois post's sobre o tema !
Mesmo concordando com o ponto de vista do João, são essas ideias totalmente opostas que vão alargando conversas e mantendo os "leitores não parvos" (se é que me permitem catalogar assim os leitores) atentos ao que se vai escrevendo (falo por mim, que subscrevi o post para receber mensagem sempre que algo novo aparecia).
Penso que todos temos o direito a respirar, e vou dizer algo capaz de colocar o Salazar a dar uma cambalhota no túmulo, assim como o direito a opinar!
Parece-me que cá em casa existe uma família "burguesa" que com 3 filhos com idades parecidas aos seus passa pelas mesmas angustias que o João. A minha mais velha, com 7 anos sempre que o pai viaja, e agora viaja mto pq ponderamos mudarnos para o Brasil, a trabalho, a primeira coisa que questiona são que presents vai ganhar. Sinto a mesma necessidade de lhe dar doses de humildade e de lhe mostrar o quão afortunados são por terem tudo o que querem, passe por um chocolate, uns ténis xpto, o jogo Y ou a viajem que fazemos fora a todos os anos.
ResponderEliminarAqui a crise também se sente, mas não fizemos assim tantos cortes quanto isso, e sei que não somos exemplo, porque olhamos para o lado e vemos como a maioria das famílias luta com as mais diversas dificuldades.
Mas se me sinto mal por ter o que tenho, não, não me sinto. Tudo o que ganho sai do trabalho, do esforço, de horas roubadas ao sono e de muito empenho.
Houve tempos em que me sentia mal por poder ir de férias de inverno, por poder ir para o estrangeiro todos os anos, por continuar a comer for a todo o santo fim de semana...Compreendi que terei sempre quem me condene por isso, mas eu não sou culpada das dificuldades dos outros, nem ando ai de bandeira em riste a mostrar o que tenho.
Marta Carlos
Caro João,
ResponderEliminarNão sou mãe mas sou tia e sei do que fala. Apesar de ter nascido em 87 e de os meus pais me terem dado sempre tudo, penso que cresci consciente do sofrimento alheio. Posso também dizer que na minha escola as criânças com pais mais severos eram sempre menos generosas e em certos sentidos mais "matrealistas". Como tinham pouco queriam sempre proteger as coisas e tinham medo de emprestar. Contudo a verdade é que tendo crescido assim posso dizer que o mais difícil foi aprender a viver com pouco assim que saí de casa. Saí relativamente cedo para ir estudar para Inglaterra e quando voltei fui viver sózinha. Foram tempos complicados porque não tinha sido habituada a passar por privações de espécie nenhuma. Contudo a minha educação "kicked in" e todos os sermões lá em casa fizeram o que tinham a fazer. Se tinha pouca coisa, também tinha alguma vergonha na cara de pedir ainda mais aos pais que já me tinham preparado para a vida. E o que eles fizeram de melhor foi preparemrem-me para ser emocionalmente independente. Foi só começar que foi difícil, depois habituei-me. Vejo o mesmo a acontecer com os meus sobrinhos e espero que para eles esta mudança de vida seja menos radical.
Não tenho hábito comentar mas hoje decidi-me.
ResponderEliminarPartilho a suas "angústias" mas por outro lado penso se será justo/educativo partilhar muito seriamente com a minha filha as contas para pagar, a necessidade de fazer "esticar" o salário cada vez mais curto... não será obrigá-la acrescer demasiado??
Quanto às coisas que eles têm... elas existem e estão mesmo à frente dos seus olhos/desejos...nós, eu pelo menos que cresci numa ladeia rural, não tínhamos grande oferta...lembra-se de ir ao supermercado e existir apenas uma/duas marcas de sabonete??? Agora a dificuldade é ainda encontrar sabonete no meio de uma gama muito mais chique de produtos para a limpeza pessoal :)
Olá João e Teresa.
