sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Rabinhar

Os meus filhos nunca foram muito de gatinhar, e um deles até passou directamente do sentar para o andar. Mas a Rita é a primeira a desenvolver uma técnica original, a que podemos chamar de "rabinhar". Rabinhar não é andar nem é gatinhar - é movimentar-se arrastando o rabo pelo chão, numa sofisticada articulação de pernas e braços, que até poderia ser motivo de orgulho para um pai não fosse a opção ser - como dizer? - um bocado parva. Afinal, a Rita move-se muito mais devagar e gastando muito mais energia do que se simplesmente gatinhasse (até porque já percorre longas distâncias rabinhando), e não se percebe bem porque continua a varrer o chão com a fralda.

Já lhe perguntei isso mesmo - "Rita, por que não gatinhas?" -, pois é mais do que altura para gatinhar (no próximo dia 30 ela vai fazer um ano). A Rita respondeu: "Bágágádádábá", alojando-me três perdigotos no olho direito. "Bágágádádábá" significa, numa tradução optimista, que a Rita entende que andar de quatro é um bocado animalesco, preferindo arrastar o rabo pelas várias assoalhadas a ter de andar com ele empinado à vista de todos. É certo que não é uma opção muito prática, e que às vezes - visão particularmente desconfortável - parece que anda de cadeira de rodas (sem a cadeira). Mas enfim: podemos sempre admitir que é um esforço extra, em nome do estilo e da classe.

Para quem não está a ver bem a ideia, a técnica que ela usa parece-se mais ou menos com isto (mas com a perna esquerda mais esticada):


Só que a um pai cinéfilo é inevitável que faça lembrar isto:

"Freaks" (1932), de Tod Browning, o mais bizarro filme de todos os tempos

10 comentários:

  1. Olá.

    Estou mais descansado, pois a minha filha (com 8 meses) também gatinha da mesma forma.

    Agora acredito que seja uma evolução no gatinhar :-)

    Cumprimentos.


    ResponderEliminar
  2. Devo dizer que o meu filho mais velho praticamente não gatinhou e o mais novo "rabinhou" também durante algum tempo, com muita destreza e velocidade! A mim parece-me muito mais confortável... isso do gatinhar é coisa para fazer doer os joelhos, enquanto que ao rabinhar o rabinho está ali todo protegido por uma fralda fofinha ;-)

    ResponderEliminar
  3. A minha filha mais velha também usou essa técnica de locomoção e a consequência mais direta foi nas calças, que encardiram muito mais na perna que ficava junto ao chão (já não me lembro qual era)...
    Mas rabinhar mesmo, quem o fez foi uma das minhas sobrinhas, que avançava sentada, aos pulinhos de rabo, como se a fralda tivesse um mini-trampolim...

    ResponderEliminar
  4. Eu nunca gatinhei e a minha filha mais nova também não. Ambas adoptámos essa técnica a que deu o maravilhoso nome de rabinhar. Adorei!
    Margarida G.

    ResponderEliminar
  5. Cá por casa o Miguel "rabinhou" durante muito tempo e para além dos 12 meses e nunca se deixou render pelo clássico gatinhar. Quanto à velocidade atingida por uma técnica ou outra não se deixem enganar. Ela vai ganhar o jeito à coisa e vai parecer um foguete em pouco tempo.

    ResponderEliminar
  6. Parece menos doloroso que gatinhar ainda que mais lento!!

    ResponderEliminar
  7. A minha filha tb se desloca assim e não me parece que seja nada mais lento do que gatinhar... dada a velocidade com que ela se apresenta em locais diferentes! lol

    ResponderEliminar
  8. Olá.
    O meu mais novo também não adoptou a técnica clássica do gatinhar, mas também não "rabinhou " ele adoptou simplesmente a técnica comando, ou seja ele avançava tipo o rastejar á tropa, fazendo força nos braços e o corpo todo deitado no chão ( perdoem-me mas não sei o nome certo, a minha mãe não me deixou ir á tropa :) )e mal fez 1 ano ( semana seguinte ) começou logo a andar. Cada criança adopta a sua técnica, e ficam muito engraçados :)

    ResponderEliminar
  9. Ou seja, afinal não houve descoberta nenhuma nem nenhuma originalidade.

    ResponderEliminar
  10. A minha sobrinha rabinhava e a mim fazia lembrar um caranguejo. A minha filha passou do sentar a andar, nunca gatinhou. Já o do meio, arrastava-se com as pernas estendidas e só movia os braços apoiando-se nos cotovelos, qual tropa especial a arrastar-se pelo chão. O terceiro gatinhou.
    Uma bela salada de frutas, em que cada um teve o seu sabor!
    vidademulheraos40.blogspot.com.

    ResponderEliminar