domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Hades de "hás-de"

Eis os dois primeiros parágrafos do meu texto de hoje na revista doCM:


Como os leitores desta página já devem saber por esta altura, além de vir para aqui aos domingos queixar-me da família, eu também me queixo dos políticos e do estado do país num programa chamado ‘Governo Sombra’, que nasceu na TSF e entretanto passou a ser transmitido pela TVI24. Eu divirto-me imenso a fazê-lo, mas tenho um problema: ao contrário do professor Marcelo, sou pior a falar do que a escrever, e na rádio e na televisão não há releituras, nem tempo para meditar, nem correctores ortográficos. Daí que um par de ouvintes tenha protestado há umas semanas por eu ter dito no programa “há-des” em vez de “hás-de”, a meio de um debate mais acalorado.

O que é curioso nesta história não é o facto de eu ter errado, porque erros acontecerão sempre, tanto lá como aqui. O curioso é aquilo que esse erro em particular revela – e a dificuldade que tenho em evitá-lo. É que o “há-des/ hás-de” arrasta consigo velhas memórias: na minha cagança de adolescente, lembro-me perfeitamente de andar a corrigir as pessoas à minha volta dizendo que “Hades (o deus grego da morte) era o inferno de Dante” – isto sem nunca ter lido ‘A Divina Comédia’. Felizmente, a vida arranja sempre formas de se vingar dos orgulhosos, e agora chegou a minha vez.

O resto do texto pode ser lido aqui. A ilustração é do José Carlos Fernandes.


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