quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Em defesa da honra (e das calças ao contrário)

Em relação a este post, venho defender a minha honra, embora já um bocado atrasado, o que é sempre mau para a defesa da honra. É que estive ocupado a espancar crianças e não tive tempo (mais uma piada infeliz). Bom, a verdade é esta: um gajo ganha a injustíssima fama de ser um bocado distraído, e a partir daí leva com o carimbo de pai-maluco no meio da testa, carimbo esse que irá ostentar até ao fim dos seus dias, mesmo que de repente se transforme num relógio-suíço de competência na gestão da logística familiar.

Não fui eu que vesti aquelas calças ao Gui, ok? O que eu fiz foi - num acto de grande desejo emancipatório, tomado pela vontade de promover a independência da criança, imbuído de um espírito ambicioso com o intuito de o ajudar a enfrentar a vida com melhores armas - dizer simplesmente ao Gui: "Vai-te vestir, pá!" E ele lá foi vestir as suas próprias calças.

Que o Gui, com quase cinco anos, pense que faz chichi pelo rabo, é lá com ele. Só é comigo na medida em que deveria ter produzido filhos mais espertos. Provavelmente, estaria desconcentrado na altura em que o estava a produzir, que é uma coisa que costuma acontecer nessas situações.

Ou melhor, sejamos justos: o Gui de parvo não tem nada. O que ele tem é uma técnica incrível de fazer chichi: de cada vez que chega a altura de se aliviar, as calças vão todas para baixo, quer faça chuva quer faça sol, quer esteja no campo ou na cidade, quer seja em frente à sanita da sua casa de banho ou da casa de banho de um restaurante. Para ele é-lhe absolutamente indiferente a geografia: calças para baixo e lá vai disto. Nesse sentido, para quem pratica tal actividade radical, a localização da braguilha é completamente indiferente.

O importante é fixarem isto e repetirem 30 vezes: "não foi o pai dele, não foi o pai dele, não foi o pai dele". Devia ter olhado para ele depois de se ter vestido? Devia, com certeza. Mas provavelmente havia um congestionamento de filhos no corredor e eu não consegui chegar ao carro da frente. Acontece, senhores. Aliás, a minha excelentíssima esposa fica tão feliz com estas oportunidade para gozar comigo, que vale sempre a pena. Reparem como alegrámos o dia a tanta gente.

Mas NÃO FUI EU, ok? (Repitam só mais uma vez.)


12 comentários:

  1. "Não foi o João"!
    "Não foi o João"!
    "Não foi o João"!
    "Não foi o João"!

    P.S. - O meu Tomás sofre daquilo que o Gui sofre! E já fez os 6! Quando virá a cura??? ;) Calças para baixo e aqui vai disto!
    Adoro o seu blogue!

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  2. Cá em casa é ao contrário. O piolho de 3 anos quer fazer xixi como o pai e utilizar a braguilha para fazer xixi. Mas como as suas cuecas do Mickey não têm abertura à frente é sempre uma grande cowboyada!! E eu sei que é o pai que o veste quando ele aparece com uma roupa de cada nação, em que nada bate com nada, e o pai diz que foi o filho que escolheu a roupa!!! Bjs e parabéns pelo blog!!

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  3. Tenho a impressão que a esposa não vai gostar da frase "Provavelmente, estaria desconcentrado na altura em que o estava a produzir, que é uma coisa que costuma acontecer nessas situações" :)
    Parabéns pelo blog, faz-me rir todos os dias!

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  4. Escreve muito, muito bem! parabéns.

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  5. Só para ficar descansado: A CULPA É SEMPRE DO PAI. Se fez, não devia ter feito; se não fez, devia ter feito; se deixou que fizesse é sempre a mesma coisa.

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  6. ahahahahah muito bom! Da fama já não se livra e alegrou o dia sim.
    Palmas para o Gui pelo sentido prático!
    É mesmo importante promovermos a independência das crianças e para aprender é necessário tentar 1º e errar. Antes com as calças ao contrário agora do que com 20 anos! (não vá surgir nova moda...)

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  7. ok ok... De qualquer modo, só o facto de não teres dado por ela, já é mau o suficiente ;)

    E gostei da piada do "estar a espancar crianças". Tenho acompanhado, de longe, a polémica. Prefiro assim, porque ainda não sei se ria ou chore, face ao facto de haver pessoas que falam como se tivesses defendido que se deve "arrear" nas crianças até as deixar negras, quando sempre falaste numa palmada, que se entende ser daquelas para sacudir o pó e que funciona mais como ato psicológico que físico. Enfim... (ups... assim deixo de me manter longe disto... agora já está!)

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  8. Como o compreendo. As vezes que disse ao meu filho que não baixasse as calças todas para não ficar com o rabiosque ao frio... mas era o mesmo, calças pelos tornozelos e cá vai disto. Agora com 7 anos já deixou de o fazer. Espero que aconteça o mesmo com o Gui.

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  9. Em tua defesa, digo que acontece tambem ás mães e mesmo com o filho mais velho a caminho dos 10 anos... tambem temos de dar azo a um estilo inovador!

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  10. O que eu me farto de rir!!! Obrigada pelas partilhas! Descobri há pouco este blog e acho-vos geniais!!! :)

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