ResponderEliminarSou leitora assídua deste blog, e aproveito para vos congratular, não só pela vossa família fantástica, mas sobretudo pela coragem e originalidade com que partilham as vossas aventuras, conquistas, dramas, peripécias, desabafos, sempre com um toque de sarcasmo e com um sentido de humor que nos deixa, a nós leitores, logo bem bem dispostos!
acho que estas opiniões, aliás, julgamentos, sobre "exibição de riqueza em altura de crise" é no minimo absurda. Confunde-se, hoje em dia liberdade de expressão, com liberdade de julgamento sobre tudo o que mexe! Não acho normal que vos apelidem de burgueses, que considerem a vossa vida uma afronta para quem não tem nada. Quem tem capacidade de interpretação - que é o que falta a muita gente pro aí, que opina sobre tudo e todos - sabe que vocês são pessoas TRABALHADORAS, esforçadas, empenhadas em dar a melhor educação possível aos vossos filhos. E defina-se EDUCAÇÃO, não por bens materiais, mas sim por valores, por momentos em família, por partilha.
Agora ninguem tem direito a passar fins de semana fora, ninguem tem direito a comprar presentes aos filhos, ninguem tem direito a ir jantar fora, ninguem tem direito a passar uma noite num hotel que é logo apelidado de burguês!! Porra!!
Afronta seria se andassem para aqui a exibir frotas de automoveis de luxo, a exibir avisões privados, a exibir relogios, roupa, sapatos de marcas aberrantemente cáras... afronta era se recebessem ordenados escandalosamente altos para desempenhar cargos de meia tijela...isso sim é uma afronta e isso sim SE PASSA NESTA SOCIEDADE, NESTE PAÍS DE POUCAS VERGONHAS, ONDE HÁ GESTORES DE EMPRESAS PUBLICAS A GANHAR ORDENADOS ESCANDALOSOS, ONDE HÁ INCOMPETENTES A SEREM TRANSPORTADOS DE MOTORISTA, A SEREM TRATADOS POR DOUTORES QUANDO NÃO O SÃO...isso sim, meus caros é uma afronta.
Ver uma familia feliz, unida, e que até tem possibilidades economicas para poder cometer alguns "luxos" de vez em quando, É BOM SINAL, É SINAL QUE NÃO EXISTEM SÓ PESSOAS NA MISÉRIA, EM SOFRIMENTO, TAMBÉM EXISTEM FAMILIAS QUE CONSEGUEM SER FELIZES. E QUE HAJA MUITAS MAIS POR AÍ.
Com todo o meu respeito a quem sofre, a quem batalha diariamente pela sobrivencia.
Um beijinho à familia toda,
Margarida Machado
Olá João. Como o compreendo.
ResponderEliminarAcontece o mesmo com o meu filho mais velho ( 5 anos ) toma tudo por garantido e não tem o mínimo de brio com as suas coisas. Se se partem e eu começo com a " cantiga do sermão " lá me diz ele: " Não faz mal mãe, depois compramos outro. " E é assim. Para tudo tem bom remédio e uma resposta na ponta da língua. Mas isso leva-me a pensar se a culpa não será minha? Se não estarei a estragar o meu filho com mimos ? E que depois ele se torne num adulto frustrado quando não conseguir as coisas que deseja tão facilmente.
Estou seriamente a pensar não fazer o mesmo com o meu filho mais novo ( 15 meses ) e aprender mais vezes a dizer a palavra NÃO. Mesmo que isso implique choros de bradar aos céus e birras de " atirar " para o chão em locais públicos.
Parabéns pela família, e não ligue a comentários menos bons.
Infelizmente esses vão sempre ser uma realidade, a quem decide ter um blogue como o vosso.
