Como os leitores desta página já devem saber por esta altura,
além de vir para aqui aos domingos queixar-me da família, eu também me queixo
dos políticos e do estado do país num programa chamado ‘Governo Sombra’, que
nasceu na TSF e entretanto passou a ser transmitido pela TVI24. Eu divirto-me
imenso a fazê-lo, mas tenho um problema: ao contrário do professor Marcelo, sou
pior a falar do que a escrever, e na rádio e na televisão não há releituras,
nem tempo para meditar, nem correctores ortográficos. Daí que um par de
ouvintes tenha protestado há umas semanas por eu ter dito no programa “há-des”
em vez de “hás-de”, a meio de um debate mais acalorado.
O que é curioso nesta história não é o facto de eu ter
errado, porque erros acontecerão sempre, tanto lá como aqui. O curioso é aquilo
que esse erro em particular revela – e a dificuldade que tenho em evitá-lo. É
que o “há-des/ hás-de” arrasta consigo velhas memórias: na minha cagança de
adolescente, lembro-me perfeitamente de andar a corrigir as pessoas à minha
volta dizendo que “Hades (o deus grego da morte) era o inferno de Dante” – isto
sem nunca ter lido ‘A Divina Comédia’. Felizmente, a vida arranja sempre formas
de se vingar dos orgulhosos, e agora chegou a minha vez.
O resto do texto pode ser lido aqui. A ilustração é do José Carlos Fernandes.
O professor Marcelo diz "quaise" e, pelos vistos, ninguém o corrige.
ResponderEliminarRomântico à Forca