Eu concordo em absoluto com este post e tanto eu como o meu marido fazemos questão de lembrar ao nosso filho mais velho (5 anos) o que custa trabalhar para lhe poder comprar aquelas chuteiras de que gosta, iguais às do Cardozo :) ou a mensalidade da escolinha de futebol que ele tanto adora. Quando vem de lá uma frase tipo: eu não gosto disto ou aquilo, faço questão de lhe dizer que existem muitos meninos que não têm nem metade do que ele tem e por isso nem quero ouvir queixas! Acho que tem surtido efeito pois ultimamente pergunta-me sempre "Quantos Euros custa?" quando falamos em comprar qualquer coisa que ele precisa ou a irmã, e também percebe que quando os pais não conseguem estar presentes em algumas actividades escolares, é porque temos de trabalhar para termos dinheiro para lhe comprarmos a comida, a roupa e todos os mimos de que ele gosta, e supreendentemente (ou não) ele entende e não fica minimamente triste. Acho que a isto se chama, educar para a vida e para a realidade em que vivemos. Adoro o vosso blog!! Beijinhos para todos
ResponderEliminarAcho que apaguei sem querer um comentário da 3Picuinhas a este post. As minhas desculpas à autora. Aqui está ele:
ResponderEliminarNa época das "vacas gordas" eduquei as crias nesse sentido. Agora, que o rendimento caiu a pique, que a crise é mais um habitante lá de casa, dou graças aos santinhos. Temos dinheiro à conta (mesmo à conta) e não há dramas porque todos sabemos que se gasta apenas o que se tem, e se se tem um bocadinho mais se divide, e que se compram os "extras" apenas em alturas especiais. Fui educada assim, educo assim, espero que as minhas filhas façam o mesmo. E se formos muitos, mas mesmo muitos a educar assim, há a hipótese de um dia este país ficar um bocadinho melhor :)
Apesar de não sentirmos por aí além a crise lá em casa, eu digo imensas vezes que não ao meu filho mais velho - 3 anos. Aliás, ele hoje em dia já não diz - quero isto ou aquilo. Pergunta se podemos comprar isto ou aquilo. Nunca me fez uma cena num local público por querer alguma coisa. Pergunta se podemos comprar, quase invariavelmente respondo que não, por uma questão de princípio, para não o habituar a que basta pedir e algo aparece.
ResponderEliminarMas hoje em dia comecei a incutir-lhe algumas noções do que custam as coisas, precisamente por de vez em quando, quando alguma coisa se estraga a resposta é -não faz mal, compra-se outro. Tento impedi-lo que gastar rios de água ou de pasta para lavar os dentes. Ainda no outro dia bebeu um frasco inteiro de soro fisiológico e disse-lhe que tínhamos de ir buscar moedas ao mealheiro dele para comprar outro, para ver se ele percebia que ter coisas custa. Tem de ser pequenas coisas - tem 3 anos.
Mas espero sinceramente que perceba que, independentemente daquilo que podemos ter, devemos usar/ter apenas aquilo de que precisamos, com um ou outro mimo extra.
A frugalidade, mesmo na alimentação existe lá em casa - não há sumos, refrigerantes, snacks e afins. Quase só em dias de festa é que há certas coisas.
E nem por isso noto que seja mais apegado às coisas - pelo contrário. Sempre partilhou as suas coisas com os outros, porque também gosta quando partilham com ele.
João,concordo consigo em todos os post que escreveu.
ResponderEliminarTambém eu venho de uma família classe media,nunca me faltou nada mas não tinha excesso, também eu tenho um filho com 10 a quem se eu poder dou, mas também lhe expliquei que nem todos os meninos podem ter o que ele tem, alias ele sabe disso pois é um escuteiro e como escuteiro a secção dele tem feito recolha de brinquedos no Natal e ele foi a um bairro de lata( sim ainda alguns na nossa cidade de Lisboa) fazer a distribuição desses mesmo brinquedo tinha 7 anos quando isso aconteceu, veio impressionado, mas fez-lhe bem, hoje com 10 anos é o primeiro a fazer a suas doações de brinquedos, sabe que só se dá o que esta em condições pois se não serve para ele brincar também não serve para os outros meninos, Posso dizer que tenho muito orgulho no meu piqueno. Mas isso deve-se também a nossa educação, por isso João os seus filhos vão ter no mínimo as mesmas atitudes que o João tem e a Teresa, pois as crianças seguem os exemplos que tem em casa.
Podem acusar-me de ser burguesa, mas sou apenas um mãe que gosta de dar ao filho um pouco mais do que teve e isso não é crime. Além do mais o meu filho sabe que se eu não tiver não há, mas se eu poder e ele merecer posso afirmar que tem prendinha garantida.
Continue com o seu blog que é uma lufada de ar fresco, opiniões são só isso opiniões que podem ou não ser úteis, o importante mesmo é a nossa família.
kikas